Lição 12 - Eliseu e a escola dos profetas

eliseu e a escola dos profetas (1)

Lição 12 - Eliseu e a escola dos profetas I Plano de Aula
1º SLIDE  INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo do ministério do profeta Eliseu, estudaremos hoje a íntima relação do profeta com as escolas dos profetas.
- A relação íntima de Eliseu com as escolas dos profetas mostra que o ministério de poder não prescinde do estudo e meditação nas Escrituras.
2º SLIDE   I – A ESCOLA DE PROFETAS
- Tendo Israel firmado o compromisso com o Senhor no monte Sinai de que Lhe seria propriedade peculiar dentre os povos, um povo santo e um reino sacerdotal (Ex.19:3-8), era mister que a lei fosse transmitida para as gerações seguintes, a fim de que se cumprisse o que havia sido pactuado.
- Cabia, portanto, à família o papel de transmissão da lei de Moisés às gerações seguintes (Dt.6:6-9).
3º SLIDE
- A “leitura da lei”, que deveria ocorrer de sete em sete anos durante a festa dos tabernáculos (Dt.31:9-13), tinha como função primordial tão somente preencher eventual lacuna existente nesta educação familiar, num nítido caráter secundário, suplementar (Dt.31:13).
- No entanto, os israelitas, num primeiro momento, não observaram aquilo que o Senhor havia determinado por intermédio de Moisés (Jz.2:10).
4º SLIDE
- A falha da educação doutrinária familiar levou ao círculo vicioso que caracterizou a anarquia espiritual, social e política do período dos juízes (Jz.2:11-15).
- Samuel atentou para esta situação, que, segundo a tradição judaica, registrou no livro de Juízes e, para pôr um fim nesta situação de anarquia espiritual que vivia o povo de Israel, criou a “escola de profetas”.
5º SLIDE
- É nos dias de Samuel que temos a primeira notícia das escolas dos profetas - . I Sm.10:5,10,11;  I Sm.19:18-24.
- A escola dos profetas tinha por finalidade a preparação de pessoas que queriam servir a Deus para que fossem capazes de não só viver segundo a lei, mas também ensinar o povo como deveria se viver de forma agradável ao Senhor.
6º SLIDE
- A expressão “escola dos profetas” não é encontrada no texto sagrado, que fala em “rancho”, “grupo”, “congregação” e “bando” de profetas, conforme a versão utilizada.
- Tal denominação de “escola” é apropriada, pois “escola”, no original grego “scholé” era um local de “descanso, repouso, lazer, tempo livre para estudo” e, entre os romanos, “schola” era “um lugar nos banhos públicos em que cada um esperava a sua vez, onde as pessoas costumavam se ocupar da leitura e do estudo”.
7º SLIDE
- Elias, muito provavelmente era oriundo das escolas dos profetas.
- Foram as “escolas dos profetas” as responsáveis pela existência de ainda sete mil que não haviam dobrado seus joelhos a Baal (I Rs.19:18), o remanescente fiel numa época de apostasia generalizada como a que vivia Israel nos dias de Elias e de Eliseu.
8º SLIDE
- No reino de Israel, o reino do norte, as “escolas dos profetas” foram praticamente as únicas responsáveis pela manutenção do culto a Deus, de um remanescente fiel, já que,  nunca houve um rei sequer que servisse a Deus naquele reino.
- A classe sacerdotal, em Israel, era totalmente espúria (I Rs.12:31; II Cr.11:13-15) e, portanto, não poderia mesmo ensinar a lei ao povo.
9º SLIDE   II – ELISEU E AS ESCOLAS DOS PROFETAS
- O ministério de Elias esteve envolvido com os “filhos dos profetas” (II Rs.2:1-7).
- Eliseu, assim que chamado por Elias em Abel-Meolá, partiu com ele para o convívio com os “filhos dos profetas”, pois a mesma narrativa nos mostra que Eliseu tinha familiaridade com aqueles homens.
