Lição 13 - A Morte de Eliseu.

A morte de Eliseu (1)

Lição 13 - A morte de Eliseu I Plano de aula

1º SLIDE  INTRODUÇÃO

- Concluindo o estudo deste trimestre, estudaremos hoje os episódios finais do ministério do profeta Eliseu.

- A morte de Eliseu e suas circunstâncias mostram claramente que o ofício profético continuaria em Israel até que houvesse a completa restauração, o que se deu apenas com Cristo Jesus.f

2º SLIDE

I – ELISEU E O REI JEOÁS

- Depois da unção de Jeú, feita por meio de um filho de profeta, o profeta Eliseu sai de cena no texto bíblico.

- Eliseu, certamente ciente desta falha de Jeú e da palavra profética que dava à casa de Jeú apenas cinco reinados, prosseguiu na continuidade do ministério do profeta Elias, junto às escolas de profetas, preparando homens que dessem seguimento ao trabalho de ensino da Palavra de Deus e de manutenção de um remanescente fiel no meio do povo israelita.

3º SLIDE

- A partir de Elias:

a) o papel do profeta sofre uma modificação no reino de Israel. Os profetas passam a ser confrontadores tanto da autoridade real quanto da classe sacerdotal, conclamando o povo à conversão e anunciando a iminência do juízo divino sobre o povo caso não se convertessem (II Rs.17:13,14).

b) o ofício profético começa a trazer uma revelação progressiva de Deus, uma aprofundamento da promessa dada a Moisés a respeito do surgimento de um outro profeta que traria a restauração espiritual e definitiva de Israel, restauração esta que seria autenticada com prodígios e sinais.

4º SLIDE

- Não há registro de qualquer atividade do profeta Eliseu por longos trinta e cinco anos, o período que durou os reinados de Jeú (28 anos – II Rs.10:36) e de seu filho Jeoacaz (17 anos – II Rs.13:1).

- Neste período, cumpre-se a profecia DE Eliseu quando da unção de Hazael (II Rs.8:11,12) de que este rei da Síria causaria muitos males a Israel, assim como seu filho Bene-Hadade, que o sucedeu (II Rs.10:32,33; 13:3,4,22).

5º SLIDE

- Durante o reinado de Jeoás, filho de Jeoacaz e neto de Jeú, reinado que durou 16 anos (II Rs.13:10), rei que também manteve a prática dos pecados de Jeroboão (II Rs.13:11), Eliseu reaparece no cenário bíblico.

- Jeoás, ante novas investidas da Síria contra Israel, vai até onde estava o profeta, que se encontrava doente, a fim de pedir auxílio ao homem de Deus (II Rs.13:14).

6º SLIDE

- Lições deste episódio da vida de Eliseu:

a) um servo de Deus pode ficar doente e esta doença causar-lhe morte sem que isto signifique pecado ou desobediência;

b) a prática do pecado faz com que as pessoas “deixem de lado” os homens de Deus, somente deles se lembrando na hora da dificuldade.

c) mesmo aparentemente “esquecido”, o servo do Senhor sempre é honrado e considerado pelos que estão à sua volta.

7º SLIDE

- Diante do pedido do rei, Eliseu mandou que Jeoás tomasse um arco e flechas. Assim que o rei tomou o arco e flechas, Eliseu mandou que pusesse a sua mão sobre o arco e, em seguida, o profeta pôs as suas mãos sobre as mãos do rei (II Rs.13:16).

- Ao pôr as suas mãos sobre as mãos do rei Jeoás, Eliseu confirma que só os profetas, naquele momento, em Israel, tinham comunhão com o Senhor. Eliseu tinha plena consciência de que o ofício profético prosseguiria até a restauração espiritual de Israel.

8º SLIDE

- Eliseu, após pôr as suas mãos sobre as do rei, mandou que o rei abrisse a janela do quarto onde o profeta se encontrava acamado, janela que dava para o oriente, ou seja, para a direção da Síria, mandando que Jeoás atirasse flechas, pois aquela flecha significaria o livramento do Senhor, o livramento contra os sírios (II Rs.13:17).

- O rei, então, tomou as flechas, conforme a ordem do profeta, mas feriu a terra penas três vezes, o que gerou a indignação do profeta, pois em vez da destruição dos sírios, o rei teria apenas três vitórias contra a Síria (II Rs.13:19).

9º SLIDE

- Neste episódio, no ocaso da sua vida, o profeta Eliseu bem compreendia o estado espiritual em que se encontrava o povo de Israel.

- Israel estava longe de se restaurar espiritualmente, sofreria as consequências de sua desobediência. Ainda estava para surgir o profeta que concluiria o trabalho iniciado por Elias.

10º SLIDE  II – A MORTE DE ELISEU

- Eliseu estava doente quando o rei Jeoás foi visitá-lo e pedir-lhe ajuda e, diz-nos o texto sagrado, morreu da doença de que estava acometido (II Rs.13:14,20).

- Por que Eliseu, tendo “porção dobrada do espírito de Elias”, veio a morrer, enquanto que Elias não experimentou a morte? Não haveria aí uma contradição? Não teria Eliseu que ser também arrebatado, para mostrar que era o sucessor de Elias, já que lhe havia seguido todos os passos durante o seu ministério?

11º SLIDE

- Elias (“Jeová é o meu Deus”) não morreu exatamente para mostrar a Israel:

a) que o Senhor era o dono da vida, que poupava seu servo da morte ao mesmo tempo que determinava a morte da casa de Acabe;

b) a continuidade do ofício profético, por intermédio de Eliseu, tanto que, a partir de então, os israelitas passaram a esperar “a vinda de Elias”.

12º SLIDE

- Eliseu (“Deus é salvação”), por sua vez, morreu, para mostrar a Israel:

a) que o Deus Salvador teria de morrer para restaurar espiritualmente a nação;

b) que o Deus Salvador levaria sobre Si as enfermidades do povo.

13º SLIDE

- A morte de Eliseu não é contradição divina, mas uma revelação a mais que o Senhor dá ao Seu povo a respeito do Seu plano de redenção.

- Como se não bastasse isso, Elias e Eliseu, como figuras daqueles homens e mulheres de Deus que atuam em momentos de apostasia espiritual, mostram que a Igreja, que combateu a apostasia, é formada daquele que dormiram no Senhor, como Eliseu, e daqueles que, vivos, serão transformados, como Elias (I Ts.4:13-17).

14º SLIDE  III – O MILAGRE PÓSTUMO DE ELISEU

- A morte representa o fim de todas as coisas. Eliseu e os filhos dos profetas tinham plena noção de que o ofício profético teria continuidade mesmo com a morte do profeta.

- O povo, porém, poderia ficar confuso, não entendendo que a morte de Eliseu significava a continuidade do ofício profético.

15º SLIDE

- Como Deus não é Deus de confusão (I Co.14:33), o Senhor, sabendo da natureza do povo de Israel em atender por sinais (cfr. Lc.11:16,29; I Co.1:22), fez com que Eliseu fizesse um milagre mesmo depois de morto.

- Tendo Eliseu morrido e sido sepultado, foi atirado em seu túmulo um homem, que, ao tocar os ossos do profeta, ressuscitou (II Rs.13:21), o que foi notório a todo o povo.

16º SLIDE

- O milagre póstumo de Eliseu serviu para o Senhor mostrar a Israel que:

a) o ministério de Eliseu prosseguia mesmo após a sua morte, o ofício profético ainda estava vivo, apesar da morte daquele homem de Deus;

b) Eliseu recebera “porção dobrada do espírito de Elias”, pois praticara o dobro de milagres de Elias

c) os nossos ministérios são maiores do que as nossas pessoas.

d) o povo deveria aguardar a realização de sinais como elemento comprovador da presença do Messias, Aquele que traria a efetiva restauração espiritual do povo.

17º SLIDE

- Desde este milagre póstumo de Eliseu, não teremos mais notícia de sinais ou maravilhas realizados por profetas.

- Somente com Jesus Cristo os sinais e prodígios reapareceriam no meio do povo de Israel. Até mesmo João Batista, o precursor do Messias, não realizou sinal algum, apesar do grande poder com que foi usado pelo Espírito Santo para levar o povo ao arrependimento (Jo.10:41,42).

18º SLIDE

- A presença de sinais e maravilhas no ministério do Senhor Cristo, portanto, foi a autenticação de que Jesus era o Cristo, o Messias prometido, mas, mesmo assim, o povo de Israel não O recebeu (Jo.1:12), abrindo-se, pois, a oportunidade para os gentios.

- Nós, como discípulos de Cristo, como membros do Seu corpo, temos de prosseguir com a realização de sinais e maravilhas, pois isto é uma demonstração a todos de que Jesus é o Cristo, o Messias, Aquele que havia de trazer a restauração espiritual não só de Israel, mas de todas as nações.

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO

Lição 13 - A morte de Eliseu I

A morte de Eliseu mostra-nos a continuidade do ofício profético que somente se encerraria com Cristo Jesus.

INTRODUÇÃO

- Concluindo o estudo deste trimestre, estudaremos hoje os episódios finais do ministério do profeta Eliseu.

- A morte de Eliseu e suas circunstâncias mostram claramente que o ofício profético continuaria em Israel até que houvesse a completa restauração, o que se deu apenas com Cristo Jesus.

I – ELISEU E O REI JEOÁS

- Estamos terminando o primeiro trimestre letivo da Escola Bíblica Dominical deste ano de 2013, quando estudamos Elias e Eliseu, a fim de, através da biografia e ministério destes dois grandes homens de Deus, termos um norte, uma orientação como devemos nos conduzir nestes dias de apostasia espiritual que caracterizam o último período antes do arrebatamento da Igreja.

- Na lição de hoje, estudaremos os últimos episódios da vida e do ministério do profeta Eliseu, mais precisamente a sua última profecia, relativa à guerra de Israel contra a Síria nos tempos do rei Jeoás, como também a sua morte e seu último milagre, que foi realizado depois de sua morte.

- As circunstâncias da morte de Eliseu e seu milagre póstumo são sinais que o Senhor deixa para Israel no sentido de que o ofício profético, o ministério de restauração espiritual de Israel teria continuidade mesmo depois destes dois gigantes espirituais, pois a efetiva e permanente restauração somente se daria quando viesse aquele profeta que já fora anunciado por Moisés que, com sinais e maravilhas, traria a salvação, a saber, Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Dt.18:18,19).

- Depois da unção de Jeú, feita por meio de um filho de profeta, o profeta Eliseu sai de cena no texto bíblico. Jeú executa todo o juízo divino sobre a casa de Acabe, cumprindo as profecias de Elias a respeito, mas não promove a restauração espiritual completa de Israel, pois mantém o culto aos bezerros de ouro, seguindo, assim, os pecados de Jeroboão, que seria a causa da destruição do reino de Israel (II Rs.10:29; 17:22,23), o que foi seguido pelo seu filho Jeoacaz (II Rs.13:2).

- Diante desta situação, o Senhor deu um “prazo de validade” para o reino de Israel, dizendo que a casa de Jeú somente reinaria até a quarta geração. Com efeito, depois que reinou o tataraneto de Jeú, Zacarias, o reino de Israel sofrerá uma grande decadência, com uma sucessão de reis que não conseguirão formar dinastias, até ser totalmente destruído pelos assírios.

- Eliseu, certamente ciente desta falha de Jeú e da palavra profética que dava à casa de Jeú apenas cinco reinados, prosseguiu na continuidade do ministério do profeta Elias, junto às escolas de profetas, preparando homens que dessem seguimento ao trabalho de ensino da Palavra de Deus e de manutenção de um remanescente fiel no meio do povo israelita, trabalho que frutificou tendo em vista os profetas que o Senhor continuou a levantar ao longo da história de Israel, como, por exemplo, Amitai e seu filho Jonas (II Rs.14:25) e Oseias.

- Com efeito, a partir de Elias, o papel do profeta sofre uma modificação no reino de Israel. Os profetas passam a ser confrontadores tanto da autoridade real quanto da classe sacerdotal, conclamando o povo à conversão e anunciando a iminência do juízo divino sobre o povo caso não se convertessem (II Rs.17:13,14), numa demonstração de que a situação espiritual de Israel se deteriorava rapidamente.

- “…Apareceu uma linha de profecia inteiramente diferente, baseada num novo sistema de harmonia religiosa. (…). Agora se ouvia a voz do profeta socialmente motivado, inflamado por uma paixão pela Humanidade, pela justiça e pela verdade. Mesmo o cronista desconhecido do livro de Samuel I reconhece claramente a diferença qualitativa entre o vidente e o profeta. Diz ele (9:9: “…aquele que é chamado agora de profeta era antes denominado vidente”). O próprio Samuel era chamado de ‘vidente’. Entre os primeiros dos Profetas autênticos, embora não tenha deixado qualquer registro de seus ensinamentos, está Elias de Tishbi, o ‘Trovejador de Deus’(…). O que era verdade para Elias também o era, igualmente, para os Profetas canônicos posteriores (e mais importantes também) — Amós, Isaías, Micah, Oseias, Jeremias, Ezequiel e os demais. Eles também atentaram para a ‘voz tranquila e suave’, ‘ouviram’ Deus dirigir-lhes a Palavra. Seguiam essa voz aonde ela os chamasse, qualquer que fosse o sacrifício que isso exigisse deles. Não havia outra saída, uma vez que rejeitavam qualquer concessão que tocasse a verdade tal como eles a concebiam e os princípios por eles respeitados” (AUSUBEL, Nathan. Bíblia: os profetas. In: A JUDAICA, v.5, pp.90-1).

- A partir de Elias, o ofício profético começa a trazer uma revelação progressiva de Deus, uma aprofundamento da promessa dada a Moisés a respeito do surgimento de um outro profeta que traria a restauração espiritual e definitiva de Israel, restauração esta que somente se daria com o surgimento de um outro profeta que, a exemplo de Moisés, Elias e Eliseu, também faria prodígios e sinais, mas que completaria a obra restauradora que estes não puderam fazer.

- Eliseu mostra aqui ser um fiel seguidor dos passos de Elias. Poderia, também, ter querido confrontar com Jeú, dele exigir a retirada do culto aos bezerros de ouro e gerar uma comoção social neste sentido, até porque teria “autoridade” para isto, vez que era reconhecido como homem de Deus inclusive fora das fronteiras de Israel e tinha sido o responsável pela unção do próprio Jeú. No entanto, Eliseu agia somente segundo a orientação divina e, portanto, após o extermínio da casa de Acabe, foi prosseguir o trabalho de Elias, passando a se dedicar às escolas dos profetas, assim como Elias havia agido depois que estivera no monte Horebe e, seguindo a direção divina, havia ungido o próprio Eliseu.

