Elias,
homem sujeito às mesmas paixões que nós, teve seu momento de depressão.
INTRODUÇÃO
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Na sequência do estudo sobre o ministério do profeta Elias, estudaremos hoje
o seu momento de fracasso espiritual, o instante em que caiu em depressão.
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O episódio da depressão de Elias, mostra-nos que a depressão é doença que pode
nos acometer, sem que, por isso, deixemos de ser servos do Senhor.
I
– ELIAS PEDE QUE CHOVA SOBRE A TERRA
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Na sequência do estudo sobre o ministério do profeta Elias, primeiro bloco
deste trimestre, nosso comentarista nos convida a estudarmos o momento de
depressão vivido pelo profeta, episódio que nos mostra que Elias, como diz
Tiago, era um homem sujeito às mesmas paixões que nós (Tg.5:17).
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Antes, porém, tomaremos a liberdade de, na sequência do que estamos a estudar,
comentarmos o episódio em que o profeta pede que chova novamente sobre a Terra,
episódio que muito elucida os motivos pelos quais o profeta cai, em seguida, em
depressão.
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Conforme vimos na lição anterior, Elias tem uma grande vitória sobre os
profetas de Baal e de Asera. Pede ao Senhor que mandasse fogo sobre o
holocausto e o Senhor lhe responde imediatamente, fazendo todo o povo
reconhecer que só o Senhor era Deus. Como se não bastasse isso, faz com que o
povo volte a cumprir a lei, matando a todos os profetas de Baal e Asera,
tirando, assim, o mal do meio de Israel (Dt.13:5) e tomando as devidas
providências para que Israel temesse a Deus e não tornasse mais a fazer o que
era mal aos olhos do Senhor (Dt.13:11).
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Após ter matado os profetas de Baal e de Asera, Elias considerou que o mal
havia sido retirado do meio de Israel, que se iniciava uma nova fase na
história do seu povo, uma fase de comunhão com Deus, de retorno à
observância da lei e, havendo sido retirado o mal do meio do povo, tinha plena
convicção de que o Senhor voltaria a dar chuva sobre a terra, pois, afinal de
contas, para isso o Senhor o havia mandado se apresentar ao rei Acabe (I
Rs.18:1).
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Por isso mesmo, o profeta se dirige, então, ao rei Acabe, que, pelo que se
verifica, atônito e sem ação, assistira a todos aqueles acontecimentos, dizendo
ao rei que subisse e fosse comer e beber, porque havia ruído de uma abundante
chuva (I Rs.18:41).
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Temos, nesta expressão do profeta, a demonstração de que Elias era um homem
de fé. Pelo que observamos do texto sagrado, o céu continuava tão claro e
límpido quando desde o início da longa seca. Não havia sequer uma nuvem no céu.
Como, pois, poderia o profeta ouvir o ruído de uma chuva nestas condições?
Somente pela fé, que é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova
das coisas que não se veem (Hb.11:1- Elias mostra-nos, com clarividência, que
não podemos andar por vista, mas que é indispensável, imprescindível que, em
nossa peregrinação terrena, andemos por fé (II Co.5:7). É assim que temos
andado, amados irmãos?
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O rei Acabe atendeu à palavra do profeta e, crendo na mensagem do homem de
Deus, saiu do Carmelo e foi subir, comer e beber. Conquanto tenha
demonstrado ter crido na mensagem do profeta, vemos que o interesse do rei,
numa situação como aquela em que o Senhor havia mostrado todo o Seu poder, era
puramente carnal e voltado para as coisas desta vida.
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O próprio profeta sabia que o rei era um homem ímpio, um homem sem qualquer
relacionamento com Deus, a ponto de lhe ter dito para que subisse, comesse e
bebesse porque havia ruído de uma grande chuva. Elias sabia que Acabe era
voltado para as coisas desta vida e que, portanto, seu interesse era “comer e
beber”, nada mais que isso.
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Quantos, na atualidade, não agem da mesma maneira que Acabe? Veem a
manifestação da glória de Deus nos cultos, presenciam e testemunham operação de
sinais e maravilhas, verificam a restauração espiritual de muitos, mas, uma vez
terminado o culto, seu único interesse é “comer e beber”. São pessoas que, fora
dos ajuntamentos, não tem qualquer intimidade com o Senhor, vivem assim como os
incrédulos, vivem única e exclusivamente uma dimensão horizontal nesta sua
peregrinação terrena. Será que temos agido assim?
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Enquanto Acabe foi comer e beber, o profeta Elias subiu ao cume do Carmelo e
se inclinou por terra e meteu o seu rosto entre os seus joelhos, e pôs-se a
orar, a fim de que o Senhor mandasse chuva sobre a terra (I Rs.18:42).