10º SLIDE
- Eliseu teve de ser um “filho de profeta” antes de ser o sucessor de Elias(II Rs.3:11). Por não menos de cinco anos, aprendeu com Elias tanto a doutrina quanto a vida de oração e de santificação.
- É importante verificar que Eliseu tivera já uma formação em seu lar, pois, ao ser chamado, mostrou-se um jovem cumpridor dos mandamentos.
11º SLIDE
- A “escola dos profetas”, ao lado do contato com a Verdade, que é a Palavra de Deus (Jo.17:17), também fomentava o contato com o Senhor através do Espírito, que, em comunhão com o nosso espírito, que nos dá a convicção de que somos filhos de Deus (Rm.8:14,15).
- Este contato com o Espírito de Deus dá-se através da oração, separação do pecado, que estabelece uma comunhão com Deus (II Rs.2:3,5).
12º SLIDE
- Além da comunhão com o Senhor, decorrente de uma vida de oração e de santificação, nas “escolas dos profetas” também havia uma genuína e autêntica busca pelo poder de Deus (I Sm.10:5,10).
- Não é por outra razão que os integrantes do grupo eram chamados de “filhos dos profetas”, vez que era notório entre todos os israelitas que sobre eles estava o Espírito do Senhor.
13º SLIDE
- As “escolas dos profetas” não existiam apenas para o aprimoramento próprio de cada um de seus integrantes, mas eram locais destinados à formação de pessoas que, mediante o seu serviço, levavam a mensagem de Deus ao povo, demonstravam a presença de Deus em suas vidas, orientando Israel e fazendo-lhes saber a Sua vontade.
- Notadamente através de Elias e de Eliseu, o Senhor também Se comunicou com o povo através de sinais e maravilhas, a fim de confirmar a palavra profética proferida como também para denunciar a Sua presença em Israel apesar da indiferença decorrente da apostasia generalizada.
14º SLIDE
- A manifestação do poder de Deus através de sinais e maravilhas é uma decorrência, o coroamento de todo um processo que passa pelo estudo dedicado da Palavra de Deus e por uma vida de santificação e comunhão com o Senhor.
- Os sinais e maravilhas confirmam a Palavra (Mc.16:20), exigem prévio conhecimento da Palavra e uma vida de santificação e de busca sincera do poder de Deus. Há erro quando não se tem a conjugação de Escrituras e poder de Deus (Mt.22:29; Mc.12:24).
15º SLIDE  III – A ESTRUTURA DAS ESCOLAS DE PROFETAS
- Características das escolas de profetas:
a) disciplina - II Rs.2:15-17.
b) real sentido da “paternidade espiritual”: orientação, ensino, exemplo, serviço, união, companheirismo,
c) minoria desprezada e perseguida pela maioria
d) dependência de Deus e carência de elemento confirmador da palavra profética
16º SLIDE
- Os ensinos dos milagres de Eliseu para os filhos dos profetas (I):
a) os filhos dos profetas deveriam formar “rios de água viva” entre os israelitas;
b) Deus provê o necessário para o sustento para que não haja escândalo, sem dispensar o trabalho e o bom testemunho;
c) deve-se vigiar para evitar que falsos ensinos contaminem o sustento espiritual do povo;
17º SLIDE
- Os ensinos dos milagres de Eliseu para os filhos dos profetas (II):
d) A satisfação das necessidades exige de nós partilha e amor ao próximo;
e) Devemos usar eficazmente os dons que recebemos de Deus, sabendo que são d’Ele e que, quando falharmos, devemos retornar ao lugar onde caímos para recomeço correto.
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
Lição 12 - Eliseu e a escola dos profetas I
A relação íntima de Eliseu com as escolas dos profetas mostra que o ministério de poder não prescinde do estudo e meditação nas Escrituras.
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo do ministério do profeta Eliseu, estudaremos hoje a íntima relação do profeta com as escolas dos profetas.
- A relação íntima de Eliseu com as escolas dos profetas mostra que o ministério de poder não prescinde do estudo e meditação nas Escrituras.