- Assim é que não haverá registro de qualquer atividade do profeta Eliseu por longos trinta e cinco anos, o período que durou os reinados de Jeú (28 anos – II Rs.10:36) e de seu filho Jeoacaz (17 anos – II Rs.13:1). Neste período, porém, conforme profetizado pelo próprio Eliseu quando da unção de Hazael (II Rs.8:11,12), este rei da Síria causou muitos males a Israel, assim como seu filho Bene-Hadade, que o sucedeu (II Rs.10:32,33; 13:3,4,22).

- Durante o reinado de Jeoás, filho de Jeoacaz e neto de Jeú, reinado que durou 16 anos (II Rs.13:10), rei que também manteve a prática dos pecados de Jeroboão (II Rs.13:11), Eliseu reaparece no cenário bíblico.

- Jeoás, ante novas investidas da Síria contra Israel, vai até onde estava o profeta, que se encontrava doente, a fim de pedir auxílio ao homem de Deus (II Rs.13:14). Seu pai Jeoacaz tinha conseguido diminuir a opressão da Síria sobre Israel porque havia clamado ao Senhor (II Rs.13:4). Assim, diante de nova ofensiva dos sírios contra os israelitas, o rei resolveu ir ao encontro de Eliseu, como que “lembrando” daquele homem de Deus que havia sido deixado de lado na vida nacional.

- A primeira observação que fazemos é que o profeta Eliseu, nesta época, já idoso, encontrava-se doente e, diz o texto sagrado, doença que levou à sua morte (II Rs.13:14). Temos aqui, portanto, uma demonstração cabal de que é mentira pura o que ensinam os teólogos da confissão positiva, ou seja, que o servo de Deus não adoece, uma vez que “Jesus levou todas as nossas enfermidades na cruz do Calvário”.

- Eliseu, apesar de ter curado Naamã da lepra, de ter tirado a morte da panela na escola de profetas de Gilgal, estava doente e haveria de morrer doente. A doença, neste caso, à evidência, não era fruto de qualquer pecado, pois, se assim o fosse, não teria profetizado e dado orientações ao rei Jeoás, em palavra profética que teve cabal cumprimento.

- A doença de Eliseu traz-nos um ensino precioso, qual seja, a de que a doença é uma realidade que acompanha o ser humano, mesmo o servo de Deus, neste mundo que sofre as consequências do pecado. A doença pode vir ao corpo do servo do Senhor, é algo a que estamos sujeitos, mas a doença não tem o condão de nos separar da comunhão com Deus. Eliseu estava doente, morreu doente, mas não perdeu a sua qualidade de santo homem de Deus. Aleluia!

- Jeoás vai à presença de Eliseu e o reconhece como “pai”, ou seja, admite, assim como fizera Jorão no passado (II Rs.6:21), que Eliseu era o sucessor de Elias, o homem de Deus daquele tempo, o principal dentre os profetas do Senhor. Há, ainda, quem considere que Jeoás, além de pedir auxílio ao profeta, foi fazer-lhe uma visita, sabendo que estava enfermo, num gesto de consideração e respeito pelo profeta.

- Diante do pedido do rei, Eliseu mandou que Jeoás tomasse um arco e flechas. Assim que o rei tomou o arco e flechas, Eliseu mandou que pusesse a sua mão sobre o arco e, em seguida, o profeta pôs as suas mãos sobre as mãos do rei (II Rs.13:16).

- Vemos aqui que o profeta Eliseu, ao pôr as suas mãos sobre as mãos do rei Jeoás, dá como que uma bênção ao rei, como diz o comentarista da Bíblia de Jerusalém, “comunica a força divina” ao monarca. Nem poderia ser diferente: naquele instante da vida de Israel, o rei, embora ocupando o trono com autorização divina (já que o próprio Senhor dissera que a casa de Jeú reinaria até a quarta geração), estava distante dos caminhos do Senhor, tendo em vista que prosseguia nos pecados de Jeroboão.

- Este gesto de Eliseu mostrava que o profeta tinha plena consciência do ministério que estava a desenvolver e que a restauração espiritual de Israel ficara agora na mão dos profetas, ante o fracasso da realeza e a ilegitimidade da classe sacerdotal. Eliseu sabia que seu ministério haveria de prosseguir, que a restauração espiritual não viria com ele, mas teria de esperar aquele que fora anunciado por Moisés.

- Eliseu, então, após pôr as suas mãos sobre as do rei, mandou que o rei abrisse a janela do quarto onde o profeta se encontrava acamado, janela que dava para o oriente, ou seja, para a direção da Síria, mandando que Jeoás atirasse flechas, pois aquela flecha significaria o livramento do Senhor, o livramento contra os sírios, pois o Senhor concederia que Jeoás ferisse os sírios em Afeca, que era uma cidade montanhosa perto de Bete-Tapua (Js.15:53), até que os consumisse (II Rs.13:17).

- O rei, então, tomou as flechas, conforme a ordem do profeta, que mandou que ele ferisse a terra com aquelas flechas, atirando-as pela janela. Entretanto, Jeoás apenas atirou três flechas e não mais do que isto. O profeta, então, indignou-se contra o rei e disse que ele deveria ter atirado cinco ou seis flechas, pois assim os sírios seriam destruídos, mas como ele atirara apenas três flechas, somente três vezes os sírios seriam vencidos (II Rs.13:19).

- Neste episódio, no ocaso da sua vida, o profeta Eliseu bem compreendia o estado espiritual em que se encontrava o povo de Israel. Uma fé débil, incapaz de obter a restauração espiritual. O fato de Jeoás ter ferido a terra apenas três vezes bem demonstrava ao profeta, e aí o motivo da sua indignação, de que o povo não tinha capacidade para destruir os seus inimigos.

- O reino ainda duraria um pouco, os sírios seriam vencidos por três vezes, mas o inimigo não seria destruído. A fragilidade da fé de Israel ficava evidente, não teria ele condições de ter uma vida descansada, uma vida de comunhão com o Senhor, uma vida em que pudesse exercer o seu papel de reino sacerdotal e povo santo, de propriedade peculiar de Deus dentre os povos.

- Eliseu tinha plena ciência de que seu trabalho teria que ter continuidade, de que ainda não chegara o tempo da remissão de Israel, da entrada em comunhão com o Senhor, do cumprimento de todas as promessas divinas para com aquela nação. O profeta, ante aquele gesto de Jeoás, chegava à nítida compreensão de que Israel sucumbiria pela sua desobediência e perderia até a Terra Prometida, como estava previsto na lei (Dt.28:63-68) e que somente então se daria, no futuro, a restauração prometida pelo Senhor (Dt.30:1-10).

- Assim como Eliseu profetizou, aconteceu. Jeoás guerreou contra Bene-Hadade, filho de Hazael, rei da Síria, por três vezes, e recuperou as cidades de Israel que os sírios haviam tomado, embora não tenha conseguido destruir os sírios (II Rs.13:25).

II – A MORTE DE ELISEU

- Eliseu estava doente quando o rei Jeoás foi visitá-lo e pedir-lhe ajuda e, diz-nos o texto sagrado, morreu da doença de que estava acometido (II Rs.13:14,20).

- Como já dissemos, esta doença de Eliseu é uma prova eloquente de que os servos do Senhor não se encontram imunes à enfermidade, nem tampouco imunes à morte física. Tanto uma quanto a outra são decorrências da entrada do pecado no mundo e, portanto, não podemos jamais dizer que alguém que serve a Cristo Jesus jamais ficará doente durante a sua peregrinação terrena ou que a doença é sempre fruto de pecado e de desobediência.

- Eliseu, enquanto estava enfermo, demonstrou cabalmente que continuava em comunhão com Deus, tanto que não só abençoou o rei Jeoás mas proferiu sua última profecia, dizendo que o rei venceria, por três vezes, os sírios, o que efetivamente aconteceu, prova de que se tratava de um homem de Deus, ainda que doente (Dt.18:21,22).

- Alguém pode indagar porque Eliseu, tendo “porção dobrada do espírito de Elias”, veio a morrer, enquanto que Elias não experimentou a morte. Não haveria aí uma contradição? Não teria Eliseu que ser também arrebatado, para mostrar que era o sucessor de Elias, já que lhe havia seguido todos os passos durante o seu ministério?

- Sem dúvida alguma, isto suscita mesmo alguma surpresa entre nós, pois, tendo feito tudo em dobro que fez Elias, tendo passado pelas mesmas circunstâncias, era de se esperar que Eliseu também fosse poupado da morte, como foi Elias.

- No entanto, não devemos ter uma dimensão horizontal, puramente racional, ao tratarmos deste assunto. Lembremos que Elias, cujo nome significa “Jeová é meu Deus”, viera mostrar aos israelitas que só o Senhor era Deus, que Baal era uma ilusão e, como tal, não era o dono da vida, como se supunha na mitologia fenício-cananeia. Assim, ao mesmo tempo em que profetizou a horrenda morte de todos os responsáveis pela institucionalização do culto a Baal, foi também poupado da morte para que os israelitas bem soubessem quem era o único e verdadeiro Deus, o dono da vida.

- Além disso, Elias, ao ser trasladado para os céus sem que tivesse ungido a Hazael, rei da Síria e a Jeú, rei de Israel, tendo, ao revés, ungido a Eliseu como profeta em seu lugar, dada também um sinal aos israelitas de que o seu ministério, esta nova fase do ofício profético em Israel, haveria de ter continuidade, não tinha terminado, mantendo viva a esperança messiânica no meio do povo de Deus e sinalizando que tal esperança deveria ser abeberada, a partir de então, entre os profetas, ante a falência da monarquia e a ilegitimidade da classe sacerdotal instituída por Jeroboão.

- Tanto assim é que, como vimos ao longo do trimestre, os judeus, tanto nos dias de Jesus como até hoje, ainda guardam a expectativa da “vinda de Elias”, têm bem presente em suas mentes a necessidade da continuidade do ministério daquele profeta, a indispensabilidade deste ofício profético como precursor da vinda do Messias.

- Já Eliseu, cujo nome significa “Deus é salvação”, veio mostrar aos israelitas que Deus não somente é o Senhor, mas também é o Salvador, um Deus que ama o Seu povo e que, além do Seu senhorio, quer providenciar a salvação, o escape de Seu povo. O ministério de Eliseu é pontuado pela manifestação da compaixão divina, pelo livramento das dificuldades, pelo atendimento das necessidades do povo. Ao seguir os passos de Elias, ao dar continuidade ao que Elias estivera a fazer, inclusive realizando em dobro tudo quanto Elias fez, o profeta já é uma indicação da continuação do ofício profético em sua nova feição e, portanto, não havia qualquer necessidade de Eliseu ser trasladado para dar este sinal ao povo, que já fora dado pela trasladação de Elias.

- Mas não é só! Ao morrer enfermo, Eliseu mostra, claramente, que o Salvador, o Deus que é salvação, haveria de morrer pela humanidade, de tomar sobre Si todas as enfermidades do povo (Is.53:4,5). O Deus que é dono da vida, que leva um servo Seu sem passar pela morte à glória, será o mesmo Deus que Se fará homem e morrerá em nosso lugar para nos propiciar a salvação.

- A morte de Eliseu não é, portanto, contradição alguma, mas uma revelação a mais que o Senhor dá ao Seu povo a respeito do Seu plano de redenção, um aprofundamento no descortinar do mistério da salvação do homem, que só seria completamente desvelado com o próprio Messias, com Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

- Como se não bastasse isso, Elias e Eliseu, como figuras daqueles homens e mulheres de Deus que atuam em momentos de apostasia espiritual, como é o caso da nossa geração da Igreja, muito provavelmente a última geração da dispensação da graça, também nos mostram que aqueles que combaterem a apostasia espiritual nos dias imediatamente anteriores ao arrebatamento da Igreja, terão dois destinos diferentes: uns, como Elias, serão arrebatados, porque estarão vivos quando da volta do Senhor Jesus para buscar a Sua noiva, serão transformados, sem passar pela morte; outros, como Eliseu, porém, experimentarão a morte, morrerão combatendo a apostasia antes do retorno do Senhor e, por isso, serão ressuscitados em corpo glorioso para, então, encontrar com os vivos transformados nos ares, para, então, estarem para sempre com o Senhor (I Ts.4:13-17).

- Vemos, portanto, que, ao contrário do que possa parecer, a morte de Eliseu está perfeitamente coerente com todo o significado dos ministérios de Elias e de Eliseu e até na sua morte, Eliseu mostra ter continuado o ministério de Elias.

III – O MILAGRE PÓSTUMO DE ELISEU

- A morte representa o fim de todas as coisas. Conhecida é o brocardo jurídico latino “mors omnia solvit” (Novellae 12,20), ou seja, “ a morte dissolve tudo”, “a morte põe fim a tudo”. Assim, com a morte de Eliseu, era de se esperar que seu ministério tivesse findado, ainda que, como já temos dito, o ofício profético teria continuidade através de outras pessoas.

- A trasladação de Elias havia deixado no povo de Israel, a partir dos próprios filhos dos profetas que testemunharam a abertura do rio Jordão por Eliseu, a nítida certeza de que o ministério de Elias havia prosseguido, agora através de Eliseu.

- Eliseu, pouco antes de morrer, havia tido a nítida percepção, através da fragilidade da fé de Jeoás, que também o ofício profético teria prosseguimento a partir de sua morte, o que, certamente, transmitiu aos filhos dos profetas que estavam sob a sua direção.

- No entanto, para o povo em geral, a morte de Eliseu poderia significar a crença de que o ofício profético havia findado. Afinal de contas, Eliseu não tinha deixado sucessor, como acontecera com Elias. A morte de Eliseu, enquanto tal, pareceria como um indicador do fim daquele período de manifestação de Deus através de profetas e poderia o povo deixar de ouvir os profetas que viessem depois.

- O Senhor, então, sabedor de que o povo de Israel precisava de sinais para ter fortalecida a sua esperança messiânica (cfr. Lc.11:16,29; I Co.1:22) e, mais do que isto, pudesse, por meio dos profetas que ainda seriam levantados, ter meios para manter viva tal esperança e prosseguir aguardando o Messias, não deixou que a morte de Eliseu tivesse este condão de término de tudo, de extinção de tudo.

- Pelo contrário, tendo Eliseu morrido e sido sepultado, ocorreu que, na entrada do ano, um grupo de israelitas estava se preparando para enterrar um homem, quando vieram um bando de moabitas que, naquela época, costumavam a invadir a terra de Israel, certamente para realizar alguns roubos.