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Elias havia pedido ao Senhor para que se fizesse o sinal da seca e o Senhor
havia permitido que o profeta desse a palavra profética que havia causado
aqueles três anos e seis meses de chuva. Agora, o profeta sabia que a chuva
viria, pois o Senhor o havia dito, mas a chuva somente viria com a oração do
profeta, pois assim havia sido dito na palavra profética (cf. I Rs.17:1).
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Elias sabia qual era a vontade de Deus. O Senhor já havia dito que mandaria
chuva sobre a Terra, mas, mesmo assim, foi orar, pois a oração é absolutamente
necessária para que provemos a nossa fé, a nossa confiança em Deus, para que
mostremos que somos servos do Senhor.
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Recentemente, ficamos a saber de alguém que já está a ensinar que não é
necessário que se ore ao Senhor, pois Deus, sabendo do que precisamos e do que
queremos, não exigiria de nós uma atitude desta, assim como um pai de família
não fica a exigir que seu filho fique a pedir insistentemente o que já sabe que
o filho quer. Nada mais falso, amados irmãos! Tomemos cuidado com tais ensinos
que procuram reduzir o Senhor ao nível humano.
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Elias teve de orar por, no mínimo, três razões. A primeira é que a
palavra profética proferida havia dito que a chuva somente viria pela palavra
do profeta, ou seja, assim como Elias havia orado a Deus e pedido que se
fizesse este sinal de seca, também deveria ele, agora, orar para que a chuva
viesse sobre a terra. Era esta a palavra de Deus e o Senhor vela para
cumpri-la.
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A segunda razão pela qual o profeta deveria orar era para mostrar ao povo
que tanto a seca quanto a chuva eram dadas por Deus. A oração era o
reconhecimento da soberania divina e uma comprovação de que o Senhor era o
único Deus, um Deus vivo que atende ao clamor do Seu povo.
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A terceira razão pela qual o profeta deveria orar era para mostrar ao povo
que se deve confiar em Deus, que se deve ter comunhão e intimidade com o Senhor.
A oração é uma demonstração de que a vida existe somente em Deus e que devemos,
por isso, estar em comunhão com Ele e a oração é a forma pela qual desfrutamos
desta comunhão, desta intimidade com Deus, pois Deus só ouve a quem O teme e a
quem faz a Sua vontade (Jo.9:31).
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Nesta ocasião, vemos que Elias não estava mais sozinho. Tinha consigo um moço,
personagem que somente agora aparece. Não sabemos bem quando e onde este moço
se uniu ao profeta, mas o fato é que, agora, vitorioso, Elias voltava a ter o
convívio de outras pessoas, muito provavelmente ligados à escola dos profetas.
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Elias foi orar e, depois de tê-lo feito com toda reverência e humilhação,
mandou que o moço fosse olhar para a banda do mar. O moço foi e, ao retornar,
trouxe um relatório negativo: não havia nada. Elias mandou, então, que o moço
fosse olhar por mais sete vezes. Enquanto o moço ia olhar aquelas vezes, o
profeta continuou a orar com insistência.
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Esta insistência necessária na oração do profeta traz-nos uma preciosa lição. Nem
sempre a resposta de Deus é imediata às nossas orações. Devemos orar
insistentemente, mesmo sabendo que o que estamos a pedir é a vontade do Senhor.
Muito provavelmente, o profeta teve de orar insistentemente para que o Senhor
lhe determinasse que desse a palavra profética da seca, e, agora, a mesma
insistência era necessária para que viesse a chuva.
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Esta oração insistente do profeta se contrapõe à curta e rápida oração que o
mesmo Elias havia proferido pouco antes, quando o Senhor mandou fogo que
consumiu o holocausto e o altar. Isto nos traz uma outra lição: a de que Deus
não atua da mesma maneira e da mesma forma. Deus é soberano e portanto age
como quer e quando quer. É por isso que não podemos transportar experiências
pessoais para outras situações e, muito menos, para outras pessoas.
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Na sétima vez que o moço foi olhar para banda do norte, viu uma pequena nuvem
do tamanho de u’a mão. O moço trouxe este relato ao profeta e Elias, então,
parou de orar e mandou que o moço fosse avisar Acabe para que aparelhasse o seu
carro e descesse do monte, para que a chuva não o apanhasse (I Rs.18:44).