I – A ESCOLA DE PROFETAS
- Na sequência do estudo do ministério do profeta Eliseu, estudaremos hoje a íntima relação que o profeta tem com as escolas dos profetas, pois, como vimos na lição anterior, nada mais nada menos que seis dos quatorze milagres do profeta estão relacionados com estas comunidades que existiam no seu tempo.
- Para bem entendermos que eram estas escolas de profetas, faz-se preciso que recuemos no tempo e verifiquemos a lei de Moisés no tocante ao ensino divino a respeito da transmissão da lei para as gerações subsequentes.
- Tendo Israel firmado o compromisso com o Senhor no monte Sinai de que Lhe seria propriedade peculiar dentre os povos, um povo santo e um reino sacerdotal (Ex.19:3-8), era mister que a lei fosse transmitida para as gerações seguintes, a fim de que se cumprisse o que havia sido pactuado.
OBS: Tanto assim é que a tradição judaica construiu uma parábola no Talmude, o segundo livro sagrado do judaísmo, para mostrar a importância que tinha para o pacto do Sinai a transmissão da lei às novas gerações: “…Quando os israelitas estavam reunidos no Monte Sinai para receber a Torah das mãos de Moisés, Deus exigiu deles ‘Primeiro deveis oferecer-me uma garantia de que observareis os mandamentos da Torah’. Os israelitas responderam: ‘Nossos pais garantirão isto por nós’. ‘Não!’, protestou Deus, ‘vossos pais foram pecadores’. ‘Então os Profetas darão garantia por nós’, continuaram os israelitas. ‘Não!’, disse Deus, ‘eles, também, pecaram contra mim’. Os israelitas ficaram desanimados. Timidamente sugeriram: ‘Talvez os nossos filhos pudessem ser nossa garantia?’ ‘Vossos filhos!’, exclamou o Criador alegremente, ‘a eles Eu aceitarei!’. E então deu a Torah para os israelitas…” (AUSUBEL, Nathan. Relações familiares, esquemas tradicionais de. In: A JUDAICA, v.6, pp.708-9).
- “…A missão universal dos judeus, como instrumento da vontade de Deus, no sentido de conduzir todas as nações irmanadas ao Monte Sion através da Torah, exigia a preservação da continuidade biológica deles. Além do mais, ela exigia dos pais judeus, geração após geração, que preparassem seus filhos para tão elevada incumbência. Para aumentar a força moral desse dever supremo, os Sábios ensinaram ao povo que na ‘criação’ de cada criança havia três sócios: seu pai, a sua mãe, e Deus. De fato, Deus era considerado o sócio principal, embora ‘silencioso’, na criação de todas as crianças, tendo os pais como seus associados ativos. No entanto, eram eles, e não Deus, inteiramente responsáveis pelo produto ‘final’ — um produto que desejavam que fosse digno do Criador a cuja divina imagem se acreditava que houvesse sido feito…” (AUSUBEL, Nathan. op.cit., p.708).
- Este pensamento desenvolvido pelo judaísmo rabínico está em perfeita consonância com as Escrituras. Vemos nitidamente, na lei de Moisés, que a transmissão da lei para as novas gerações era uma tarefa considerada primordial, tanto que, após a enunciação do chamado “texto áureo” da confissão judaica da crença em Deus (Dt.6:4,5), é determinado que tal confissão fosse ensinada aos filhos, em todas as circunstâncias, para que se perpetuasse a aliança firmada no Sinai (Dt.6:6-9).
- Cabia, portanto, à família o papel de transmissão da lei de Moisés às gerações seguintes. A família, ambiente especialmente criado por Deus para se desenvolver a comunhão entre Deus e os homens, era e ainda é o local primeiro para a transmissão da Palavra de Deus, para o ensino da sã doutrina. São os pais, estes “sócios de Deus na criação dos filhos”, a responsabilidade primeira e maior de transmitir aos filhos a fé em Deus, os valores consonantes com a vontade do Senhor que se encontra na Bíblia Sagrada. O lar é a primeira e mais importante “escola bíblica”.