- Diante da percepção que estes bandidos vinham, querendo refugiar-se daqueles marginais, os israelitas jogaram o corpo do homem no túmulo de Eliseu, a fim de que pudessem escapar daquele bando. Aquele homem, então, ao tocar nos ossos do profeta, ressuscitou (II Rs.13:21), o que foi notório a todo o povo.

- Mediante este sinal, o Senhor estava a mostrar a todos os israelitas que o ministério de Eliseu prosseguia mesmo após a sua morte, que o ofício profético ainda estava vivo, apesar da morte daquele homem de Deus. Por meio da morte, portanto, Deus dava a mesma mensagem que dera ao povo através da trasladação de Elias: a continuidade do ofício profético, agora oficialmente o único meio pelo qual o povo teria revelações progressivas de Deus, manteria a sua esperança messiânica.

- Mediante este sinal, também, o Senhor confirmava a “porção dobrada” dada a Eliseu, conforme pedira no instante da trasladação do profeta Elias (II Rs.2:9-12). Até a sua morte, Eliseu havia feito apenas 13 milagres, contra 7 milagres que haviam sido realizados por Elias. Com este milagre póstumo (ou seja, após a morte), Eliseu completava 14 milagres, exatamente o dobro dos sinais feitos por Elias, mostrando, pois, toda a fidelidade do Senhor.

- Mediante este sinal, o Senhor também, uma vez mais, mostrava a Israel e a nós que nossos ministérios são maiores do que as nossas pessoas. Eliseu já havia morrido, mas seu ministério prosseguia, a ponto de se realizar um milagre póstumo. Portanto, temos aqui uma demonstração cabal de que o bordão “enquanto você tem promessa de Deus, você não morre”, tão comumente anunciado em nossos púlpitos, é uma inverdade, não tem base bíblica. A promessa da “porção dobrada” dada a Eliseu se cumpriu após a sua morte. O compromisso do Senhor é com a Sua Palavra (Jr.1:12), não com a nossa existência terrena, que é passageira e fugaz, enquanto que a Sua Palavra permanece para sempre (I Pe.1:24,25). Lembremos disto, amados irmãos!

- O que o Senhor mostrou ao povo de Israel com a trasladação de Elias, ou seja, a continuidade do ofício profético até a vinda do Messias, mostra igualmente através da morte e deste milagre póstumo de Eliseu. Ao ser trasladado, Elias mostrou que o trabalho de Deus de restaurar o povo prosseguia em Israel, assim como Eliseu, ao morrer e fazer um milagre mesmo depois de morto, também indicava ao povo que o trabalho de Deus continuava apesar de seu passamento. De formas absolutamente contraditórias, o Senhor estava a dizer a mesma coisa, a nos mostrar que não podemos jamais reduzir Deus à lógica humana. Temos, pois, tão somente de confiar em Deus e seguir-Lhe a direção, sabendo que Seus pensamentos e caminhos são muito mais altos que nossos pensamentos e caminhos (Is.55:8,9).

- O milagre póstumo de Eliseu também mostrava que o povo deveria aguardar a realização de sinais como elemento comprovador da presença do Messias, Aquele que traria a efetiva restauração espiritual do povo. Elias havia sido trasladado, Eliseu morrera, mas haveria de vir um profeta como Moisés, a quem os israelitas deveriam ouvir, um profeta que não só traria mensagens de Deus, mas também operaria sinais e prodígios.

- Desde este milagre póstumo de Eliseu, não teremos mais notícia de sinais ou maravilhas realizados por profetas. Deus continuou a operar no meio do Seu povo, mas os profetas apenas traziam mensagens e profecias, sem realizar sinais ou prodígios. Os sinais produzidos por Elias e Eliseu haviam sido suficientes para impedir a apostasia total do povo, para a constituição de um sólido, ainda que diminuto, remanescente fiel, mas a nação não havia obtido ainda a restauração espiritual completa e perfeita.

- Somente com Jesus Cristo os sinais e prodígios reapareceriam no meio do povo de Israel. Até mesmo João Batista, o precursor do Messias, não realizou sinal algum, apesar do grande poder com que foi usado pelo Espírito Santo para levar o povo ao arrependimento (Jo.10:41,42).

- A presença de sinais e maravilhas no ministério do Senhor Cristo, portanto, foi a autenticação de que Jesus era o Cristo, o Messias prometido, mas, mesmo assim, o povo de Israel não O recebeu (Jo.1:12), abrindo-se, pois, a oportunidade para os gentios.

- Nós, como discípulos de Cristo, como membros do Seu corpo, temos de prosseguir com a realização de sinais e maravilhas, pois isto é uma demonstração a todos de que Jesus é o Cristo, o Messias, Aquele que havia de trazer a restauração espiritual não só de Israel, mas de todas as nações.

- Por isso, ao encerrarmos este trimestre, vejamos as características de Elias e de Eliseu, homens sujeitos às mesmas paixões que nós, mas que, num período de apostasia extrema, aceitaram a chamada divina e impediram que o povo se perdesse totalmente, mantendo viva a esperança messiânica e dando um novo norte ao ofício profético, que passou a ser um elemento de manutenção de um remanescente fiel que mantivesse a identidade do povo de Israel até a chegada do Messias.

- Em nossos dias, o Senhor também está a chamar Elias e Eliseus que venham combater a apostasia espiritual e manter um remanescente fiel que possa aguardar o Messias, que virá buscar a Sua Igreja antes do juízo que virá sobre a Terra. Estamos dispostos a atender este chamado? Será que teremos um ministério de poder para toda a Igreja? Que Deus nos permita responder afirmativamente. Amém!

Colaboração para o portal Escola Dominical - Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Lição 13: A morte de Eliseu II

