A palavra inferno não tem um significado estrito

I- HADES E SHEOL - SEPULTURA

1 - Definição de Hades: Segundo a mitologia, Hades era o deus das regiões dos mortos. Hades é uma transliteração comum para o português da palavra grega correspondente “hades”. A palavra é inúmeras vezes traduzida por inferno, mas o sentido próprio não significa isso, e sim: “o mundo subterrâneo como lugar dos mortos” ou ainda “o lugar não visto”.

2 - Como é empregada esta palavra na Bíblia: A palavra “Hades”, ao todo, ocorre dez vezes nos mais antigos manuscritos das Escrituras Gregas Cristãs (Mt. 11:23; 16:18; Lc. 10:15; At. 2:27,31; Ap. 1:18; 20:13,14). Na versão Almeida (revista e corrigida), a palavra inferno é traduzida 28 vezes de “Sheol” e 7 vezes de “Hades”. Porém, nesta versão “Sheol” também é traduzido 27 vezes por “sepultura”, 5 vezes “sepulcro”, 1 vez “terra”, 1 vez “enterrados”, 1 vez “mundo invisível”, e 2 vezes é transliterado “seol”.

3 - O uso correto da palavra Hades: É um grande erro ter o inferno como lugar de tormento, pois seu sentido único, nesse caso, é “sepultura”, ou seja, o lugar onde os mortos são colocados após a morte. Inferno também quer dizer “lugar de silêncio, parte inferior, lugar dos mortos”. Observe o que diz a Bíblia em Jonas 2:1,2: “E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe, e disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, e Ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.” Observe que, aqui, inferno não dá idéia de suplício, nem de fogo, nem de punição, tormento ou agonia, mas simplesmente de um lugar inferior; as profundezas do Mar Mediterrâneo.


II- GEENA – LUGAR DE JUÍZO

1 - Definição de Geena: É a forma grega do hebraico Geh Hinnóm, significando “Vale de Hinom”. Este nome aparece 12 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs, e embora muitos tradutores tomem a liberdade de traduzir a palavra por “inferno”, diversas traduções modernas transliteram a palavra grega “geena” (Mt. 5:22,29,30; 10:28; 18:8,9; Mc. 9:43-48; Lc. 12:5). O estreito e fundo vale pertencia aos filhos de Hinom, por isso foi mais tarde conhecido por esse nome. Era um vale ao sul e ao sudoeste de Jerusalém. Nos dias dos reis judeus Acaz e Manassés, o Vale de Hinom serviu como local para ritos religiosos idólatras, inclusive era usado para sacrificar crianças vivas em honra ao deus Moloque (II Cr. 28:1,3; 33:1,6; Jr. 7:31-34; 19:6,7; 32:35). Mais tarde o Rei Josias acabou com a adoração idólatra realizada ali e tornou o vale impróprio para o uso na adoração (II Re. 23:10).

2 - A Geena nos dias de Jesus O Vale de Hinom era usado no tempo de Jesus como depósito de lixo, detritos, cadáveres de malfeitores, corpos de animais e toda sorte de imundícies existentes na cidade. Era um depósito de lixo. Ali era acendido um “fogo que nunca se apagava”, isto é, estava constantemente aceso, haja visto o povo abastecê-lo com seu lixo. Em Mateus 5:30, a versão de J.B. Phillips, verte “Geena” como “montão de lixo”. Os condenados à pena Marcial eram esquartejados e jogados na Geena para serem queimados; assim também os condenados por Jesus, no dia do grande juízo, serão levados ao lago de fogo para serem consumidos.

3 - O uso correto do termo Geena Os escribas e fariseus, como classe iníqua, foram denunciados como “filhos para o inferno (Geena)”, (Mt. 23:13-15,33). Jesus, ao fazer uso da palavra, usa-a sempre como símbolo de juízo final, associando o fogo com a Geena. Tiago, irmão de Jesus, também fez uso dessa palavra de uma forma figurada em sua carta (Tg. 3:6). O comentador judeu David Kimhi (1160-1235? d.C.), no seu comentário sobre o Salmo 9:17, dá a seguinte informação histórica a respeito de “Gehinnom”: “E é um lugar no terreno adjacente a Jerusalém, e é um lugar repugnante, e eles lançam ali coisas impuras e cadáveres. Havia ali também um fogo contínuo para queimar as coisas impuras e os ossos dos cadáveres. Por isso, o julgamento dos iníquos é simbolicamente chamado de Gehinnom.”
--4 - Como Jesus usava o termo Geena (Mc. 9:43-47): Jesus, segundo o evangelho de Marcos, faz alusão a Isaías 66:24 ao descrever a “Geena” como lugar “onde o seu bicho não morre e o fogo não se apaga”. O profeta Isaías falando sobre a vida futura dos salvos na nova terra relata: “E sairão, e verão os corpos mortos dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu bicho nunca morrerá, nem seu fogo se apagará; e serão um horror para toda a carne”. Que este quadro figurativo não é de tortura, mas, antes, de destruição completa, é evidente no fato de que o texto de Isaías não trata de pessoas vivas, mas de cadáveres de homens que transgrediram contra Deus. Conforme a evidência disponível indica, se o Vale de Hinom, era um lugar de eliminação de lixo e de cadáveres, então o fogo, talvez aumentado em intensidade pelo acréscimo de enxofre (Is. 30:33), seria o único meio adequado para eliminar tal refugo. Onde o fogo não alcançava, proliferariam os vermes, consumindo tudo o que não fora destruído pelo fogo. Nesta base, as palavras de Jesus significariam que o efeito destrutivo do julgamento adverso de Deus não cessaria até se ter alcançado a destruição total. Nesse caso o uso bíblico de Geena corresponde ao “lago de fogo” no livro de Apocalipse 20:14,15. Dessa forma podemos dizer que “Geena” é o único termo significando inferno existente na Bíblia, mas nunca no sentido de tormento eterno, todavia no de aniquilamento eterno. Dizer que é o lugar de castigo sempiterno é ir contra a Bíblia, ao que ela afirma.