- É importante observar que a cultura judaica e, por conseguinte, o próprio povo judeu tem se preservado ao longo dos séculos única e exclusivamente porque têm observado este princípio estabelecido na lei de Moisés. Não fosse o ensino da Torah nos lares dos judeus, certamente que a cultura judaica já teria sido assimilada e desaparecido por completo, ainda mais diante das inúmeras perseguições que têm sofrido desde a expulsão de sua terra no ano 135, quando se completou o processo iniciado com a destruição de Jerusalém e do Segundo Templo no ano 70.
- Nos dias hodiernos, não é diferente. A Igreja, este novo povo de Deus, deve também aprender com os estatutos da lei de Moisés no tocante à transmissão da fé em Cristo Jesus para as gerações seguintes. A evangelização deve começar em casa, no próprio lar, pois, como diz o apóstolo Paulo, não são os filhos que entesouram para os pais, mas, sim, os pais que entesouram para os filhos (II Co.12:14) e não há maior tesouro que o reino de Deus (Mt.13:44), o temor do Senhor (Is.33:6) e o evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4-7).
OBS: Não é à toa que a Igreja Romana, que se encontra num esforço de uma “nova evangelização”, vê como grande dificuldade para tal intento a falta de apoio da família, como afirma o padre Fábio dos Santos Modesto, em afirmação que vale a pena transcrever: “…"Nós, como Igreja, nunca teremos condições de iniciar adequadamente ninguém na fé se nós não contarmos com a família. Sem essa estrutura familiar e sem a preocupação da família com que seus filhos tenham fé, conheçam o conteúdo da fé, nós, enquanto Igreja, vamos continuar oferecendo simplesmente alguma pedagogia, instrução religiosa, mas iniciação à fé vai ser um trabalho bem insipiente". Mas se existe uma verdadeira família por trás do cristão, padre Fábio explicou que o papel da Igreja fica bem mais fácil, uma vez que terá, simplesmente, que utilizar métodos para organizar os conteúdos de fé.…” (MARÇAL, Jéssica. Padre comenta ações e dificuldades da iniciação da vida cristã. Disponível em: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=288320 Acesso em 12 jan. 2013).
- A função da família era fundamental na transmissão da lei para as gerações seguintes em Israel, tanto que a “leitura da lei”, que deveria ocorrer de sete em sete anos durante a festa dos tabernáculos (Dt.31:9-13), tinha como função primordial tão somente preencher eventual lacuna existente nesta educação familiar, num nítido caráter secundário, suplementar (Dt.31:13).
- No entanto, os israelitas, num primeiro momento, não observaram aquilo que o Senhor havia determinado por intermédio de Moisés. A geração que ouviu esta determinação de Moisés, que foi a geração da conquista da Terra Prometida, não obedeceu ao Senhor, não ensinando a lei a seus filhos, que cresceram e chegaram ao comando da nação sem conhecer a Deus (Jz.2:10).
- O resultado disto foi que a geração seguinte à da conquista deixou os caminhos do Senhor e se envolveram com a idolatria, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor (Jz.2:11-14), o que levou o Senhor a lhes entregar na mão dos inimigos para que, com o sofrimento, pudessem se arrepender de seus maus caminhos e se converterem a Deus (Jz.2:15).
- Diante deste arrependimento, o Senhor, então, levantava os juízes, que eram libertadores do povo, que traziam o povo a servir a Deus, mas, infelizmente, as gerações continuaram a não ensinar seus filhos o caminho que deviam andar e, diante desta falta de instrução, tudo se repetia novamente, iniciando-se um círculo vicioso que perdurou durante todo o período dos juízes, desde a morte de Josué até Samuel, que foi o último juiz.
- É precisamente Samuel quem atentará para esta situação, para este círculo vicioso. A tradição judaica entende que o livro de Juízes foi escrito por este profeta e juiz e, em sendo assim, entendemos porque Samuel decidiu pôr um fim nesta situação de anarquia espiritual que vivia o povo de Israel.