CAPÍTULO XXI
NOVO CÉU, NOVA TERRA E A NOVA JERUSALÉM - Espada Cortante - Vol. 1 - Apocalipse - Orlando Boyer - CPAD
Na visão final do Apocalipse, vêem-se todas as coisas feitas novas (21:5). É a aurora do grande e eterno dia. Não haverá mais conflitos, nem tribulação. A própria paz do milênio foi corrompida ao sair Satanás do abismo. Mas no tempo da ultima visão do Apocalipse, o Verbo de DEUS terá destroçado e completamente destruído os exércitos dos reis do mundo inteiro e Satanás, o Anticristo e o Falso Profeta serão encerrados para sempre no lago de fogo. Haverá então doce e eterna paz porque o Príncipe da Paz reinará pêlos séculos dos séculos.
I. TODAS AS COISAS NOVAS. Vs, 1-8.
21:1 E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 2 E eu. João, vi a santa cidade a nova Jerusalém que de DEUS descia do céu. adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. 3 E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de DEUS com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e O mesmo DEUS estará com eles, e será o seu DEUS. 4 E DEUS limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. 5 E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas- E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis. 6 E disse-me mais: Está cumprido: Eu sou o Alfa e o Omega, o principio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. 7 Quem vencer, herderá todas as coisas; e eu serei seu DEUS, e ele será meu filho 8 Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.
Haverá um novo céu e uma nova terra, não no sentido de haver outro céu e outra terra, mas a nossa terra e os céus serão feitos novos. Como se diz acerca do pecador salvo: "É uma nova criação; passou o que era velho, eis que se fez novo" (II Cor. 5:17), assim se dirá de tudo: As primeiras coisas são passados... eis que faço novas todas as coisas (vs. 4,5).
João viu somente em visão ligeira a glória da nova terra. Mas notemos algumas das coisas velhas que não haverá no mundo transformado:
1) O mar já não existe (v. l): Podemos imaginar como palpitava o coração do velho apóstolo, preso e cercado pelo bravio mar Arquipélago, ao saber que não mais haveria mar. O mar é símbolo de inquietação e rebelião (Isa. 57:20; Luc. 21:25; Apõe. 17:15). Desaparecerão da terra não somente as águas incessantemente perturbadas mas também o desassossego da humanidade.
2) Não haverá mais morte (v. 4): O último inimigo dos homens a ser destruído será a morte (I Cor. 15:26; Apõe. 20:14). Atualmente não existe lar em que não entre a morte, nem cidade ou vila sem cemitério. Mas então não haverá cemitérios nem enterros.
3) Não haverá mais... pranto (v. 4): Agora as tristezas nos perseguem como uma sombra. Os homens entram no mundo com choro, passam muito do tempo pranteando, e saem com gemidos. Porém naquele tempo o gozo será perfeito e completo; o dia da eternidade não terá nuvem.
4) Não haverá mais... dor (v. 4): A todas as dores dos homens nos desastres, nos hospitais, nas guerras e nos leitos de morte temos de acrescentar as dores dos inumeráveis animais do campo' Aqui no mundo os
sofrimentos são permitidos para nos purificar e nos humilhar. Mas a dor, a qual entrou com a queda no Éden, não se conhecerá na nova terra.
5) Não haverá mais tímidos (v. 8): Todos os que se envergonham do Senhor e todos os "medrosos", em contraste aos vencedores (v. 7), serão removidos da terra e lançados no lago que arde com fogo (v. 8), isto é, os "medrosos", os que temem mais ao próximo do que a DEUS. Não haverá mais incrédulos {v. 8): Nenhum dos que alegam impedimentos para crer no Evangelho, ficará na nova terra. Não haverá mais abomináveis (v. 8). Ninguém contaminado das coisas detestáveis que pertencem aos pagãos (comp. Jer. 7:9,10) poderá ficar na nova terra. Não haverá mais mentiroso.
A nova terra será purificada de todos os enganadores e mentirosos de qualquer espécie. Convém-nos evitar sempre toda a palavra que não seja verdadeira.
II. A NOVA JERUSALÉM. Vs. 9-27.
21:9 E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas, e faJou comigo dizendo: Vem, mostrar-te-el a esposa, a mulher do Cordeiro, 10 E levou-me em espirito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande ctd.s.de, a santa Jerusalém, que de DEUS descia do céu. 11 E tinha a glória de DEUS; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. 12 E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anJos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel. 13 Da banda do levante tinha três portas, da banda do norte três portas, da banda do sul três portas, da banda, do üocnte três portas. 14 E o muro da cidade tinha doze fundamentos e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. 15 E aquele que falava comigo Unha uma cana. de ouro, para medir a cidade, e as suas portas, e o seu muro. 16 E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto como a sua largura. E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios; e o seu comprimento, largura e altura eram Iguais. 17 E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côvados conforme à medida de homem, que é s. dum anjo. 18 E a fábrica do seu ,muro era de laspe, e a cidade de ouro puro, .semelhante a vidro puro. 19 E os fundamentas do muro da cidade estavam adornados de toda a pedra preciosa. O primeiro fundamento era laspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedònia; o quarto, esmeralda; 20 O quinto sardónica; o sexto, sardio; o sétimo,
crisollto; o oitavo, berilo; o nono,, topázio; o décimo, crisopraso; o undécimo, lactato; o duodécimo, ametista 21 E as doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma pérola; e a praça da cidade de ouro puro, como vidro transparente. 22 E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor DEUS Todo-poderoso, e o Cordeiro. 23 E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de DEUS a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada. 24 E as nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra. 25 E as suas portas não se fecharão de dia, purque ali não haverá noite. 26 E a ela trarão a glória e honra das nações. 27 E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão Inscritos no livro da vida do Cordeiro.
Não haverá somente um novo céu e uma nova. terra, mas haverá também uma nova cidade; haverá a Nova Jerusalém em vez da velha Jerusalém. Como DEUS levou a Moisés ao cume de Pisga para mostrar-lhe toda a terra da promissão (Deut, 34), assim um dos sete anjos que tinham as sete taças levou a João a um grande e alto monte para contemplar a nossa terra da promissão, a grande cidade, a santa Jerusalém, que de DEUS descia do céu. Será uma cidade literal, "que tem fundamentos (Heb. 11:10); não será o céu, mas descerá do céu. Os crentes verdadeiros não têm aqui cidade permanente, mas buscam a futura (Heb. 13:14): "desejam uma melhor, isto é, a celestial" (Heb. 11:16). Vide, também João 14:2,3.
Note-se que João foi levado para ver a esposa, a mulher do Cordeiro (v. 9): isto é, a grande cidade, a nova Jerusalém (v. 10). É evidente, portanto, que é a esposa de CRISTO (19:7), os crentes, que vão morar na Nova Jerusalém.
A Nova Jerusalém terá a glória de DEUS... Jus semelhante a uma pedra de jaspe, como o cristal resplandecente (v. li): Não será enfumaçada como as cidades da terra. Por causa dessa glória, o rosto de Moisés brilhou, CRISTO, no monte de transfiguração, "resplandeceu como o sol" e Saulo ficou cego.
E tinha... doze portas (v. 12): São as portas que dão entrada à cidade. Sobre essas portas da Nova Jerusalém se encontram escritos os nomes das doze tribos (v. 12), um símbolo do fato que "a salvação vem dos judeus" (João 4:22). E mecEiu a cidade... e o seu comprimento, largura e altura eram iguais (v. 16): A Nova Jerusalém é uma cidade do formato duma pirâmide, talvez, em vez de ser um cubo.
Doze mil estádios (v. 16): A medida da Nova Jerusalém é de 2.223 quilómetros em todos os três sentidos.
Podemos conceber uma cidade, no formato de pirâmide, com altura de 2.223 quilómetros, com base de quase cinco milhões de quilómetros quadrados e feita de ouro puro, semelhante a vidro puro (v. 18)?! Nela não vi templo (v. 22): A Nova Jerusalém! será um lugar sublime, porque CRISTO habitará ali.
"Nela estará o trono de DEUS e do Cordeiro" (22:3).
Grande parte da glória e fama de qualquer cidade são os seus templos. Assim não será na. Nova Jerusalém. Ali haverá cultos que satisfarão a alma, cultos da mais perfeita adoração, estando todos os olhares fitos no Senhor DEUS Todo-poderoso e o Cordeiro. As nações andarão à sua luz (v, 24): A Nova Jerusalém servirá para iluminar não somente os olhos do povo da nova terra mas também a alma, com a luz de justiça e verdade, na vida social e nacional.
(Vide anexo 4)
APOCALIPSE 21:9-22:1-5
TEMA: O ESPLENDOR DA NOVA JERUSALÉM, A NOIVA DO CORDEIRO - Estudos no Livro de APOCALIPSE - Hernandes Dias Lopes
INTRODUÇÃO
1. Apocalipse 17:1-3, João é convidado para ver a queda da grande Meretriz, Babilônia, a cidade do pecado. A falsa igreja, foi consumida pelo fogo.
2. Agora, João é chamado pelo mesmo anjo para ver o esplendor da Nova Jerusalém, a cidade santa, a noiva do Cordeiro.
3. Acidade eterna não é somente o lar da noiva, ela é a noiva. A cidade não é edifícios, mas pessoas. A cidade é santa e celestial. Ele desce do céu. Sua origem está no céu. Ele foi escolhida por DEUS.
4. João agora vai contemplar o esplendor da Nova Jerusalém, a noiva do Cordeiro (21:9,10). João fala de seu fundamento, de suas muralhas, de suas portas, de suas praças, de seus habitantes:
I. A NOVA JERUSALÉM É BONITA POR FORA - ELA REFLETE A GLÓRIA DE DEUS - V. 11
• Quando João tentou descrever a glória da cidade, a única coisa que pôde fazer foi falar em termos de pedras preciosas, como quando tentou descrever a presença de DEUS no trono (Ap 4:3).
• A glória de DEUS habitava no santo dos santos no Tabernáculo e no Templo. Agora, a glória de DEUS habita nos crentes. Mas a igreja glorificada, a noiva do Cordeiro, terá sobre si a plenitude do esplendor de DEUS. A shekiná de DEUS vai brilhar sobre ela eternamente.
• Assim como a lua reflete a luz do sol, a igreja vai refletir a glória do Senhor.
• Essa glória é indescritível (21:11), como indescritível é DEUS (Ap 4:3). A igreja é bela por fora. Ela é como a noiva adornada para o seu esposo. Não tem rugas. Suas vestes estão alvas.
• Exemplo: O tabernáculo: coberto de ouro puro!
II. A NOVA JERUSALÉM É BONITA POR DENTRO - V. 19-20
• Ela não é bonita só do lado de fora, mas também do lado de dentro. Ninguém coloca pedras preciosas no fundamento. Mas no alicerce dessa cidade estão doze espécies de pedras preciosas. Há beleza, riqueza e esplendor no seu interior.
• Não há coisa feia dentro dessa igreja. Nada escondido. Nada debaixo do tapete. Essa igreja pode passar por uma profunda investigação. Ela é bonita por dentro!
III. A NOVA JERUSALÉM É ABERTA A TODOS - V. 13,25
• A cidade tem 12 portas: ela tem portas para todos os lados. Isso fala da oportunidade abundante de entrar nesse glorioso e maravilhoso companheirismo com DEUS.
• Venha de onde vier as pessoas podem entrar. Os habitantes dessa cidade são aqueles que procedem de toda tribo, povo, língua e nação. São todos aqueles que foram comprados com o sangue do Cordeiro.
• Não há preconceito nem acepção de pessoas. Todos podem vir: pobres e ricos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus, homens e mulheres.
• A cidade é aberta a todos. Há portas para todos os lados. O noivo convida: Vem! A noiva convida: Vem! Quem tem sede recebe a água da vida!
• Nesta cidade os santos do Velho e do Novo Testamento estarão unidos. A cidade é formada de todos os crentes da antiga dispensação (v. 12) e da nova dispensação (v. 14). Nenhum daqueles que foram remidos ficará de fora dessa gloriosa cidade.
IV. A NOVA JERUSALÉM NÃO É ABERTA A TUDO - V. 12,27
• A cidade tem uma grande a alta muralha - Muralha fala de proteção, de segurança. Embora haja portas (v. 13) e portas abertas (v. 25), nem todos entrarão nessa cidade (v. 27). Embora as portas estejam abertas, em cada porta há um anjo (v. 12). Assim, como DEUS colocou um anjo com espada flamejante para proteger a árvore da vida no Éden, assim, também, há um anjo em cada porta. O muro demarca a santidade da cidade (v. 10), separando o puro do impuro (v. 27). DEUS é o muro de fogo que protege sua igreja (Zc 2:5). A igreja está segura e nada pode perturbá-la na glória.
• O pecado não pode entrar na Nova Jerusalém - (v. 27a) - Embora a igreja seja aberta a todos, não é aberta a tudo. Muitas vezes a igreja, hoje, tem sido a aberta a tudo, mas não aberta a todos. Exemplo:
Pedro e JESUS: Arreda Satanás, mas o Pedro fica. Hoje a igreja tem
• Aqueles que se mantém no seu pecado não podem entrar, senão aqueles cujos nomes estão no Livro da Vida - (v. 27b) - Somente os remidos, os perdoados, os lavados, os arrependidos, os que creram podem entrar pelas portas da cidade santa.
V. A NOVA JERUSALÉM ESTÁ CONSTRUÍDA SOBRE O FUNDAMENTO DA VERDADE - V. 14
• Esse símbolo fala da teologia da igreja. A igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos. JESUS CRISTO é a pedra angular desse fundamento. A igreja do céu, a noiva do Cordeiro, a Nova Jerusalém está edificada sobre o fundamento dos apóstolos, sobre a verdade revelada, sobre as Escrituras.
• A Nova Jerusalém não está edificada sobre Pedro, sobre visões e revelações forâneas às Escrituras. A Palavra de DEUS é sua base. Não é uma igreja mística nem liberal.Ela é logocêntrica!
VI. A NOVA JERUSALÉM TEM ESPAÇO PARA TODOS OS REMIDOS - V.
15-17
• A cidade é quadrangular: comprimento, largura e altura iguais. A cidade tem doze mil estádios, ou seja, 2.200 km de comprimento, de largura e de altura. Não existe nada parecido no planeta. É uma cidade que vai de São Paulo a Aracaju. Na Nova Jerusalém, a maior montanha da terra, o pico Everest, desaparece mais de dezentas e quarenta vezes. Essa cidade é um verdadeiro cosmos de glória e santidade.
• É óbvio que esses números representam a simetria, a perfeição, a vastidão e a totalidade ideais da Nova Jerusalém.
• Não existem bairros ricos e pobres nessa cidade. Toda a cidade é igual. Não há casebres nessa cidade. Existem, sim, mansões, feitas não por mãos. DEUS é arquiteto e fundador dessa cidade.
• A muralha da cidade mede 144 côvados, ou seja 70 metros de altura.
• A medida da cidade é um símbolo da sua majestade, magnificência, grandeza, suficiência. Essas medidas indicam a perfeição da cidade eterna. Nada está fora de ordem ou fora de equilíbrio.
VII. A NOVA JERUSALÉM É LUGAR ONDE SE VIVE EM TOTAL INTEGRIDADE - V. 18,21b
• Não apenas a cidade é de ouro puro, mas a praça da cidade, o lugar central, onde as pessoas vivem é de ouro puro, como vidro transparente. Tudo ali vive na luz. Tudo está a descoberto. Nada escondido. Nada escamoteado. A integridade é a base de todos os relacionamentos.
VIII. A NOVA JERUSALÉM É O LUGAR DE PLENA COMUNHÃO COM DEUS-V. 22
• No Velho Testamento a presença de DEUS estava no Tabernáculo, depois no Templo. Mas, depois que o véu do templo foi rasgado. DEUS veio para habitar na igreja. O ESPÍRITO SANTO enche agora não um edifício, mas os crentes.
• Na Nova Jerusalém não haverá templo, porque a igreja habitará em DEUS e DEUS habitará na igreja. Hoje DEUS habita em nós, então, vamos habitar em DEUS. Isso é plena comunhão! A vida no céu será marcada não por religiosismo, mas vida com DEUS.
IX. A NOVA JERUSALÉM É O LUGAR DA MANIFESTAÇÃO PLENA DA GLÓRIA DE DEUS - V. 23-24
• A cidade será iluminada não mais pelo sol ou pela lua. A glória de DEUS a iluminará. A lâmpada que reflete a glória de DEUS é o Cordeiro. CRISTO será a lâmpada que manterá a luz da igreja sempre acesa.
• A noiva do Cordeiro não é como a Meretriz que se prostituiu com os reis da terra. Os reis da terra é que vieram a ela para conhecer a glória do seu Noivo e depositar aos seus pés as suas coroas.
• Esta igreja não está a serviço dos reis, ela está a serviço do REI.
X. A NOVA JERUSALÉM É O PARAÍSO RESTAURADO, ONDE CORRE O RIO DA VIDA-22:1-2
• A Nova Jerusalém é uma cidade, um jardim, uma noiva. O jardim perdido no Éden é o jardim reconquistado no céu. Lá o homem foi impedido pelo pecado de comer da árvore da vida, aqui ele pode se alimentar da árvore da vida. Lá ele adoeceu pelo pecado, aquele é curado do pecado. Lá ele foi sentenciado de morte, aquele ele toma posse da vida eterna.
• No Jardim do Éden havia quatro rios. Nesse Jardim Celestial, há um único rio, o Rio da Vida. Ele flui do trono de DEUS. Ele simboliza a vida eterna, a salvação perfeita e gratuita, o dom da soberana graça de
DEUS. Por onde ele passa ele traz vida, cura e salvação. O rio da Vida simboliza a vida abundante na gloriosa cidade.
XI. A NOVA JERUSALÉM É ONDE ESTÁ O TRONO DE DEUS - 22:3-4
• O trono fala da soberania e do governo de DEUS. O Senhor governa sobre essa igreja. Ela é comandada por aquele que está no trono. Ela é submissa, fiel. Esse é um trono de amor. Os súditos também são reis. Eles obedecem prazerosamente.
• A igreja pode estar situada onde está o trono de Satanás como Pérgamo, mas o trono de DEUS está no coração da igreja.
• Na Nova Jerusalém vamos ter propósito - "Os seus servos o servirão". Nosso trabalho será deleitoso. Vamos servir Aquele que nos serviu e deu a sua vida por nós. Os salvos entrarão no descanso de DEUS (Hb 4:9). Os salvos descansarão de suas fadigas (Ap 14:13), não porém de seu serviço.
• Na Nova Jerusalém vamos ter intimidade com o Senhor -"Contemplarão a sua face...". O que mais ambicionamos no céu não são as ruas de ouro, os muros de jaspes luzentes, não são as mansões ornadas de pedras preciosas, mas contemplar a face do Pai! Céu é intimidade com DEUS. Esta é a esperança e a meta da salvação individual em toda a Escritura: a contemplação de DEUS!
XII. A NOVA JERUSALÉM É ONDE OS REMIDOS VÃO REINAR COM CRISTO ETERNAMENTE - 22:5
• DEUS nos salvou não apenas para irmos para o céu, mas para reinarmos com ele no céu. Ele não apenas nos levará para a glória, mas também para o trono.
• Nós seremos não apenas servos no céu, mas também reis. Nós reinaremos com o Senhor para sempre e sempre. CRISTO vai compartilhar com sua noiva sua glória, sua autoridade e seu poder. Nós iremos reinar como reis no novo céu e na nova terra. Que honra! Que graça!
CONCLUSÃO
1. Você já é um habitante dessa cidade santa? Você já tem uma Casa nessa cidade? Seu lugar já está preparado nessa cidade?
2. Onde você colocado o seu coração: na Nova Jerusalém ou na grande Babilônia?
3. Aqual igreja você pertence: à Noiva ou à grande Meretriz?
4. Qual é o seu destino: o Paraíso ou o lago do fogo?
5. Para onde você está indo: Para a Casa do Pai, onde o Cordeiro será a lâmpada eterna ou para as trevas exteriores?
6. Onde está o seu prazer: em servir a DEUS ou deleitar-se no pecado?
7. Hoje é o dia da sua escolha, da sua decisão! Escolha a vida para que você viva eternamente!
APOCALIPSE 21:9-18
TEMA: A NOVA JERUSALÉM - FORMOSA CIDADE - Apocalipse - Versículo por Versículo Autor: Severino Pedro da Silva Editora: CPAD Ano: 2002
9. “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete praga, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro”.
I. “...a mulher do Cordeiro”. Uma introdução particularmente solene (21.9-10) prepara a verdadeira descrição da Jerusalém celeste. Numa perspectiva literária que se reporta a Oséias (2.19-21), a Isaías (44.6; 54.1 e ss; 61.10), a Ezequiel (capítulo 16), desenvolve-se gradualmente a imagem da nova Jerusalém. Na presente era, a Igreja, como uma virgem, é a noiva de CRISTO (2Co 11.2; Ef 5.22); Após o arrebatamento, ela é contemplada como sendo a “esposa, a mulher do Cordeiro” (19.7; 21.9; 22.17). É curioso observar duas expressões significativas do anjo a João; a primeira é descrita no capítulo 17.1 e a segunda no capítulo 21.9: (“Vem, mostrar-te-ei...”). Embora estes versículos e o trecho sejam paralelos em sua forma de expressão, aquilo que é mostrado em segunda é bastante diferente. O primeiro mostra uma “mulher poluída” (Babilônia), o segundo uma “mulher pura” (a Igreja). Notemos o entrelaçamento entre a esposa do Cordeiro e a cidade amada; uma é contemplada como sendo a outra, visto que no reino eterno e na glória infinda, tudo é de CRISTO e CRISTO de DEUS.
10. “E levou-me em espírito a uma grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de DEUS descia do céu”.
I. “...a santa Jerusalém”. Devemos observar que no versículo 2, deste capítulo, essa cidade é chamada de (“nova”), enquanto que agora no presente versículo de (“santa”). A diferença é apenas em relação ao tempo. Tudo sugere uma cidade literal: ouro, ruas, dimensões, pedras. Ela desce do céu, pois é impossível construir uma cidade santa aqui. O versículo 10 desta secção tem uma ação retrospectiva; enquanto que o versículo 2, prospectiva; no versículo 2, João contempla esta nova cidade já na (“eternidade”) como capital do “Novo Céu e da Nova Terra”. Porém, o nome será o mesmo que o Senhor lê deu durante o Milênio: “Jerusalém-Shammah” – isto é, O Senhor está ali (Ez 48.35). A frase no texto e contexto: “...de DEUS descia do céu”, significa: desceu para a terra no início do Milênio (v.10); enquanto que no versículo 2, o significado do pensamento deve ser: desceu para a nova terra já na Eternidade. A concebida como algo encobria o monte, mas como algo que descia o local próximo, conforme se ver descrito em Ez 40.2.
11. “E tinha a glória de DEUS; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente”.
I. “..semelhante a uma pedra preciosíssima”. A glória da cidade do senhor, do presente texto, é comparada a uma pedra (“preciosíssima”). Por igual modo, a salvação que os homens recebem de CRISTO não tem descrição em palavras, não podendo ser calculado o seu valor. Isso envolve até mesmo a obtenção de “toda a plenitude de DEUS”. Isso indica também particularmente, a presença de DEUS, e não somente sua manifestação ocasional como acontecia no antigo tabernáculo montado no deserto (Êx 40.34). Essa situação fará a glória divina a “Shekinah”, vir habitar permanentemente com os santos, pois a frase em si: “...o Senhor está ali” (Ez 48.35) no seu equivalente ocorre três vezes aqui (vs. 3, 22; 22.3). No deserto a nuvem especial servia de sombra, aqui, porém, só de luz da cidade, como já ficou demonstrado, compara-se ao ofuscar do jaspe, como cristal resplandecente, isto é, tem uma glória como a do Criador, cuja aparência se diz ser como a de pedra jaspe (4.3).
12. “E tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel”.
I. “...com doze portas”. O número (“12”), com seus cognatos, ocorre mais de 400 vezes na Bíblia e é extremamente importante. Neste livro ocorre cerca de (“20”) vezes, e permeia o governo patriarcal, apostólico e nacional. Temos, assim: “As 12 estrelas (12.1); os 12 anjos (12.12); as 12 tribos (21.12); os 12 fundamentos (21.14); os 12 frutos (22.2); as 12 portas (21.12, 21); as 12 pérolas (21.21); entre os múltiplos de 12 temos: 12.000 estádios (21.16); 12.000 selados (7.5-8); 144.000 é um número formado de 12 vezes 12.000 (14.1); 24 anciãos e 24 tronos (4.4; 11.16), são também especiais”. Todos esses números se relacionam agora com a Jerusalém celestial, na qual se viam 12 portões como sendo 12 pérolas, 3 de cada lado do quadrado (21.21). Em cada portão havia a gravação do nome de uma das 12 tribos de Israel. Em Ez 48.31-34, há uma descrição semelhante da nova Jerusalém durante o Reino Milenial de CRISTO.
13. “Da banda do levante tinha três portas, da banda do norte três portas, da banda do sul três portas, da banda do poente três portas”.
I. “...tinha três portas, etc”. Na antiga cidade de Jerusalém terrestre, havia também 12 portas, sendo, por assim dizer, uma cópia da Jerusalém celestial (cf. Hb 8.5 e 9.23); essas portas estavam também nas cardeais; ladeavam toda a cidade de Davi: a porta do gado (Ne 3.1); a porta do peixe (Ne 3.3); a porta velha (Ne 3.6); a porta do vale (Ne 3.13); a porta do monturo (Ne 3.14); a porta da fonte (Ne 3.15); a porta da casa de Eliasibe: sumo-sacerdote (Ne 3.20); a porta das águas (Ne 3.36); a porta dos cavalos (Ne 3.28); a porta oriental (Ne 3.29); a porta de Mifcade (Ne 3.31); a porta de Efraim (Ne 8.16). “Isso pode ser comparado também ao acampamento de Israel, onde havia o arranjo das tribos de acordo com direções dos pontos cardeais: A leste ficava Judá, Issacar e Zebulom; Ao sul, Rúben, Simeão e Gade; A oeste, Efraim, Manassés e Benjamim; E ao norte, Dã, Asser e Naftali. Números capítulo 2.
14. “E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”.
I. “...doze apóstolos do Cordeiro”. Devemos observar que, cada vista da cidade se menciona o (“Cordeiro”), e a referência sétupla a ele (21.9, 14, 22, 23, 27; 22.1, 3) indica que embora CRISTO entregue o reino ao Pai, não obstante partilha-o com os remidos. Os Apóstolos do cordeiro, mostram nisso sua importância, tanto naquilo que eram como naquilo que faziam. Porém, CRISTO JESUS é quem dá por empréstimo o seu valor àqueles, o que significa que eram grandes somente por sua causa. Não obstante, os Apóstolos e profetas são grandes, tal como todos os homens o são, uma vez que sejam transformados segundo a imagem de CRISTO, já que participação da sua natureza divina. Na nova Jerusalém o divino se combinará com o humano, da mesma maneira que o número três, multiplicado pelo número do mundo “quatro”, resulta em doze. Assim cumpre-se a frase: “...para o humano se tornar divino, foi necessário que o divino torna-se humano”. Na cidade do DEUS vivo, o humano se encontra com o divino absorve o humano, menos a individualidade (2Co 5.4).
15. “E aquele que falava comigo tinha uma cena de ouro, para medir a cidade, e as suas portas, e o seu muro”.
I. “...para medir a cidade”. O texto em foco, mostra-nos um anjo que trazia “...uma cana de medir” para medir a grandeza da cidade do senhor. “Neste ponto, a cidade, ao ser medida, dá a entender a sua total importância e consagração, em todas as suas partes, trazida ao padrão exato das exigências de DEUS; outrossim, fica entendido o cuidado de DEUS, dali por diante, cada partícula de sua Santa Cidade, para o mal não a atinja”. É a medição que exibe a beleza e as proporções da cidade, a qual agora viverá em paz. O ouro é uma das grandes características dessa cidade; as ruas são de ouro; isso pode representar o rico resplendor da cidade real (cf. 1Rs 10.14-21; Sl 77.15); mas a riqueza daquela cidade será o amor. Essa “medição”, sem dúvida, denota o caráter e ideal da Igreja eterna, o conhecimento e a nomeação divina da mesma (Ez 42.16; Ap 11.1).
16. “E a cidade estava situada em quadrado; e o seu comprimento era tanto como a sua largura. E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios: e o seu comprimento, largura e altura eram iguais”.
I. “...doze mil estádios”. Segundo os rabinos, o estádio era uma oitava da milha romana, ou seja, cerca de 185 metros. Portanto, doze mil estádios correspondem mais ou menos a 2.200 quilômetros. Porém, devido à ambigüidade das conforme é observada no grego, os intérpretes diferem imensamente no que se refere ao seu formato tencionado. “Os judeus dizem acerca de Jerusalém que, no porvir, ela será tão grande e ampliada que atingirá os portões de Damasco, sim, até ao trono da glória”. Cremos que realmente a nova Jerusalém terá, sem dúvida, essas dimensões em foco nesta secção, isto é, 12.000 estádios. “Doze mil estádios multiplicados por cento e oitenta e cinco metros, e o resultado elevado à terceira potência dará a medida cúbica da cidade: (“dez bilhões, novecentos e quarenta e um milhão e quarenta e oito mil quilômetros”). A grandeza da cidade assegura lugar para todos!”.
17. “E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro côvados, conforme à medida de homem, que é a dum anjo”.
I. “...à medida de homem”. Essa expressão (“à medida de homem, que é a dum anjo”) tem deixado alguns teólogos perplexos. Provavelmente isso deriva do fato de que o côvado era uma medida tomada com base na estrutura do corpo humano, o comprimento entre a ponta do dedo médio da mão e a junção do cotovelo. Para ocidentais, o côvado mais conhecido é o francês: 66 centímetros, mas o côvado mencionado na Bíblia é o hebraico: 50 centímetros, aproximadamente. Apesar da cidade ter aproximadamente 555 quilômetros de altura, o seu muro é bastante baixo (cerca de 72 metros) para nós aqui na terra; mas, segundo se diz que, no céu ele é bastante alto. Pois é importante lembrarmos que lá não existe ladrão! Há outras possíveis interpretações sobre a medida do anjo, vista nesta secção. “Supõe-se que esse “côvado” é uma medida angelical, não do mesmo comprimento do côvado humano, sendo antes cerca de 180 centímetros, isto é, da altura de um homem. Mas essa opinião é extremamente improvável”. É evidente que 144 côvados, refere-se a medida estabelecida acima, isto é, cerca de 72 metros.
18. “E a fábrica do seu muro era de jaspe, e a cidade de ouro puro, semelhante a vidro puro”.
I. “...a cidade de ouro”. O livro do Apocalipse traz muitas alusões ao “ouro”. Para o leitor curioso, esta lista é provida: (1.12, 13, 20; 2.4; 3.18; 4.4; 5.8; 8.3; 9.7, 13, 20; 14.14; 15.6, 7; 17.4; 18.12, 16; 21.15, 18, 21). Mas a maioria das referências aludi ai ouro de qualidade celestial. Será um ouro transparente, de qualidade metafísica, o da cidade do Senhor! Presumivelmente de uma qualidade desconhecida na terra. será um “ouro” celeste, de origem divina. “O ouro é emblema da natureza divina (Jó 22.25), difundido por todo o mundo, por causa da fusibilidade desse metal”. Alguns intérpretes instem aqui em um material literal, mas a maioria deles vê o ouro como símbolo de dignidade, valor, pureza e natureza exaltada do caráter da Noiva. Mas essa opinião não se coaduna com a natureza do argumento principal. Seja como for, importantíssimo aparece aqui, e, evidentemente, refere-se mesmo ao “ouro”, mas de natureza celestial.
INTERAÇÃO
Quem já não sonhou com uma sociedade mais justa e perfeita? Esse foi e continua sendo o sonho de muitos. Todavia, sem o governo do Rei na Terra, jamais existirá uma sociedade perfeitamente justa. Nossa esperança é a Nova Jerusalém. Um lugar real, preparado pelo Senhor para toda a humanidade desde a criação. A Nova Jerusalém é tão especial que a Palavra de DEUS diz que não nos lembraremos mais das coisas passadas (Is 65.17). Na lição de hoje veremos como o evangelista descreve a Jerusalém Celeste. João viu a Cidade Santa, e um dia nós também, não somente avistaremos a cidade, mas pela graça, nela iremos morar para todo o sempre, junto com o Rei dos reis e Senhor dos senhores, JESUS CRISTO.
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Compreender o que é a Jerusalém Celeste.
Elencar as principais características da Nova Jerusalém.
Conscientizar-se de que a Nova Jerusalém será um Estado perfeito e eterno.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, providencie cópias do quadro abaixo para os alunos. Utilize o quadro para mostrar as principais características da Nova Jerusalém. Explique que a Cidade Santa encontra-se atualmente no céu (Gl 4.26), porém em breve ela descerá à terra. Neste mundo estamos sujeitos a dores e tristezas, mas ali não haverá mais dores ou tristezas, pois o próprio DEUS limpará de nossos olhos toda a lágrima (Ap 21.4).