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Mais uma vez, o profeta mostrava sua fé em Deus. Que era uma nuvem do tamanho
de u’a mão para a abundante chuva que o profeta dissera que viria? Não era caso
de continuar a orar para que as nuvens fossem abundantes, para que o céu se
enegrecesse? Não. O profeta precisava apenas de um sinal de Deus e o surgimento
daquela nuvem na forma de u’a mão, como a indicar que Deus começara a agir era
o suficiente. Temos de ter este mesmo discernimento, amados irmãos! Há tempo de
falar, mas, também, há tempo de estar calado (cf. Ec.3:7).
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Acabe, pelo que se verifica, também estava no Carmelo, mas não estava a
orar, estava apenas a comer e beber. Não foi orar com Elias, nem se
preocupou com isso. Quantos não agem desta mesma maneira nas igrejas locais na
atualidade? Quantos também não participam dos cultos de oração, aliás, nem
mesmo participam dos momentos de oração nos cultos públicos ou ensaios? A quem
nos assemelhamos: a Acabe ou a Elias?
OBS:
Recentemente soubemos de um obreiro que havia irmãos, numa
determinada igreja local, que estavam ficando em frente ao templo para entrar
somente depois que terminasse o período da oração. A que ponto chegamos!
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Acabe, porém, estava muito envolvido com a comida e a bebida, de modo que a
chuva o apanhou, visto que os céus se enegreceram com nuvens e vento e veio uma
grande chuva (I Rs.18:45). O rei subiu ao carro e foi para Jizreel, onde ficava
o seu palácio.
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A mão do Senhor estava sobre o profeta Elias, diz o texto sagrado. Com
efeito, Elias tinha feito tudo na direção e orientação do Senhor até então.
Mandou que o rei Acabe fosse para Jizreel antes que a chuva o apanhasse. Mas,
eis que, em seguida, sem que houvesse qualquer ordem de Deus neste sentido,
cingiu os lombos e veio correndo perante Acabe, até a entrada de Jizreel (I
Rs.18:46).
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Toda a depressão de Elias se inicia, quando ele, ainda debaixo da mão do
Senhor, cingiu os lombos e veio correndo perante Acabe até a entrada de Jizreel
(I Rs.18:46). Percebe-se aqui que o profeta toma uma decisão sem que Deus
lhe tivesse falado coisa alguma. A mão do Senhor estava sobre Elias, ou
seja, Elias estava em comunhão com Deus, mas, de repente, o profeta resolve
seguir o mesmo caminho, a mesma direção do perverso rei Acabe e, inclusive, sai
correndo, a fim de alcançar o rei, ficando, porém, na entrada de Jizreel, ou
seja, não chegando a entrar na cidade para onde se deslocou o séquito real.
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Vemos, desta maneira, um distanciamento de diante de Deus, um apego a algo que
não era o Senhor. Elias, certamente, de certo modo envaidecido pelos
acontecimentos, sem que Deus o mandasse, foi ao encontro do rei, porque
entendia que agora Israel retornaria a adorar somente a Deus, eliminando o
culto a Baal. Manteve-se na entrada da cidade, aguardando que Acabe tomasse as
providências para o restabelecimento do culto a Deus e, inclusive, eventual
exílio ou morte de Jezabel, a responsável por toda aquela idolatria.
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Afinal de contas, havia mandado o rei comer e beber, e o rei havia atendido.
Havia mandado o rei aparelhar seu carro e voltar para Jizreel, e o rei o havia
atendido. Nada mais restava, para que o mal fosse definitivamente tirado de
Israel, que a morte ou exílio de Jezabel.
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Elias, porém, havia, pela vez primeira no texto sagrado, ido para onde Deus não
o mandara e isto teria consequências terríveis na sua vida espiritual.
II
– ELIAS CAI EM DEPRESSÃO
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Elias aguardava na entrada de Jizreel o final do domínio de Jezabel.
Aguardava com ansiedade uma atitude de Acabe para destronar a sua mulher e pôr
fim ao culto a Baal definitivamente. Todavia, para sua surpresa, o que
encontrou foi uma mensagem ameaçadora, em que Jezabel, demonstrando não ter
sido abalada em sua posição no reino, ainda dizia ter condições para que
matasse a Elias do mesmo modo que ele havia matado os profetas de Baal e Asera.
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Elias se apegara a uma situação imaginária, a uma restauração do culto a
Deus por seu intermédio, com os dois sinais que haviam sido feitos e, sem que
Deus mandasse, já tinha se deslocado para a sede do reino, a fim de “pôr as
coisas nos seus devidos lugares”. Tem-se aí um instante de descuido espiritual,
a manifestação da “soberba da vida” e o resultado disto foi a decepção, porque
aquela situação de supremacia imaginada logo se esvaiu e Elias, completamente
desamparado, privado da posição imaginada e assumida, vê-se obrigado,
inclusive, a “deixar o moço”, que sempre o conhecera como “o profeta”, para
que, como simples “homem”, viesse, em lugar retirado, pedir a própria morte.