- Samuel percebeu o círculo vicioso que vivia a nação israelita, e que é bem descrita no capítulo 2 do livro de Juízes, uma sequência interminável de falta de ensino da Palavra de Deus aos filhos por parte dos pais, de consequente envolvimento com a idolatria e os costumes dos povos gentios, que resultava na ira divina e na entrega do povo à opressão de algum povo inimigo, até que o povo, mediante o sofrimento, clamava a Deus, que levantava um juiz, libertava o povo e o fazia servir ao Senhor, sem que houvesse, porém, o ensino da lei nos lares, o que fazia com que todo o doloroso processo recomeçasse.
- É nos dias de Samuel que temos a primeira notícia das escolas dos profetas. Em I Sm.10:5, quando Samuel unge a Saul como o primeiro rei de Israel, o profeta diz a Saul que, no caminho de volta para a sua casa, ele encontraria um “rancho de profetas” e profetizaria com eles, instante em que o Espírito do Senhor dele se apossaria, sendo, assim, devidamente preparado para ser o primeiro monarca da nação.
- Décadas depois, vamos ver que o velho profeta Samuel presidia uma “congregação de profetas” em Ramá, para onde tinha se retirado depois que entregou a administração do país para Saul, local onde Davi foi procurar refúgio quando do início da perseguição de Saul contra ele (I Sm.19:18-24).
- Notamos, portanto, que esta instituição nasceu nos dias de Samuel e tinha por finalidade a preparação de pessoas que queriam servir a Deus para que fossem capazes de não só viver segundo a lei, mas também ensinar o povo como deveria se viver de forma agradável ao Senhor. Era um espaço destinado à transmissão da lei a pessoas que queriam servir ao Senhor, não só para que aprendessem a respeito de Deus mas que fossem aptos para também ensinar a outros.
- É por este motivo que esta instituição foi chamada pelos estudiosos de “escolas de profetas”, embora tal termo não seja encontrado no texto sagrado, que fala em “rancho”, “grupo”, “congregação” e “bando” de profetas, conforme a versão utilizada. Tal denominação de “escola”, porém, é por demais apropriada, pois “escola”, no original grego “scholé” era um local de “descanso, repouso, lazer, tempo livre para estudo” e, entre os romanos, “schola” era “um lugar nos banhos públicos em que cada um esperava a sua vez, onde as pessoas costumavam se ocupar da leitura e do estudo”.
- Assim, as “escolas dos profetas” eram um espaço, um local onde as pessoas deixavam de fazer as suas tarefas cotidianas e ordinárias e se dedicavam ao estudo da lei do Senhor, dedicavam-se às coisas de Deus, a aprender os mandamentos, a se dedicar à oração, à busca do Senhor.
- Verificando Samuel que os pais não desempenhavam corretamente o seu papel de ensino da lei a seus filhos, bem como que não era realizada a leitura septenial da lei para o povo, criou esta instituição, a fim de que se quebrasse este círculo vicioso que tanto mal fazia a Israel.
- O fato é que, depois de Samuel, notamos que há uma intensidade maior de profetas no cenário da história de Israel, fruto inegável do esforço deste grande homem de Deus que, tendo vivido por volta de 1.074 a.C., já nos ensina que a educação é fundamental para a perpetuação de uma nação, de um povo, algo que o Brasil e a igreja pentecostal brasileira, por exemplo, três mil anos depois ainda não percebeu…
- Elias, conforme já estudamos neste trimestre, muito provavelmente era oriundo das escolas dos profetas. Embora surja repentinamente na narrativa sagrada, Tiago nos informa que ele orou para pedir a Deus que não chovesse, e o zelo pelas coisas do Senhor, uma das “marcas registradas” de seu ministério, somente pode ter se formado num ambiente como o das escolas dos profetas.