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. LUIZ HENRIQUE DE ALMEIDA SILVA

Lição 13 - A morte de Eliseu III

2Reis 13.14-21

I. A DOENÇA TERMINAL DE ELISEU

1. Avelhice de Eliseu

1.1. Eliseu aparece no cenário bíblico após longos quarenta anos

. Entre os capítulos 9 e 13 de 2Reis há um intervalo de aproximadamente quarenta anos

. Talvez Eliseu já estivesse com oitenta anos

                        . Eliseu estava velho e doente 

1.2. A vida passa rapidamente (Sl 90.10)

2. Eliseu, mesmo velho, ainda era profeta de Deus

1.1. O seu sofrimento (2Rs 13.14,20)

1.2. Eliseu envelheceu e padeceu

1.3. O foco do texto

            . Como Deus trata o profeta Eliseu

            . Como o profeta responde ao tratamento de Deus

1.4. Mesmo enfermo pela idade,

            . Eliseu continuava com o mesmo vigor espiritual de antes (Is 40.29)

            . Eliseu ainda tinha a mesma visão da obra de Deus

            . Eliseu ainda era a voz profética do Deus de Israel (2Rs 13.18-19; 13.25)

1.5 A idade avançada não deve ser desculpa para abandonarmos a fé

II. A PROFECIA FINAL DE ELISEU

1. Deus concedendo inspiração ao profeta

1.1. Toda profecia tem seu ponto de partida  na soberana vontade de Deus (2Pe 1.20,21)

            . É o 'assim diz o Senhor' (2Rs 2.21; 3.16)

1.2. Eliseu foi inspirado para depois profetizar, e não o contrário (2Rs 3.15)

2. Aparticipação de Eliseu na profecia

2.1. A bíblia mostra que há participação humana no processo da profecia (2Rs 13.14-19)

            . Eliseu se indigna contra o rei Jeoás

            . Havia uma decepção do profeta em relação à falta de discernimento do rei

            . Jeoás pensou que tinha apenas uma participação técnica

            . A vitória de Jeoás seria o tamanho da resposta que ele desse ao profeta

            . Tudo é feito segundo a nossa fé (Mt 9.29)

III. O ÚLTIMO MILAGRE DE ELISEU

1. Aeternidade e fidelidade de Deus

1.1. O último milagre de Eliseu foi após sua morte (2Rs 13.20,21)

1.2. Este milagre revela:

            . A eternidade de Deus. (Ele não morre quando morre um homem de Deus)

            . A fidelidade de Deus (a morte de Eliseu não iria impedir o que Deus havia prometido ao rei Jeoás)

2. O nome de Eliseu sempre será lembrado

2.1. Com este milagre o nome de Eliseu continuaria a ser lembrado como um autêntico homem de Deus

2.2. Deus tem planos diferenciados para os seus filhos

            . Não devemos questionar os atos divinos (Jo 21.19-23)

2.3. A Bíblia fala de homens, cujas ações continuam falando mesmo depois de haverem morrido (Hb 11.4)

IV. O LEGADO DE ELISEU

1. O legado sócio-cultural

1.1. Eliseu supervisionava a escola de profetas (2Rs 6.1)

1.2. Eliseu teve uma participação ativa:

            . Na vida moral da nação

            . Na vida social da nação (2Rs 4.13) (falar com o rei)

1.3. Devemos aproveitar as oportunidades para abençoar os menos favorecidos

2. O legado espiritual

2.1. Todos os milagres que foram realizados por Eliseu, demonstram o seu legado espiritual.

            . Abertura do Jordão

            . A purificação da nascente de água

            . O azeite da viúva

            . O filho da Sunamita

            . A panela envenenada

            . A multiplicação dos pães

            . A cura de Naamã

            . O machado que flutuou

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PB. MARCOS JACOB DE MEDEIROS

Lição 13 - A morte de Eliseu V

INTRODUÇÃO

            Nesta última lição do trimestre, estudaremos sobre o fim do ministério profético de Eliseu e sobre a sua morte. Eliseu foi foi um homem íntegro, que teve um ministério próspero por cerca de cinquenta anos e foi poderosamente usado por Deus, não apenas para transmitir a Sua mensagem, mas, também, para realizar grandes milagres. Porém, como qualquer ser humano, ele estava sujeito a doença e a morte. Veremos também que, tal qual o profeta Elias, ele nos deixou um grande legado moral, ministerial e espiritual. Seu exemplo de vida, caráter e ministério se constitui numa herança, não somente para os seus contemporâneos, mas também para todos aqueles que são chamados por Deus para uma obra específica.