III- TÁRTARO – LUGAR DE PRISÃO

--1 - Definição de Tártaro: Conta-nos a mitologia grega, que “os Titãs rebelaram-se contra Zeus, e a sua guerra - a Titanomaquia - foi terrível; mas Zeus venceu-os e precipitou-os no Tártaro.” Tártaros, no contexto do Novo Testamento, passou a ser o termo clássico para indicar a esfera intermediária onde os anjos caídos aguardam o julgamento final.

2 - O uso bíblico do termo (II Pd. 2:4): Já no tempo do apóstolo Pedro, sabia-se que a palavra “tártaro” designava prisão. Assim, quando Pedro fez uso dessa palavra (veja Judas v.6), que é a única vez em que esse termo é empregado na Bíblia, o sentido da mesma quer abranger a própria terra, no sentido de prisão onde as hostes das trevas estão a aguardar o juízo. Apocalipse 12:7-12 retrata o arcanjo Miguel e seus anjos lutando contra Satanás (o dragão) e seus anjos, e precipitando-os na terra. Esta passagem de Pedro reflete a opinião comum da época neotestamentária de que havia anjos que haviam caído do seu lugar, outrora exaltado, do serviço de Deus. Aqui é declarado que Deus lançou-os no inferno. Assim a palavra traduzida como “inferno” aqui não é a Geena dos evangelhos, mas sim a palavra grega, “tártaro”, que, na mitologia grega, era o lugar de prisão.

IV. EXPLICANDO O QUE É TORMENTO ETERNO

Temos alguns textos bíblicos que nos dizem claramente que o fogo eterno do inferno resultará em total aniquilação. Vejamos apenas alguns exemplos.
--1 - A destruição de Sodoma e Gomorra (II Pd. 2:6): Parece que o destino de Sodoma e Gomorra é um exemplo do destino dos maus no fim dos tempos. Estão essas cidades ainda em chamas? Estão os ímpios cidadãos de Sodoma e Gomorra sendo atormentados ainda? Claro que não, seria ridículo pensar isto. Leia o verso 7 de Judas; aqui o escritor nos fala que Sodoma e Gomorra: “... são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição.” Qual foi o resultado disso? Aniquilação total dos habitantes. Eles pereceram. Isto é o que devemos concluir sobre o inferno, se entendemos a Bíblia literalmente.

2 - O lago de fogo e o tormento eterno (Ap. 19:20; 20:10): Aqui está aparentemente a maior prova a favor do tormento eterno. Duas passagens em Apocalipse falam sobre o lago de fogo. João descreve aqueles que adoram a besta sendo consumidos pelo fogo e enxofre, e diz: “a fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos” (Ap. 14:11). Apocalipse 19 fala da besta e do falso profeta e do diabo sendo atormentados para todo o sempre no lago de fogo. Esses textos certamente parecem descrever um inferno de sofrimento eterno. Há uma coisa, porém, que deveríamos manter em mente. O livro de Apocalipse está cheio de linguagem simbólica. Não é uma narrativa literal. É literatura apocalíptica, um tipo de escrito profético que mostra eventos através de imagens, vívidas, mas simbólicas. O Apocalipse nos apresenta um cordeiro que abre um livro, fala de escorpiões movendo-se num abismo sem fundo, um dragão fazendo guerra com uma mulher grávida, e bestas horrendas saindo do mar. Nenhum teólogo estuda estas imagens literalmente. O dragão e a besta que são atirados no lago de fogo são figuras simbólicas. A fumaça do tormento subindo pelos séculos dos séculos também é simbólica. É uma forma poética de falar sobre uma terrível conclusão, a natureza irrevogável do julgamento final. Afinal de contas, o profeta Isaías usou a mesma linguagem para falar do julgamento de Deus contra a ímpia Edom. Ele usou a expressão “para sempre” (Is. 34:9,10). A terra (isto é, Edom) se tornaria “em piche ardente”, ele disse, e não se apagaria de dia nem de noite; sua fumaça subiria para sempre. Hoje, porém, a terra de Edom não está em chamas. O fogo se apagou muito tempo atrás. O que Deus queria dizer, então? Ele estava usando linguagem poética para enfatizar a meticulosidade da destruição total. Ele estava falando de um julgamento que seria final. Isto é o que o lago de fogo bíblico quer dizer. Destruição completa e total. Apocalipse 21:8, nos diz claramente que o lago que queima com fogo e enxofre é a “segunda morte”. Os ímpios serão totalmente consumidos, morrerão, perecerão, serão aniquilados.
Se a Bíblia diz claramente, nos ensinos de Jesus, ou nas cartas de Paulo, que os ímpios perecem, são destruídos, são aniquilados, experimentam a morte, então devemos usar estas passagens para entender as vívidas imagens do Apocalipse, e, não o contrário.

Conclusão:
No caso de Jó ele fala da sepultura e não do castigo do inferno de fogo.

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