- Foram as “escolas dos profetas” as responsáveis pela existência de ainda sete mil que não haviam dobrado seus joelhos a Baal (I Rs.19:18), o remanescente fiel numa época de apostasia generalizada como a que vivia Israel nos dias de Elias e de Eliseu. Este número de sete mil não envolvia apenas os diretamente envolvidos nestas escolas, os chamados “filhos dos profetas”, mas também pessoas que, mesmo não tendo frequentado tais escolas, foram ensinados no temor a Deus por estes homens que se dedicavam ao estudo e ensino da Palavra, como é o caso do próprio mordomo do rei Acabe, Obadias, que, inclusive, durante a longa seca, tratou de sustentar cem destes profetas (I Rs.18:3,4,13).
- Notadamente, no reino de Israel, o reino do norte, as “escolas dos profetas” foram praticamente as únicas responsáveis pela manutenção do culto a Deus, de um remanescente fiel, já que, como nos mostra a história, não houve um rei sequer que servisse a Deus naquele reino, sendo certo, também, que a classe sacerdotal, em Israel, era totalmente espúria, uma vez que Jeroboão havia expulsado os levitas e constituído sacerdotes dos mais baixos do povo (I Rs.12:31; II Cr.11:13-15) e, portanto, não poderia mesmo ensinar a lei ao povo.
- Tal dado histórico mostra-nos que o ensino da Palavra de Deus é fundamental, primordial para a preservação espiritual do povo de Deus. Quando não há conhecimento, o povo é destruído (Os.4:6) e, lamentavelmente, é isto que temos visto e assistido ao longo da história da Igreja e, também, em nossos dias. Os avivamentos encerram-se porque não há continuidade nas gerações seguintes, continuidade esta que não se dá em virtude da falta do ensino da Palavra.
- O remanescente fiel, nos dias da apostasia generalizada que vivemos, será formado e forjado nos espaços dedicados ao ensino da Palavra, à busca do poder de Deus, nas “escolas dos profetas” de nossos dias, que não é o de reuniões que se denominam de “ranchos de profetas”, “festivais proféticos” ou coisas similares, onde há tão somente histeria, transes e manifestações esquisitas e nada têm de Deus. As “escolas de profetas” são locais onde há um zelo pela sã doutrina, onde há meditação nas Escrituras, sede de aprendizado, onde todos procuram conhecer a Deus e vivenciar o que aprendem, buscando, sim, o poder de Deus, que, naturalmente, se manifesta mas de forma racional, ordeira e proveitosa.
- A Escola Bíblica Dominical é, queridos irmãos, um destes espaços em nossos dias. A EBD é legítima herdeira dos princípios e valores perseguidos nas “escolas dos profetas”, pois também tem a função de complementar e, muitas vezes (infelizmente, no mais das vezes), suprir a lacuna da falta de ensino bíblico nos lares, buscando formar no caráter de cada servo de Deus o desejo de aprender mais e mais do Senhor, de seguir-Lhe a vontade, de se manter separado do pecado e aguardar o cumprimento das promessas contidas na Bíblia Sagrada. Caro aluno e professor da EBD, você é hoje um “filho de profeta” que se encontra servindo ao Senhor , combatendo a apostasia e o pecado, preparando-se para, a exemplo de Elias, ser arrebatado ao céu naquele grande dia.
II – ELISEU E AS ESCOLAS DOS PROFETAS
- Como temos visto, tudo indica que Elias era oriundo das escolas dos profetas. Seu ministério este envolvido com os “filhos dos profetas”, que eram os integrantes destas escolas, como temos conhecimento explícito em II Rs.2, quando vemos Elias como que se despedindo de diversos núcleos de “filhos de profetas” em Gilgal, Betel, Jericó e à margem do rio Jordão.
- É a partir desta narrativa que também notamos que Eliseu, assim que chamado por Elias em Abel-Meolá, partiu com ele para o convívio com os “filhos dos profetas”, pois a mesma narrativa nos mostra que Eliseu tinha familiaridade com aqueles homens.
- Temos assim que, quando foi chamado por Elias e tudo deixou para seguir o profeta, Eliseu foi levado para o convívio dos filhos dos profetas, onde, a exemplo de Elias, foi devidamente preparado para a sua função, preparação esta que, conforme vimos em lições anteriores, não foi inferior a cinco anos.