I – A ÚLTIMA PROFECIA DE ELISEU

            Como disse o salmista“Os que estão plantados na casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos...” (Sl 92.13,14). O profeta Eliseu, mesmo doente e idoso, profetizou para o rei Jeoás (II Rs 13.14-19). Ao chegar à casa do profeta, o rei Jeoás disse: “Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros” (II Rs 13.14). Com esta expressão, o rei estava temendo a morte do profeta, pois sabia que ele era um homem de Deus e que, por meio dele, o Senhor havia dado grandes livramentos ao seu povo (II Rs 3.-27; 6.8-23; 7.1-20). Mas, quando ele pensava em consolar, foi consolado. Eliseu lhe disse que ele pegasse um arco e flechas e que atirasse em direção ao Oriente. Esta atitude representava o livramento contra os sírios (II Rs 13.17). Como o rei feriu a terra apenas três vezes, o profeta lhe disse que  ele não iria os consumir por completo, mas, três vezes os feriria. Esta profecia cumpriu-se na íntegra, como havia predito o homem de Deus: “E Jeoás, filho de Jeoacaz, tornou a tomar as cidades das mãos de Ben-Hadade, que ele tinha tomado das mãos de Jeoacaz, seu pai, na guerra; três vezes Jeoás o feriu, e recuperou as cidades de Israel” (II Rs 13.25).

II – A DOENÇA DE ELISEU

            O profeta Eliseu, apesar de ter um ministério marcado por muitos milagres (II Rs 2.13,14; 2.19-22; 4.1-7; 18-37; 38-41; 42-44; 5.1-27; 6.1-23), em sua velhice, ele adoeceu. Embora os seguidores da Teologia da Prosperidade ensinem que o servo de Deus não pode adoecer, e, caso ele adoeça, dizem eles, que é por falta de fé, por estar em pecado, ou estar sendo afligido por Satanás. Mas, ao lermos a Bíblia, encontramos diversos exemplos de servos de Deus que estiveram doentes, tais como: o rei Ezequias (II Rs 20.1; Is 38.1); o profeta Daniel (Dn 8.27); Epafrodito, Timóteo e Trófimo, companheiros de Paulo (Fp 2.25-27; I Tm 5.23; II Tm 4.20). Estes e outros exemplos demonstram claramente que um servo de Deus poder adoecer.

III – A MORTE DE ELISEU

            A morte é a separação da alma e espírito do corpo (Tg 2.26), pela qual o homem é introduzido no mundo invisível. Essa experiência descreve-se simbolicamente como: “dormir” (Jo 11.11; Dt 31.16); “o desfazer da casa terrestre” (II Co 5.1); “deixar este tabernáculo” (II Pe 1.14); “descer ao silêncio” (Sl 115.17); “expirar” (At 5.10); “tornar-se em pó” (Gn 3.19); e “partir” (Fp 1.23). Nas Sagradas Escrituras, a morte é descrita como consequência do pecado (Gn. 2.17), por conseguinte, todos os homens estão sujeitos a morte, inclusive os servos de Deus (Rm 3.23; 6.23). Mas, para os justos, a morte não é o fim de tudo; pelo contrário, é o início de uma vida eterna com Deus. Por isso, os justos, até na morte tem esperança, como veremos a seguir:

  • “O justo até na sua morte tem esperança.” (Pv 14:32);
  • “Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá.” (Sl 49:15);
  • “Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim Se levantará sobre a Terra.” (Jó 19:25);
  • “Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção” (Sl 16.10);
  • “Quanto a mim, contemplarei a Tua face na justiça; satisfar-me-ei da Tua semelhança quando acordar.” (Sl 17:15).

            Para o verdadeiro cristão, a morte é lucro, pois é partindo para a eternidade que podemos estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.21-23). Portanto, a morte é  o momento no qual o cristão é recolhido ao celeiro celestial como trigo maduro (Mt 3.12). A Bíblia nos ensina que não devemos enxergar a morte como uma derrota, pois o evangelho ressalta a esperança da ressurreição em Cristo quando a morte será vencida (I Co 15.51-54).

IV – O ÚLTIMO MILAGRE “DE ELISEU”

            Mesmo depois de morto e sepultado, o Senhor Deus manifestou o seu poder através dos ossos do profeta. Quando os  moabitas invadiram as terras de Israel, um grupo de homens iam sepultar um morto. Ao verem os soldados do exército de Moabe, eles lançaram o defunto na sepultura de Eliseu. Ao cair nela o homem que havia morrido, tocando os ossos de Eliseu, ele reviveu e se levantou (II Rs 13.20,21). Sem dúvida, O Senhor Deus estava ensinando uma grande lição para os contemporâneos do profeta: Eliseu morreu, mas o EU SOU estava vivo! Por isso, Israel deveria continuar confiando no cuidado e provisão divina, pois Ele é Eterno, ou seja, “não teve começo e nunca terá fim” (Sl 45.6; 90.2; 93.2; Is 40.28; 57.15).

V – O LEGADO DE ELISEU

            Como já vimos em lições anteriores, legado diz respeito a um valor, objeto ou herança que alguém deixa para outros através de testamento. Aurélio traduz a palavra “legado” como “dádiva deixada em testamento; valor previamente determinado, ou objeto previamente endividado, que alguém deixa a outrem por meio de testamento”. Tal qual Elias, o profeta Eliseu nos deixou um grande legado, como veremos a seguir:

5.1 Moral. Eliseu era um homemíntegro. Ele jamais se deixou corromper.

  • Quando o general Naamã foi curado, ofereceu ao profeta um presente, mas ele recusou (II Rs 5.15-17). Ele entendeu que não deveria receber pagamento pela bênção que graciosamente Deus havia outorgado, e disse:“Vive o SENHOR, em cuja presença estou, que não a aceitarei. E instou com ele para que a aceitasse, mas ele recusou” (II Rs 5.15);
  • O profeta Eliseu foi reconhecido como sendo um homem de Deus (II Rs 4.7,9,16,21,22,25; 5.8,14,15; 6.6,9,10). A mulher sunamita disse acerca dele: “Eis que tenho observado que este que sempre passa por nós é um santo homem de Deus (II Rs 4.9).

5.2 Espiritual. O legado espiritual que o profeta Eliseu nos deixou não se restringe aos milagres que Deus operou por intermédio dele (2 Rs 2.13,14, 19-22; 4.1-7, 8-37, 38-44; 6.1-7, 11-23; 13.21), mas, também, pela mensagem divina que ele transmitiu, quando:

  • Anunciou que Deus enviaria água e que daria vitória a Israel sobre os moabitas (II Rs 3.17-20);
  • Revelou os planos do rei da Síria, quando este preparava emboscada contra o exército de Israel (II Rs 6.8-10,12);
  • Predisse que haveria  abundância de víveres, em meio a fome e escassez em Samaria (II Rs 7.1);
  • Anunciou a morte de Ben-Hadade, rei da Síria, e que Hazael reinaria em seu lugar (II Rs 8.7-15);
  • Revelou que o rei Jeoás iria ferir os sírios por três vezes (II Rs 13.14-19). 

5.3 Ministerial. Deus havia ordenado a Elias que ungisse Eliseu como profeta em seu lugar: “A Eliseu, filho de Safate ungirás profeta em teu lugar” (I Rs 19.16). Quando Elias lançou-lhe a capa, ele o seguiu, demonstrando estar disposto a renunciar o trabalho e até mesmo o convívio familiar para atender ao chamado divino (I Rs 19.20,21). Dali em diante ele passou a servir a Elias (II Rs 3.11). Quando Elias foi transladado (II Rs 2.1-11), Eliseu iniciou o seu ministério que durou  cerca de cinquênta anos (II Rs 2.12-13.25). Por intermédio dele, o Senhor Deus abriu o rio Jordão (2 Rs 2.13,14);  multiplicou o azeite da viúva (2 Rs 4.1-7); ressuscitou o filho da sunamita (2 Rs 4.8-37); curou o general Naamã (2 Rs 5); fez o machado flutuar (2 RS 6.1-7); dentre outros milagres.

CONCLUSÃO

            O profeta Eliseu foi chamado por Deus para o ministério profético, aprendeu com o profeta Elias, e tornou-se um dos personagens mais notáveis da Bíblia. Sua história está registrada em (I Rs 19-16 - II Rs 13.20), onde a Bíblia registra não apenas suas profecias, mas, também, sua vida e suas obras. Ele foi reconhecido como um santo homem de Deus! Sem dúvida, ele nos deixou um grande legado, moral, ministerial e espiritual, e, até mesmo o registro de sua doença na velhice, bem como a sua morte, nos ensina grandes lições de vida.

REFERÊNCIAS

  • CHAMPLIN, R.N. Enciclopedia de Bíblia Teologia e Filosofia. HAGNOS.
  • ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
  • GONÇALVES, José. Porção Dobrada. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.

COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PROF. PAULO AVELINO

Lição 13 - A Morte de Eliseu VI

Eliseu teve um ministério longo e profícuo e a sua vida causou um grande impacto na história bíblica. Não há como minimizar a importância do profeta de Abel-meolá sobre a cultura judaico-cristã.

Neste capítulo iremos acompanhar os últimos passos do profeta Eliseu e os fatos relacionados a ele. Constataremos que Eliseu foi de fato um gigante espiritual, mas como todos os mortais, estava sujeito as limitações comuns a todos os homens — nasceu, cresceu, envelheceu e morreu. Eliseu morreu, mas não como morre um “famoso”. Quando escrevia sobre a história do profeta Eliseu, achei interessante a análise que fez o escritor Michael Largo em seu inusitado livro: Assim Morreram os Ricos e Famosos (2008, pp.8,9). Ao escrever sobre a morte dos famosos, disse:

“No caso das celebridades, em que cada gesto é alvo de atenção das publicações populares, a morte é inteiramente outra história: entre elas, a verdadeira causa do falecimento em geral é o detalhe final que costuma ser omitido ou ocultado. Existem centenas de revistas que se dedicam a acompanhar os atos mais insignificantes de pessoas famosas. Livros e programas de televisão documentam os altos e baixos de suas carreiras. Quando elas morrem, porém, seu decesso é sujeito à maquiagem final: assessores de imprensa, agentes, empresários e curadores de suas heranças procuram evitar que a verdade chegue aos jornais. Embora reis, políticos e membros da alta sociedade sempre tenham sido fonte de notícias e fofocas, hoje a mídia transforma muitas figuras públicas em artistas, de certa maneira, cuja imagem precisa ser “administrada” mesmo após sua morte. No entanto, como observou o escritor irlandês Percival Arland Usher, ‘um homem não morre de amor, do fígado ou mesmo de velhice — ele morre de ser homem-”.1

Fica, portanto, em destaque o fato de que os homens fazem parte da história, inclusive morrendo, enquanto Deus se mostra como Senhor dela. No caso de Eliseu, a Escritura não maquiou nenhum detalhe da sua morte, mas mostrou como Deus foi glorificado, mesmo na morte desse homem de Deus (2 Rs 13.14-25).

A doença terminal de Eliseu

A velhice de Eliseu

Um bom tempo já havia se passado desde a última aparição do profeta de Abel-meolá no registro bíblico (2 Rs 9.1). De fato entre os capítulo 9 e 13 de 2 Reis há um intervalo de aproximadamente quarenta anos. Os estudiosos acreditam que por essa época Eliseu deveria estar com a idade aproximada de oitenta anos.

Eliseu fora chamado quando ainda era jovem, mas agora estava velho e doente. Às vezes idealizamos de tal forma os homens de Deus que acabamos esquecendo que eles são humanos. Envelhecem, adoecem e também morrem. O texto bíblico deixa patente o lado humano do profeta. Fora um grande homem de Deus e ainda o era, com tudo isso era um homem.

O sofrimento de Eliseu

O mesmo texto que trata da doença e velhice de Eliseu fala também do seu sofrimento (2 Rs 13.14; 20). Eliseu estava doente (hb. choliy), e isso sem dúvida lhe causava algum sofrimento. E muito difícil dizer que Eliseu padeceu, mas não sofreu.

Mas o foco aqui não é o sofrimento em si, mas como Deus trata o profeta nesse momento de sua vida e como ele responde a isso. Mesmo alquebrado pelos anos, Eliseu continuava com o mesmo vigor espiritual de antes. Possuía ainda a mesma visão da obra de Deus. Em nada a doença, sofrimento ou quaisquer outras coisas impediu-o de continuar sendo uma voz profética.

No livro de minha autoria, A Prosperidade à Luz da Bíblia (CPAD, 2012), refutei a crença dos teólogos da Confissão Positiva acerca do sofrimento. Para esses mestres, os crentes não precisam mais sofrer, pois segundo eles, todo sofrimento já foi levado na cruz do calvário e o Diabo deve ser responsabilizado por toda e qualquer situação de desconforto entre os crentes. Aqui há uma clara influência da Ciência Cristã que também não admitia a existência do sofrimento. A Bíblia diz que o cristão não deve temer o sofrimento nem tampouco negá-lo (Cl 1.24; Tg 5.10).

John Ankerberg e Dillon Burroughs (2010, p.53), escrevem que:

O sofrimento geralmente não é uma experiência agradável. No entanto, o bem pode ser encontrado em tempos de sofrimento, até mesmo nas situações mais extremas. Em nosso livro Defending Your Faith (Defendendo a sua Fé), compartilhamos algumas razões por que às vezes as pessoas experimentam o sofrimento:

• Para nos tornarmos exemplos para os outros.

• Para melhor nos compadecermos dos outros.

• Para permanecermos humildes

• Como uma ferramenta de aprendizado.

• Para dependermos do poder de Deus.

• Para crescermos no nosso relacionamento com Cristo (desenvolvendo o fruto do Espírito — Gálatas 5.22,23).

• Para revelar a necessidade da disciplina de Deus em nossa vida.

• Para promover a obra de Cristo (quando os maus tratos a um missionário abrem oportunidades para impactar outros com o amor de Cristo).

Um grande exemplo pode ser encontrado em Filipenses 1.12-14, onde lemos:

“Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus”.2

Ainda nessa obra, em um capítulo onde procurei mostrar a melhor interpretação das palavras do apóstolo Paulo em Filipenses 4.13, tratei mais exaustivamente sobre a questão das adversidades da vida:

“Ora muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade. Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância: em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece. Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição. E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente. Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica. Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que abunde para a vossa conta. Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância: cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus. O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4.10-19).

Aqui estão as palavras que tem sido o carro-chefe do triunfalismo neopentecostal:

“Posso todas as coisas naquele que me fortalece (Fp 4.13). Estas palavras foram escritas pelo apóstolo Paulo e endereçadas à igreja de Filipos por ocasião de sua segunda viagem missionária (At 16.6-40).

Os estudiosos da Bíblia estão de acordo que o apóstolo endereçou essa carta à igreja de Filipos por ocasião de seu aprisionamento em Roma. Mas o que essas palavras de Paulo significam não tem tido o mesmo consenso entre os evangélicos. O sentido mais popular dado a ela expõe mais presunção do que confiança; mais triunfalismo do que uma verdadeira fé. Fora do seu contexto, o entendimento que lhe é atribuído é que o crente pode possuir o que quiser, já que é Deus quem lhe garante isso. “Tudo posso” ganhou o sentido de “Tenho Posse”. Passa, então a ser usado como um mantra que garante a conquista de bens materiais seja em que condição for. Mas será esse o real sentido desse versículo?