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Quando alguém se apega a algo passageiro com intensidade tal que põe em segundo
plano a presença do Senhor, tem-se o risco de se ir à depressão. A tentação
nada mais é que a tentativa do diabo, da carne ou de ambos para que deixemos a
Deus e nos apeguemos a algo passageiro, atendendo seja à concupiscência da
carne, seja à concupiscência dos olhos, seja à soberba da vida (I Jo.2:16,17).
Se cedemos a tais propostas ou, mesmo, se fraquejamos e nos abalamos na fé em
Deus, corremos o risco de irmos até a “cova”, até a depressão.
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O apego de Elias à soberba da vida é explicitado no seu pedido de morte (I
Rs.19:4) e quando do diálogo de Deus com o profeta, quando, já no monte Horebe,
por duas vezes, Elias faz sobressair o seu “eu”, para dizer que só ele havia
ficado como servo de Deus em Israel (I Rs.19:10,14). Fora o apego a esta
vaidade pessoal, decorrente do êxito dos dois sinais, que levou Elias àquele
estado lamentável. E nós, sujeitos às mesmas paixões que Elias (Tg.5:17),
também corremos este risco, se não vigiarmos e não resistirmos, no dia mau, às
hostes espirituais da maldade (Ef.6:10-13).
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Homem sujeito às mesmas paixões que nós, Elias também teve sua fragilidade e
nela também temos lições a aprender, como contraexemplos.
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A primeira lição diz respeito à interrupção da comunhão com Deus. Elias, ao
receber a mensagem de Jezabel, não consultou a Deus, interrompendo, assim, uma
vida de três anos e seis meses de absoluta dependência do Senhor. Tivesse Elias
consultado a Deus ante esta ameaça, não teria entrado em depressão. Entretanto,
não o fez e, por isso, de um momento para outro, deixou de estar debaixo da mão
do Senhor para se encontrar em estado de fracasso espiritual.
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Havia corrido para Jizreel fora da direção do Senhor. Agora, ante a ameaça
de Jezabel, também toma um rumo que não fora determinado por Deus, indo até
Berseba, no reino de Judá, onde deixou o moço (I Rs.19:3).
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Elias revela, neste seu gesto, que não mais aguardava a direção de Deus,
desprezou, mesmo, o fato de a mão do Senhor estar sobre ele, o que poderia
perceber, vez que, como profeta, tinha o Espírito do Senhor dentro dele.
Tratou, em primeiro lugar, de ir para um “local seguro”, um local onde Acabe
não reinasse. Preocupara-se, então, com a organização política, com o poder
real, algo que, enquanto estava sob a orientação divina, nunca havia sido
obstáculo para suas jornadas (lembremos que fora para Zarefate, cidade dominada
por Sidom, cujo rei era o próprio pai de Jezabel, e nunca fora encontrado por
quem quer que fosse, apesar da insistente busca empreendida por Acabe e por
Jezabel).
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Tempo de comunhão com Deus não é motivo para nos conduzirmos a nós mesmos nesta
vida. Elias havia dependido exclusivamente do Senhor nos últimos três anos e
seis meses e, diante da ameaça de Jezabel, resolve empreender fuga sem
consultar a Deus. Vai para Judá, onde entendia haver segurança, deixa ali seu
moço e, em seguida, vai para o deserto, decidido a morrer (I Rs.19:4). São
todos pensamentos de si mesmo, sem qualquer consulta ao Senhor.
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Por maior experiência espiritual que tivermos com Deus, não nos esqueçamos de
que Deus é soberano, de que só Ele é onisciente e onipotente e que sem Ele nada
podemos fazer (Jo.15:5 “in fine”). A intensidade de nossa comunhão com o Senhor
leva-nos a um grande perigo: o de queremos usar a experiência passada como guia
de nossas vidas. Devemos ouvir a voz de Deus hoje, hoje é o tempo do salvo
(Sl.95:7; Hb.3:13). Não podemos jamais trocar a direção do Espírito Santo pelas
nossas experiências passadas com Deus.
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Uma vez em Berseba, tratou de ali deixar o seu moço, aquele que o acompanhava.