Como já vimos, uma das regras básicas dos princípios de interpretação da Bíblia é a análise do contexto da passagem que se está estudando. A grande maioria dos erros doutrinários surge por conta da violação desse princípio. O texto ora em estudo não foge a essa regra.

Quando alguém usa as palavras de Paulo para justificar uma vida em total saúde e riqueza e isenta de problemas, evidentemente que está fazendo uso indevido do pensamento do apóstolo. Isso por uma razão bastante simples — antes de declarar sua total suficiência em Cristo, o apóstolo diz: “Sei estar abatido, e sei também ter abundância: em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade” (Fp 4.12). Somente após afirmar que passou por situações mais adversas nas quais viveu em escassez e em outras nas quais experimentou abundância é que ele diz poder todas as coisas naquEle que o fortalecia. Ao estudar exaustivamente as palavras de Paulo em sua carta aos filipenses, o erudito William Hendriksen (2005, p.593) destacou que:

“Paulo não é nenhum presunçoso para proclamar: ‘Eu sou o capitão da minha vida’. Nem tampouco é um estoico que, confiando em seus próprios recursos, e supostamente imperturbável ante o prazer ou dor, busque com todas as suas forças supor, sem a menor queixa, sua irremediável necessidade. Conhece (pessoalmente) tanto as alegrias quanto as aflições, e aprendeu a permanecer contente. Seu contentamento, porém, tem sua razão em um outro, além de si mesmo. O verdadeiro Manancial ou Fonte da suficiência espiritual de Paulo está mencionado no versículo 13. E essa fonte jamais secará, não importa quais forem as circunstâncias (...) aqueles que rejeitam a Cristo não podem compreender como um cristão pode permanecer calmo na adversidade e humilde na prosperidade.”3

Dizer, portanto, que Paulo “deu a volta por cima” é forçar a Escritura dizer uma coisa que ela não diz. Paulo não serve como exemplo de alguém que começou pobre e terminou rico. Paulo nunca se preocupou por estar por baixo e também nunca se preocupou em ficar por cima. Paulo começou seu ministério fazendo tendas, que era um trabalho duro (At 18.3), e terminou em uma prisão em Roma (Fp 3.12; At 28.30). A prosperidade do apóstolo não dependia da abundância ou escassez de bens materiais, mas da sua suficiência em Cristo. Hendrikson resume as palavras do apóstolo nesse contexto como segue:

1. Viver em circunstâncias de apertura

O apóstolo de fato sabia o que era passar necessidade (At 14.19; 16.22-25; 17.13; 1812; 20.3; 21—27; 2 Co 4.11; 6.4,5; 11.27,33).

Ele sabia o que era fome, sede, jejum, frio, nudez, padecimentos físicos, tortura mental, perseguição, etc.

2. Ter fome

Fome e sede são com frequência mencionadas juntas (Rm 12.20; 1 Co 4.11; 2 Co 11.27; cf. como anseio espiritual: Mt 5.6).

3.Ter carência

O apóstolo, com frequência, não tinha o necessário. Sua falta de conforto era tanta, que sua situação chegava à mais dura penúria. Todavia, nenhuma dessas coisas o privou de seu contentamento.

4. Ter fartura

Antes de sua conversão, Paulo era um fariseu preeminente. O futuro se lhe divisava brilhante e promissor. Paulo possuía abundância, e isso de várias maneiras. Todavia, ele tinha carência do tesouro mais precioso: a paz centrada em Cristo.4

Para o apóstolo, a sua prisão estava sendo uma fonte de bênçãos para o progresso do evangelho da mesma forma que a sua liberdade havia sido (Fp 1.13,14). O que importava naquele momento não era uma conquista pessoal, mas ser Cristo Jesus engrandecido pelo seu testemunho, mesmo que esse fosse dado de dentro de uma masmorra. Não vemos em Paulo um escapismo triunfalista que nega o sofrimento através da confissão positiva do tipo “tudo posso, tudo posso!”. Nem vemos lamentando tampouco por Deus haver permitido tal situação. O que prevalece é o contentamento em tudo! Somente pessoas amadurecidas na fé são conscientes de que a alegria espiritual pode brotar em meio ao sofrimento (2 Co 12.10).

O expositor bíblico R.C. Sproul (199, p.305,306), comenta que:

“As vezes, a presença da dor em minha vida traz o beneficio prático de me santificar. Deus trabalha em mim através da aflição. Por mais desconfortável que a dor possa ser, sabemos que as Escrituras nos dizem constantemente que a tribulação é um meio pelo qual somos purificados e conduzidos a uma dependência mais profunda de Deus. Há um beneficio a longo prazo que presumivelmente perderíamos não fosse pela dor que somos chamados a “suportar por um pouco”. As Escrituras nos dizem para suportar por um pouco, porque a dor que experimentamos agora não pode ser comparada com as glórias reservadas para nós no futuro. Do outro lado, o prazer pode ser narcótico e sedutor, de modo que quanto mais o apreciamos e mais o experimentamos, menos conscientes nos tornamos de nossa dependência e necessidade da misericórdia, auxílio e perdão de Deus. Prazer pode ser um mal disfarçado, produzido pelo Diabo para nos levar à ruína final. Essa é a razão porque a procura do prazer pode ser perigosa. Quer experimentando dor ou prazer, não queremos perder Deus de vista, e nem a necessidade que temos dele”.5

A profecia final de Eliseu
A ação de Deus na profecia

Hoje está na moda o famoso jargão: “Eu profetizo sobre a tua vida”. Esse jargão é muito bonito e vem vestido de roupagens espirituais, mas não passa de uma presunção humana. Isso por uma razão bem simples: nenhuma profecia, que se ajuste ao modelo bíblico, tem seu ponto de partida na vontade humana (2 Pe 1.20,21). Esse fato é demonstrado pela expressão: “Assim diz o Senhor” (2 Rs 2.21; 3.16). As palavras de Eliseu: “Flecha da vitória do Senhor” (2 Rs 13.17), possui sentido semelhante. A profecia tem sua origem em Deus e não no homem. Eliseu não profetizou antes para depois se inspirar, mas foi primeiramente inspirado para depois profetizar (2 Rs 3.15).

Infelizmente há pregadores que se passam por profetas tomando como ponto de partida em suas mensagens não mais as Escrituras Sagradas, mas o ocultismo ensinado na Cabala, no judaísmo rabínico e em diversos livros apócrifos. Para esses “profetas” o mundo espiritual é formado por ciclos que se materializam neste mundo físico. Dessa forma alegam que quando Deus criou o mundo, passou-se o primeiro, o segundo, o terceiro dia até chegar ao ciclo completo que é o sábado! Depois do sábado o ciclo começa novamente! Para eles, a Bíblia é cheia de códigos e esse arranjo matemático provaria que o ciclo muda a cada “sete”, sendo que esse “sete” seria o número de Deus enquanto o seis seria o número do homem! Fundamentado nesse artifício, que não tem uma só letra do Novo Testamento a seu favor, derramam suas falsas profecias do tipo: “Daqui a cinquenta dias algo tremendo vai acontecer em sua vida”.

A propósito, Wayne Grudem (2004, pp.232,233) faz uma importante observação sobre o profetizar no Novo Testamento:

“No NT, a palavra “profeta” parece não descrever ofício formalmente reconhecido ou posição. Em vez disso, é um termo funcional. Os que profetizam regularmente são chamados de profetas. Contudo, mesmo quem não profetiza com regularidade podia profetizar ocasionalmente.”6

A participação humana na profecia

Vimos que uma profecia genuinamente bíblica tem sua origem em Deus. Todavia a Escritura mostra que existe também a participação do homem nesse processo. A indignação de Eliseu deixa clara a sua decepção com a falta de discernimento do rei. Faltou ao rei Jeoás a fé! Ele não percebeu que não se tratava de um mero ritual no qual ele teria apenas uma participação técnica. A sua vitória seria do tamanho da resposta que ele desse ao profeta. Deveria ter ferido a terra cinco ou seis vezes, mas fez apenas três. Uma fé tímida obtém uma vitória pela metade. O escritor C. Samuel Sorms, pertencente ao Movimento Terceira Onda, põe esse fato sobre a profecia em destaque quando diz:

“A chave se acha em reconhecer que, com cada profecia, existem quatro elementos, dos quais somente um é seguramente da parte de Deus: existe a revelação propriamente dita; existe a percepção ou recepção, por parte do crente, daquilo que foi revelado; existe a interpretação daquilo que foi revelado, ou a tentativa de averiguar seu significado; e existe a aplicação daquela interpretação. Deus é responsável exclusivamente pela revelação. Tudo quanto ele desvenda diante da mente humana é totalmente isento de erro. E tão infalível quanto o próprio Deus. Não contém nenhuma falsidade; é totalmente verdadeiro em todas as suas partes. Realmente, a revelação, que é a raiz de toda expressão verbal profética genuína, é tão inerrante e infalível quanto a própria Palavra de Deus registrada por escrito (a Bíblia). Em termo de revelaçao somente, o dom profético no NT não difere em nada do dom profético no AT.

O erro entra quando o ser humano que recebe a revelação de Deus a percebe, a interpreta e/ ou a aplica erroneamente. O fato de Deus ter falado de modo perfeito não significa que os seres humanos escutaram de modo perfeito. E possível que interpretem e apliquem, sem erro, aquilo que Deus revelou. Mas a mera existência de uma revelação divina não garante, por si só, que a interpretação ou aplicação da verdade revelada por Deus compartilhará daquela mesma perfeição.”7

O último milagre de Eliseu
A eternidade efidelidade de Deus

É interessante observarmos que o último milagre de Eliseu se deu postumamente. Eliseu já estava morto quando ocorre algo envolvendo seus restos mortais que desafia toda a razão humana (2 Rs 13.19,20). Essa passagem revela pelo menos dois aspectos dos atributos de Deus — em primeiro lugar ela mostra que Deus é eterno. A. W.Tozer (2000, pp.l 1,12) chamou a atenção para esse fato quando comentou o texto bíblico: “Como fui com Moisés, assim serei contigo”. Tozer destacou que:

“A incondicional prioridade de Deus em seu universo é uma verdade no Antigo e no Novo Testamentos. O profeta cantou essa verdade em linguagem de êxtase: ‘Não és tu desde a eternidade, ó Senhor meu Deus, ó meu Santo?’O apóstolo João a expõe com cuidadosas palavras de denso significado: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.’[...] Não podemos pensar certo sobre Deus enquanto não começamos a pensar nEle como estando sempre ali, e ali primeiro, sempre existente antes de tudo mais. Josué teve que aprender isso. Ele fora servo de Moisés, servo de Deus, e com tanta segurança recebera em sua boca a Palavra de Deus, que Moisés e o Deus de Moisés se tundiram na mente dele, em fusão tal que ele mal podia separar os dois pensamentos; por associação sempre apareciam juntos em sua mente. Agora Moisés estava morto e, para que o jovem Josué não seja abatido pelo desespero, Deus lhe fala para dar-lhe segurança: ‘Como fui com Moisés, assim serei contigo.’ Moisés estava morto, mas o Deus de Moisés continuava vivo. Nada mudara e nada se perdera. De Deus nada morre quando morre um homem de Deus.”8

Em segundo lugar, a Escritura revela aqui a Fidelidade de Deus. Aquilo que Ele prometeu, Ele cumpre, mesmo quando as circunstâncias parecem dizer o contrário. Ao permitir que o toque nos restos mortais de Eliseu desse vida a um morto, Deus mostrava ao rei Jeoás que a morte de Eliseu não iria impedir aquilo que há algum tempo ele havia prometido a ele. Deus é fiel e vela sobre a sua palavra para a cumprir.

A honra de Eliseu

Mas além da fidelidade e eternidade de Deus que ficam bem patentes nesse último milagre de Eliseu, há ainda mais uma lição que o texto deixa em relevo. Aqui é possível perceber que mesmo morto, o nome de Eliseu continuaria sendo lembrado como um homem de Deus. Elias subiu ao céu vivo. Eliseu deu vida mesmo estando morto. Os intérpretes destacam que esse milagre de Eliseu mostra que o Senhor possui planos diferenciados para cada um de seus filhos e que, portanto, não devemos fazer comparações nem questionar os atos divinos (Jo 21.19-23). A Bíblia fala de homens cujas ações continuam falando mesmo depois de suas mortes (Hb 11.4).

O legado de Eliseu
Legado sócio-cultural

Já estudamos que Eliseu supervisionava a escola de profetas (2 Rs 6.1). Esse sem dúvida foi um dos seus grandes legados. Todavia Eliseu fez muito mais. Ele teve uma participação ativa na vida social da nação. Enquanto Elias era um profeta do deserto, Eliseu teve uma atuação mais urbana. Eliseu tinha acesso aos reis e comandantes militares e possuía influência suficiente para deles pedir algum favor (2 Rs 4.13). Como povo de Deus não podemos viver isolados da vida social da nação, mas aproveitar as oportunidades para abençoar os menos favorecidos.

Legado espiritual

Há uma extensa lista de obras e milagres operados através do profeta Eliseu. Sem dúvida eles demonstram seu grande legado espiritual. Podemos enumerar alguns aqui: Abertura do Jordão (2 Rs 2.13,14); a purificação da nascente de água (2 Rs 2.19-22); O azeite da viúva (2 Rs 4.1-7); o filho da sunamita (2 Rs 4.8-37); a panela envenenada (2 Rs 4.38-41); A multiplicação dos pães e das sementes (2 Rs 4.42-44); a cura de Naamã (2 Rs 5); o machado que flutuou (2 RS 6.1-7); o caso de Dotã (2 Rs 6.11-23); escassez e festa em Samaria (2 Rs 6.24—7.20); revelação a Hazael (2 Rs 8.7-15); profecia ao rei Jeoás (2 Rs 13.14-19) e a ressurreição de um homem (2 Rs 13.21).

Assim termina a vida do profeta de Abel-meolá. Um grande homem de Deus que nunca deixou de ser servo. Começou pondo água nas mãos de Elias (2 Rs 3.11), um gesto claro de sua presteza em servir, e terminou sendo exaltado por Deus. Mesmo sem ter escrito uma linha, se levanta como um dos maiores profetas bíblicos de todos os tempos. Deixou sua marca na História, mas em nenhum momento atraiu para si a atenção pelos milagres feitos. Deus a quem ele amava e servia era sua fonte de satisfação. Devemos imitá-lo nisso.