Não sabemos desde quando este moço o estava acompanhando, mas o fato é que este
moço conhecia apenas o profeta, não o homem. Ao deixar ali o seu moço e seguir
rumo ao deserto completamente só, Elias como que se despia de sua função
profética, como que “pendurava as chuteiras” do seu ministério. O profeta
ficava em Berseba. A partir daí, somente o homem sujeito às mesmas paixões que
nós, o homem demasiadamente humano é que prosseguia a viagem. Mais uma vez, o
profeta demonstrava estar fora da direção de Deus, porque resignava seu ofício
sem ao menos perguntar a Deus o que deveria fazer.
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O resultado desta atitude de “independência” em relação a Deus não poderia
ser mais desastroso. Era a depressão, o desânimo, a falta de vontade de viver. Debaixo
do zimbro, vemos um homem derrotado, fracassado, única e exclusivamente porque
deixou o lugar da bênção, deixou o espaço em que estava debaixo da mão do
Senhor, para criar o seu próprio caminho, a sua própria vontade.
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“Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da
morte” (Pv.14:12). “Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são
os caminhos da morte” (Pv.16:25). Por duas vezes, Salomão nos dá esta
advertência, cujo exemplo de Elias só faz ressaltar. Precisamos sempre estar
debaixo da mão do Senhor, não podemos jamais sair da Sua direção, porque, se o
fizermos, isto nos será fatal. De nada adianta termos sido “campeões de Deus”,
se, no momento seguinte, deixarmos de nos orientar pelo Espírito Santo,
estaremos irremediavelmente perdidos.
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Elias não esperou que Deus falasse, mas, ante o pavor repentino que dele tomou
conta, por causa da ameaça de Jezabel, desesperou-se e iniciou uma jornada sem
a presença de Deus, que o levou a um pé de zimbro, no meio do deserto, a pedir
a morte. Que decadência espiritual, a mesma decadência a que estamos sujeitos
se, também, deixarmos os “lugares celestiais em Cristo” (Ef.1:3). Por isso, o
apóstolo Paulo nos recomenda a “sermos firmes e constantes, sempre abundantes
na obra do Senhor, sabendo que o nosso trabalho não é vão no Senhor” (I
Co.15:58b, com variação das pessoas gramaticais). Percebamos bem este conselho
do apóstolo: o trabalho não é vão quando feito “no Senhor”. Se deixarmos o
lugar debaixo da mão do Senhor, “o esconderijo do Altíssimo à sombra do
Onipotente”, não haverá descanso, como diz o salmista no salmo 91. Devemos
sempre ter o mesmo cuidado e prudência de Esdras, para somente andarmos no
caminho direito, onde esteja sempre “a mão do nosso Deus” (Ed.8:21,22,31).
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Este homem sujeito às mesmas paixões que nós, este “eu” que se recusava a
seguir a orientação divina é que precisava agora ter uma real experiência com Deus.
O profeta já havia aprendido que “Javé é Senhor” em relação à natureza, à
organização política, à estrutura sócio-econômica, mas era necessário que ele
soubesse que também “Javé é Senhor” do nosso “eu”, que precisamos nos render
total e absolutamente a Ele. A maior luta de um servo do Senhor é contra si
mesmo, contra o seu “eu”. Para sermos valentes, precisamos vencer a nós mesmos,
como diz o poeta sacro Almeida Sobrinho na última estrofe do hino 225 da Harpa
Cristã.
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Quando somos tomados por este pensamento de si mesmo, a tendência é a de nos
isolarmos. Elias havia ficado muito tempo sozinho, à beira do Querite, mas
aquela solidão, determinada por Deus, tivera como motivação o fato de o Senhor
o estar escondendo, como o profeta ficou a saber pela boca de Obadias (I
Rs.18:10).
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Este tempo, porém, já tinha passado, tanto que o profeta vivera com uma família
em Sarepta de Sidom e já tinha agora um moço. No entanto, alheio a esta mudança
de situação, o profeta quis se isolar e, por isso, foi até Berseba, onde deixou
o moço, tendo, então, ido para o deserto, caminho de um dia, para ter a certeza
de que estaria absolutamente só.
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Como ensinava o saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012), Elias deixou
o moço em Berseba porque não queria, de forma alguma, que o moço se
decepcionasse. O moço conhecia apenas “o profeta”, “o homem de Deus”, mas,
agora, só se encontrava o “homem sujeito às mesmas paixões” e Elias, para que o
moço não se escandalizasse, deixou-o em Berseba, para que ele não presenciasse o
fracasso.
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Elias fora tomado por um sentimento de baixa estima, por uma sensação de total
impotência e, diante disto, resolvera que não havia mais solução para si senão
a morte. É esta a típica atitude de quem está em depressão. Mas por que tudo
isto acontecera? Porque o homem de Deus saíra de debaixo da mão do Senhor!