Lição 13A Morte de Eliseu VII

COMENTÁRIO

Texto de Josafá R. Lima em http://pensarfazmuitobem.blogspot.com.br/2013/03/a-morte-de-eliseu.html

A morte de Eliseu

“E sucedeu que, enterrando eles um homem, eis que viram um bando e lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem e tocando os ossos de Eliseu, reviveu e se levantou sobre seus pés” (2 Rs 13.21).

introdução

Na lição de hoje, acompanharemos os últimos momentos da vida deste gigante da fé que foi o profeta Eliseu. Aprenderemos com sua velhice, enfermidade e morte algumas lições sobre a brevidade da vida terrena e as vicissitudes por que todos os mortais estão destinados a passar: nascer, crescer e morrer, independente da posição espiritual que ocupa. Veremos também qual propósito de Deus em realizar o último milagre por meio do profeta Eliseu quando este já estava morto e qual o inestimável legado deixado pelo profeta de Abel-meolá.

I. A DOENÇA TERMINAL DE ELISEU

A vida é o dever que trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas. Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal! Quando se vê, já terminou o ano! Quando se vê, já se passaram cinquenta anos (...). Mário Quintana.

1. A velhice de Eliseu, sua doença e sofrimento.

Cerca de cinquenta anos haviam se passado desde que o jovem Eliseu fora escolhido para suceder Elias. Meio século de ministério frutífero havia impactado nada menos que quatro nações: Israel, Judá, Moabe e Síria, ministério diferenciado por manifestações extraordinárias do poder Deus. “Mas o tempo”, frase que costumamos ouvir das pessoas no dia-a-dia, “passa rápido” e Eliseu já tinha cerca de oitenta anos. A velhice havia chegado para o profeta, e com a velhice os problemas e saúde, o sofrimento e a iminência da morte.

Com a velhice a doença e o sofrimento. A Bíblia afirma que Eliseu encontrava-se doente de sua doença de que morreu, passando por sofrimento tamanho que comoveu o coração de Joás, rei de Israel. “E Joás, rei de Israel desceu a ele, e chorou sobre o seu rosto, e disse: “Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros!” O grande profeta de Israel experimentou plenamente as agonias próprias do envelhecimento e morte, fato comum a todos os mortais.

1.1 A experiência de Eliseu nos mostra que, por mais nobres e grandes que os homens sejam, eles não se livram de sua condição de mortais. Homem de reputação irrepreensível, Eliseu gozava de comunhão singular com Deus evidenciada nos milagres que realizou, sempre em favor de pessoas extremamente necessitadas. De fato, Eliseu foi um homem singular na história de Israel. Pessoas assim são amadas, reverenciadas e idealizadas como se fossem sobre-humanas, e soa inconsequente que elas passem pelo mesmo processo natural da vida por que passam o comum dos homens. Mas, via de regra, a velhice e a doença chegam para todos, e com a doença a morte.

Lembro-me de um colega que precisava apresentar um trabalho acadêmico diante de grandes vultos do saber de uma renomada universidade de São Paulo. Na hora da apresentação, o seu temor e nervosismo se faziam perceber nos tremores de suas mãos. Um amigo dele se aproximou e cochichou no seu ouvido: “Não esqueça que seus avaliadores são da mesma espécie que você. Eles e nós temos muita coisa em comum, acredite”. Pois é isso mesmo. Por maior que seja o homem, por incríveis que sejam as suas realizações, ainda são meros mortais fadados à lei inexorável do processo natural da vida: nascemos, crescemos e morremos. A grande diferença está no como vivemos e não no como morremos. Como bem lembra o pastor José Gonçalves, “às vezes idealizamos de tal forma os homens de Deus que acabamos nos esquecendo de que eles também são humanos. Envelhecem, adoecem e também morrem. Eliseu fora um grande homem de Deus e ainda era nos dias de sua enfermidade, mas ainda assim era um homem”.

1.2 A experiência de Eliseu nos alerta sobre a brevidade da vida e a eternidade de Deus.“Quanto ao homem, os seus dias são como a erva, como a flor do campo assim floresce. Passando por ela o vento, logo se vai, e o seu lugar não será mais conhecido.” (Salmo 103.15-16).

“Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta o quanto sou frágil” (Sl 34.9).

“Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” (Eclesiastes 12.1).

Os homens de todas as épocas e lugares se debateram com a angústia de pensar sobre a rapidez com que a vida passa. Por outro lado, a coletânea de pensamentos que nos legaram sobre a própria finitude é uma advertência contra a tentação de nos esquecermos desta realidade: A vida passa muito rapidamente. Tiago a comparou a um simples vapor (Tg 4.14), o profeta Isaías à erva do campo (Is 40:6), o rei Davi a comparou a um sopro (Sl 144.4), e Moisés a compara a um conto ligeiro (Sl 90:9,10).

Mas em contraste com a brevidade da vida humana, há uma eternidade que se desenrola por trás das cortinas da existência terrena. A Bíblia afirma que Deus colocou a eternidade no coração do homem (Ec 3.11). Cada dia vivido aqui nos põe mais perto do fim desta dimensão e nos projeta para mais perto da eternidade (ver 2Co 5.1; 1Jo 2.7). A maneira como vivemos esta vida, como gastamos nossos dias e talentos, como nos relacionamos com Deus determinará o estado de nosso futuro eterno. Eliseu foi um grande exemplo de alguém que em sua curta existência viveu para servir a Deus a ao próximo.

II. A PROFECIA FINAL DE ELISEU

1. A ação de Deus na profecia. É muito comum vermos nos cultos pentecostais de hoje uma onda de otimismo que leva ministros a profetizarem toda sorte de bênçãos e vitórias sobre os fiéis da igreja, principalmente sobre aqueles que mais contribuem financeiramente com os projetos da igreja. Muitos usam como referencial o relato bíblico em que Elias profetizou que não choveria em Israel “segundo a minha palavra”, disse o profeta. Já ouvi muitos pregadores, num arroubo de emoções, dizerem no púlpito que, se Elias profetizou segundo a sua própria palavra, e Deus cumpriu o que disse o profeta, ele também tinha autoridade para determinar a bênção sobre o seu ouvinte, crente de que Deus assinaria embaixo. Todavia, do que podemos aprender da Bíblia sagrada, nenhum ministro tem autoridade para determinar o que quer que seja na vida de alguém se não houver recebido determinação do próprio Deus. O caso de Elias não foge a esta regra. Como informa o pastor José Gonçalves, nenhuma profecia que se ajuste ao modelo bíblico tem seu ponto de partida no querer humano, mas na vontade soberana de Deus (2 Pe 1.20,21).

No caso do profeta Eliseu, ao profetizar a vitória do rei Joás sobre os sírios, ele apenas expressa a vontade do coração de Deus, não a sua própria vontade. Isso está bem evidenciado na expressão “flecha do livramento do Senhor” (2Rs 13.17). A expressão “Assim diz o Senhor”, amiúde usada pelos profetas veterotestamentários, inclusive pelo profeta Eliseu (2Rs 2.21; 3.16), reflete o desígnio divino na profecia e mostra que a origem da profecia está na vontade soberana de Deus e não no homem.

2. A participação humana na profecia (2Rs 13.17-19). Eliseu revelou o desígnio de Deus de que Joás venceria os sírios, mas a profecia dependia da obediência de Joás em atender a ordem do profeta, Primeiramente a ordem para atirar com sua flecha pela janela a esmo, sem ainda mesmo saber do que se tratava. Segundo, a intensidade com que feriria seus inimigos dependeria do número de vezes que o rei, atendendo uma segunda ordem de Eliseu, feriria a terra com seu arco. Isso nos mostra que, a despeito de a profecia ter sua origem na vontade soberana de Deus, a participação humana no que diz respeito a obediência a Palavra de Deus, empenho e dedicação a causa de Deus, discernimento e perseverança é de fundamental importância. O relato bíblico mostra que Eliseu muito se indignou com Joás porque este feriu a terra poucas vezes, demonstrando pouquíssimo discernimento, falta de fé e perseverança. Mais uma vez recorremos ao comentário feliz do Pastor José Gonçalves para dizer que uma fé tímida obtém uma vitória igualmente tímida, verdade ressaltada por Jesus no Novo Testamento (Mt 9.9).

III. O ÚLTIMO MILAGRE DE ELISEU

1. A eternidade e a fidelidade de Deus. Deus é soberano e eterno e faz coisas que a razão humana não consegue atingir. No texto bíblico da lição de hoje temos o caso de um milagre realizado postumamente por Eliseu. Depois de morto o homem de Deus, e já sepultado, um defunto foi lançado na cova do profeta e, entrando em contato com seus ossos, ressuscitou (2Rs 13.19,20).

É claro que Deus não faz nada sem um propósito firme relacionado às suas criaturas. Deus não brinca de fazer milagres. Essa passagem revela dois atributos de Deus e está relacionada à promessa feita a Joás antes de Eliseu morrer (2 Rs 13.14-21). Contra o desespero do rei em razão da morte do profeta (sempre fica uma sensação de desamparo quando morre alguém que servia de suporte espiritual para nós), Deus mostra com este último milagre que o encerramento da vida do profeta não põe fim às suas ações, pois o seu poder subsiste a tudo e a todos (Hb 1.8).

“A incondicional prioridade de Deus em seu universo é uma verdade no Antigo e no Novo Testamento. O profeta cantou essa verdade em linguagem de êxtase: ‘Não és tu desde a eternidade, ó Senhor meu Deus, ó meu Santo?’ O apóstolo João a expõe com cuidadosas palavras de denso significado: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.’[...] Não podemos pensar certo sobre Deus enquanto não começamos a pensar nele como estando sempre ali, e ali primeiro, sempre existente antes de tudo mais. Josué teve que aprender isso. Ele fora servo de Moisés, servo de Deus, e com tanta segurança recebera em sua boca a Palavra de Deus, que Moisés e o Deus de Moisés se fundiram na mente dele, em fusão tal que ele mal podia separar os dois pensamentos; por associação sempre apareciam juntos em sua mente. Agora Moisés estava morto e, para que o jovem Josué não seja abatido pelo desespero, Deus lhe fala para dar-lhe segurança: ‘Como fui com Moisés, assim serei contigo.’ Moisés estava morto, mas o Deus de Moisés continuava vivo. Nada mudara e nada se perdera. De Deus nada morre quando morre um homem de Deus.” (A. W.Tozer ,2000, pp.l 1,12)

Em segundo lugar, este último milagre evidencia a fidelidade de Deus. Ele não depende de circunstância, profeta A ou profeta B para cumprir seus propósitos. É verdade que ele instrumentaliza pessoas, algumas de maneira extraordinária, mas é Ele quem opera tudo em todos. Morrendo o profeta, trocando-se o sacerdócio, mudando-se os tempos e os reinos, suas promessas continuam de pé. Portanto, “ao permitir que o toque nos restos mortais de Eliseu desse vida a um morto, Deus mostrava ao rei Joás que a morte de Eliseu não iria impedir aquilo que há algum tempo ele havia prometido a ele” - palavras do pastor José Gonçalves.

2. A honra de Eliseu. Há homens que deixam marcas indeléveis na história e são honrados, lembrados e amados séculos depois de sua morte. Em se tratando de grandes homens de Deus, como Eliseu, o próprio Deus dá testemunho deles depois de finda a sua vida aqui. É assim que o eterno dá testemunho de Noé, Moisés, Samuel, Daniel e Jó, séculos depois da morte destes:

“Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não estaria a minha alma com este povo” ( Jeremias 15:1)

“(...) ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça, livrariam apenas a sua própria vida, diz o Senhor Deu” (. Ezequiel 14:14).

No caso do milagre póstumo realizado por Eliseu, além do objetivo de mostrar sua fidelidade e eternidade, Deus objetivava honrar a memória de seu servo, honrando-o mesmo depois de morto. Séculos depois de sua morte, o nome de Eliseu continuaria sendo lembrado como um homem de Deus. Existem sempre algumas peculiaridades envolvendo a vida e a morte de grandes homens de Deus. Como destacado pelo pastor José Gonçalves, Elias subiu ao céu vivo, Eliseu deu vida mesmo estando morto. Os intérpretes destacam que esse milagre de Eliseu mostra que o Senhor possui planos diferenciados para cada um de seus filhos e que, portanto, não devemos fazer comparações nem questionar os atos divinos (Jo 21.19-23). A Bíblia fala de homens cujas ações continuam falando mesmo depois de suas mortes (Hb 11.4).

IV. O LEGADO DE ELISEU

1. Legado sociocultural. O legado sociocultural de Eliseu está bem apresentado nas palavras do pastor José Gonçalves. Já estudamos que Eliseu supervisionava a escola de profetas (2 Rs 6.1). Esse sem dúvida foi um dos seus grandes legados. Todavia Eliseu fez muito mais. Ele teve uma participação ativa na vida social da nação. Enquanto Elias era um profeta do deserto, Eliseu teve uma atuação mais urbana. Eliseu tinha acesso aos reis e comandantes militares e possuía influência suficiente para deles pedir algum favor (2 Rs 4.13). Como povo de Deus não podemos viver isolados da vida social da nação, mas aproveitar as oportunidades para abençoar os menos favorecidos.

2. Legado espiritual. As façanhas realizadas por Eliseu em nome do Deus de Israel seriam contadas e recontadas no decorrer da história, para fortalecer e enlevar a fé dos crentes. Tais façanhas enunciam o legado espiritual de um homem que viveu para fazer a vontades de Deus. Ouvi de certo pregador a seguinte afirmativa: “O mundo precisa ver o que Deus pode fazer com um homem totalmente entregue em suas mãos”. Os contemporâneos de Eliseu viram Abertura do Jordão (2 Rs 2.13,14); a purificação da nascente de água (2 Rs 2.19-22); a multiplicação do azeite da viúva (2 Rs 4.1-7); a ressurreição do filho da sunamita (2 Rs 4.8-37); a cura da panela envenenada (2 Rs 4.38-41); A multiplicação dos pães e das sementes (2 Rs 4.42-44); a cura de Naamã (2 Rs 5); o machado que flutuou (2 RS 6.1-7); o caso de Dotã (2 Rs 6.11-23); escassez e festa em Samaria (2 Rs 6.24—7.20); revelação a Hazael (2 Rs 8.7-15); profecia ao rei Jeoás (2 Rs 13.14-19) e a ressurreição de um homem (2 Rs 13.21). É, de fato, um grande legado espiritual.

CONCLUSÃO

Ouvi de certo pregador a seguinte afirmativa: “O mundo precisa ver o que Deus pode fazer com um homem totalmente entregue em suas mãos”. Os contemporâneos de Eliseu viram de perto. Nós vemos através do relato bíblico.

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