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Ante a sensação de impotência, ante a sensação de baixa estima, que devemos
fazer? Não podemos nos isolar, amados irmãos! Pelo contrário, devemos correr
aos pés de Jesus, que prometeu sempre estar conosco, pois é debaixo de Sua mão
que seremos fortalecidos! Pensemos nisto!
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Elias partira de uma situação imaginária para ir a outra situação igualmente
imaginária. Notara que, depois de tudo o que acontecera, Jezabel se mantivera
inabalada em sua posição. Se assim era, se nem a vinda da chuva sobre a terra,
se nem a resposta divina com fogo sobre o holocausto e o altar haviam demovido
Jezabel do trono, então, de igual maneira, nada a impediria de matá-lo. Assim,
para que a sua morte por ordem daquela perversa rainha fosse um motivo para se
alegar o triunfo de Baal sobre o Senhor, o profeta pede, então, a Deus que o
matasse antes que Jezabel o pudesse fazer.
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“Depressão”, diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é o “estado
de desencorajamento, de perda de interesse, que sobrevém, p.ex., após perdas,
decepções, fracassos, estresse físico e/ou psíquico, no momento em que o
indivíduo toma consciência do sofrimento ou da solidão em que se encontra”; “problema
psíquico que se exprime por períodos duráveis e recorrentes de disforia depressiva,
surgindo concomitantemente com problemas reais ou imaginários ou com
experiências momentâneas de sofrimento, podendo ser acompanhado de perturbações
do pensamento, da ação e de um grande número de sintomas psiquiátricos.”;
“sensação de prostração física ou abatimento moral”.
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A palavra “depressão” tem origem na raiz latina “prim”, cujo significado é
“'fazer pressão sobre, apertar, comprimir, pôr carga em”, assumindo o significado
de “carregar, sobrecarregar, acabrunhar, oprimir, esmagar, molestar; perseguir;
imprimir, marcar, fincar; encerrar, soterrar, esconder; varar (com uma arma),
ferir, matar; reter, destruir, desbastar, podar (plantas); abaixar, abater,
deprimir, vencer”.
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Era precisamente este o estado em que se encontrava o profeta. Ante a decepção
de não ter conseguido destronar Jezabel e de ainda ser ameaçado por ela, ela
que já matara outros profetas do Senhor (cf. I Rs.18:4), teve o profeta a
sensação de que havia fracassado em seu intento de restaurar espiritualmente
Israel e, portanto, nada mais lhe restava senão a morte antes que a rainha lhe
viesse matar.
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A depressão leva a uma desmotivação, a uma ausência de objetivo, de perspectiva
e, por isso, o profeta, após ter se deitado debaixo de um zimbro, após ter
caminhado um dia no deserto, pediu em seu ânimo a morte e se deitou e dormiu (I
Rs.19:4,5).
III
– DEUS TRATA A DEPRESSÃO DO PROFETA
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O tratamento da depressão é um voltar-se para Deus, pois que a depressão
representa, sempre, um perigoso distanciamento da direção e da presença do
Senhor, mediante um apego ao mundo, um descuido que nos faz ser levado pelo
nosso “eu”. Como as coisas do mundo são passageiras, este apego nos faz sentir
uma perda irreparável que, se não cuidada devidamente, lança-nos na “cova”,
onde poderão surgir laços que podem selar a nossa morte espiritual.
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Há de se tratar a depressão, portanto, em se fazendo o caminho oposto, ou seja,
aproximando-se de Deus, ainda mais quando sabemos que quando nos aproximamos de
Deus, Ele Se aproxima de nós (Tg.4:8). Boa coisa é se aproximar de Deus
(Sl.73:28).
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Quando Elias estava prostrado, junto ao pé de zimbro, Deus tomou as devidas
providências para que o profeta tivesse forças para ir até o monte Horebe,
onde somente um encontro com o Senhor lhe poderia restabelecer.
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Não há outro meio de se tratar a depressão senão através de um encontro com
o Senhor. Muitas vezes, como no caso de Elias, faz-se necessário um
revigoramento físico, pois a depressão tem correspondência orgânica, traz
profundo desequilíbrio em nosso organismo, o que torna necessário, muitas
vezes, que se tomem providências biológicas, farmacológicas e psíquicas. A
Bíblia afirma que “…o espírito abatido virá a secar os ossos” (Pv.17:22b), o
que, aliás, tem sido confirmado pela ciência que aponta como sintomas de
depressão, entre outros, alterações do apetite e do sono, boca ressecada,
constipação, perda de peso e apetite, insônia, perda do desejo sexual.
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Elias tinha de se alimentar e ganhar forças para caminhar até o monte Horebe e
Deus, em primeiro lugar, fez com que ele se alimentasse e se revigorasse
fisicamente. Por isso, mandou um anjo que tocou o profeta e lhe deu comida, ou
seja, um pão cozido sobre as brasas e uma botija de água (I Rs.19:6).
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Elias comeu, bebeu e dormiu. Certos estados depressivos exigem igual
tratamento: é preciso que se estabeleça uma ordem na alimentação e no repouso
da pessoa, completamente afetados pela depressão. Providências neste campo, que
devem ser tomadas por especialistas da área, não devem ser desconsideradas pelos
servos de Deus, embora saibamos que não será isto que resolverá o problema, mas
que trará saúde física e mental para que a pessoa tenha a solução definitiva,
no campo espiritual.
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Além do tratamento orgânico, também se percebe na Bíblia que Deus tomou o
cuidado de fazer com que Elias mudasse de ares, ou seja, deixasse o pé de
zimbro, no deserto, e fosse para o monte Horebe, bem como, já no monte,
saísse da caverna (onde entrou sem qualquer ordem divina) para um lugar a céu
aberto, claro e luminoso. Torna-se necessário ao depressivo que “mude de ares”,
ou seja, altere a sua rotina, desprenda-se do ambiente em que tudo o leva a
intensificar a sua depressão. Por isso, uma mudança de prioridades na vida, uma
alteração de rotina, uma viagem são circunstâncias que também contribuem para
que o quadro depressivo seja dissipado.
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Torna-se, porém, igualmente necessário que a pessoa se levante, como fez
Elias, ou seja, seja sensível à voz do Senhor e atenda ao Seu chamado de um
encontro pessoal, de um restabelecimento da plena comunhão espiritual. No
tratamento da depressão, é preciso haver um quebrantamento do “eu”, é preciso
que o coração se quebrante, que o coração se faça contrito. Não há como se
conseguir livrar da depressão com endurecimento da cerviz, pois, na rebeldia,
Deus não atuará: “…se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como
na provocação” (Hb. 3:15b).
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É preciso ter disposição e confiança em Deus para “sair da cova” ou “sair da
caverna” e, assim, enfrentar a situação, não com as próprias forças, mas
confiando em Deus. Os salmistas, em algumas oportunidades, mostram que a única
solução para se sair de um estado depressivo de forma definitiva é através da
busca a Deus, de uma intensificação da oração. No Sl.88, Hemã afirma clamar dia
e noite a Deus (Sl.88:1,2), pois só assim poderá “sair da cova” e deixar de ser
“homem sem forças”, inclusive orando de madrugada (Sl.88:13).
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Após ter se alimentado esta segunda vez, Elias recobrou ânimo físico e, com a
força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites, em direção a
Horebe, o mesmo monte onde Deus havia Se manifestado a Moisés para a libertação
do povo (I Rs.19:5-7).
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Nesta manifestação da misericórdia divina, Elias tem uma nova experiência com o
Senhor. Descobre que Deus também tem controle sobre os céus. A vinda de um anjo
para alimentá-lo mostra que Deus é tanto Senhor dos céus como Senhor da terra.
Elias tem, assim, a revelação do Senhor dos Exércitos, d’Aquele que tem pleno
domínio também das regiões celestiais.
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De pronto, vemos, neste instante da vida do profeta, que somente uma
intervenção divina poderia retirar Elias da sua situação. Não há como vencer
o “eu” que existe em nós a não ser por intermédio de uma operação divina. A
salvação é fruto da graça de Deus (Ef.2:5,8), não se tendo condição alguma de
se erguer espiritualmente sem a manifestação desta graça, que traz salvação a
todos os homens (Tt.2:11). Apesar de todo o seu gigantismo espiritual, Elias
estava prostrado e, se dependesse dele, não haveria outra perspectiva senão a
morte.
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Uma vez em Horebe, Elias entra em uma caverna. A ação divina, até aquele
instante, havia atingido tão somente o físico do profeta. Em vez de ir ao cume
do monte para buscar a Deus, Elias esconde-se numa caverna, a denunciar o seu
estado espiritual. Mas, mesmo na caverna escura, Deus nos encontra! O Senhor Se
apresentou ao profeta e perguntou o que ele fazia ali.
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Em resposta a esta pergunta, Elias demonstra toda a força do seu “eu”. Embora
tivesse sido avisado pelo mordomo real Obadias da existência de outros servos
do Senhor, Elias diz que somente ele havia ficado para servir a Deus. A
prevalência do “eu” impede-nos de ver a manifestação do poder de Deus ao nosso
redor. Nunca estamos sós nem jamais somos os únicos a desfrutar da misericórdia
divina. Devemos, sempre, considerar os outros superiores a nós mesmos (Fp.2:3),
nunca devemos nos enfatuar, nos envaidecer, pois esta atitude é típica dos
homens dos tempos trabalhosos, daqueles que não servem a Deus.
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Para vencer o seu “eu”, o profeta deveria ter uma nova experiência com o
Senhor. Até então havia visto o Senhor que controla todas as coisas, que
ordena os corvos a trazer pão e água, o azeite e a farinha da panela a se
multiplicar, o filho da viúva a reviver, o fogo do céu a consumir o sacrifício
e o próprio altar, o anjo a trazer alimento, o corpo de Elias a ter um miraculoso
vigor que o permitiu andar pelo deserto, sem precisar se alimentar, por
quarenta dias e quarenta noites. Agora, o profeta haveria de conhecer uma
outra face divina: a face do amor.
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Elias é mandado sair da caverna e, no monte, ficou diante do Senhor, Senhor que
fez passar um grande e forte vento que fendia os montes e que quebrava as
penhas, mas, em toda esta violência, Deus não estava. Em seguida, como se fosse
pouco o vento, houve um terremoto, mas ali também Deus não estava (I Rs.19:11).
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A seguir, veio um fogo, e também o Senhor ali não estava. Deus mostrou que era
o supremo controlador da natureza, mas este lado o profeta já conhecia. O que
Elias ainda não conhecia era o lado amoroso do Senhor, o Deus que não só
controla a natureza, nela intervindo, mas que também ama o homem. Era na voz
mansa e delicada que o Senhor Se apresentou (I Rs.19:12).
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Novamente o profeta apresenta o seu “eu” diante do Senhor, mas este “eu” é
quebrantado pela voz mansa e delicada. O Senhor mostrou ao profeta que não
era ele o único servo de Deus, era ele um homem sujeito às mesmas paixões que
nós, era um homem que ainda precisava fazer algo pela obra do Senhor. Deus lhe
revelou, então, que caberia ainda ao seu ministério ainda três providências: a
separação de pessoas escolhidas por Deus para governar sobre Israel, sobre a
Síria e a continuidade do próprio ministério profético.
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A Bíblia é bem sucinta, dizendo apenas que, após estas palavras do Senhor, o
profeta Elias partiu do monte Horebe (I Rs.19:19). Esta partida, contudo,
tem um grande significado, pois o texto sagrado nos diz que a primeira coisa
que Elias fez foi ir à busca de Eliseu, que Deus havia indicado como seu
sucessor. Este gesto do profeta mostra que o seu “eu” havia sido quebrantado,
que estava ele na total dependência de Deus, que voltara à direção do Espírito
Santo. Ao ir atrás de Eliseu, o profeta retomava o seu ministério e se
punha à disposição de Deus. Não era mais o arrogante “zeloso”, mas alguém que
compreendera que era apenas um vaso de barro nas mãos do oleiro, tanto que,
incontinenti, já foi em busca daquele que Deus apontara como o seu sucessor.
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Somente o encontro pessoal com o Senhor, somente a obtenção da visão divina
de nossa situação pode nos livrar da depressão, pode nos impedir que
venhamos a fracassar espiritualmente. O extremo zelo do profeta, que tinha sido
um fator que o levara a ser levantado por Deus, tinha se tornado um empecilho
para o prosseguimento do ministério. Assim também devemos verificar até que
ponto não nos envaidecemos e deixamos o “eu” prevalecer contra a vontade de
Deus para as nossas vidas.
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Deus ainda tinha sete mil pessoas que não haviam adorado a Baal, muito mais do
que o profeta que, esquecido do que lhe dissera Obadias, havia se achado
solitário e único servo de Deus em Israel. Lembremos que o Senhor sempre tem o
Seu remanescente e que devemos glorificá-l’O por pertencermos a este
remanescente.
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Não nos sintamos melhores ou mais importantes do que os outros, mas, ante a
nossa impotência, busquemos sempre ficar aos pés do Senhor, desfrutar da
comunhão com Deus, para que façamos a Sua vontade, reconhecendo que sem Ele
nada poderemos fazer. Agindo assim, não cairemos em depressão e sempre faremos
a vontade de Deus, que é a garantia de que viveremos para sempre com Ele (I
Jo.2:17). Que assim seja em nossas vidas!
Colaboração para o
portal Escola Dominical - Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
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