- Elias, vindo de um lugarejo insignificante como era Tisbe, não teve uma formação em sua cidade natal. Notamos, perfeitamente, que Elias era conhecedor das Escrituras, (entendido aqui o que havia sido escrito até então — o Pentateuco, os livros de Josué, Juízes, Rute e, provavelmente, I e II Samuel), pois, na sua oração no monte Carmelo, chamou ao Senhor como ‘Deus de Abraão, de Isaque e de Israel”, a indicar, pois, pleno conhecimento das promessas e da aliança feita entre Deus e o povo que havia escolhido para ser Sua propriedade peculiar dentre os povos, e não só na oração mas na própria atitude que tomou para oferecer o holocausto ao Senhor naquela oportunidade, mostrando ter pleno domínio das regras cerimoniais então vigentes.
- O fato de Eliseu ter sido levado às “escolas dos profetas” é, portanto, mais um sinal de que Elias teve também o mesmo itinerário, a nos provar, pois, que não pode vigorar entre nós um “anti-intelectualismo” que entende que há uma oposição entre a preparação através do estudo sistemático das Escrituras e o exercício de um ministério de poder, algo que, durante anos, predominou de modo hegemônico entre os crentes pentecostais e que, tendo tido uma minoração nas últimas décadas, está novamente a querer crescer entre nós.
- Não é possível ser mestre sem que, antes, se tenha sido aluno. Para poder ser sucessor de Elias, para poder ser mestre dos “filhos dos profetas”, Eliseu teve de ser, antes de mais nada, um “filho de profeta”, teve de aprender com Elias e viver entre os demais “filhos de profetas”. Ninguém nasce sabendo, é preciso que cresça não só biologicamente, mas também espiritual e intelectualmente, para que venha a fazer aquilo que o Senhor quer que ele faça.
- Nos dias hodiernos, há, ante o imediatismo que tem caracterizado a atualidade, onde tudo é muito rápido e instantâneo, uma tendência para “se queimar etapas”, para que alguém, sem a devida preparação, já seja posto à frente de um grupo de pessoas na Igreja. Há casos, por exemplo, de novos convertidos que, por causa de sua erudição secular, são imediatamente postos à frente de classes de Escola Bíblica Dominical.
- Tal conduta é completamente antibíblica. O mestrado, na casa do Senhor, somente se alcança pelo tempo (cfr. Hb.5:12) e, muitas vezes, só o tempo é insuficiente para tanto, como aconteceu com os crentes hebreus, repreendidos, precisamente, porque, apesar do tempo decorrido, não haviam se aprofundado no estudo das Escrituras, não tendo sequer domínio dos primeiros rudimentos das palavras de Deus. O mestrado é, portanto, uma questão de decurso do tempo mas também de dedicação ao estudo, ou seja, é consequência da “escola”, este tempo dedicado ao aprendizado, ao estudo da Palavra de Deus.
- Neste passo, aliás, tem-se como outra conduta que tem sido praticada e tem causado efeitos deletérios na Igreja do Senhor a separação ao ministério de pessoas que não passaram pela “escola”, pessoas que são separadas sem que tenham sido assíduas frequentadoras de Escolas Bíblicas Dominicais e dos cultos de ensino, pessoas cuja dedicação ao estudo e aprendizado da Bíblia não é avaliada. Não há como termos obreiros que não conhecem nem têm desejo de conhecer a sã doutrina. Uma das atividades dos obreiros é o ensino da Palavra (At.5:42; 6:4,10; I Tm.3:2,9). Como poderão ser aptos a ensinar se não aprenderam? É preciso reavaliar esta circunstância.
- É importante verificar que Eliseu tinha já uma formação em seu lar. A atitude que tomou quando foi chamado por Elias, de pedir ao profeta que ele fosse se despedir de seu pai e de sua mãe, dá-nos a demonstração de que Eliseu fora ensinado em sua casa a respeito da lei do Senhor, tanto que não saiu de casa antes de expressar sua honra a seus pais, como mandava a lei. Mas só o ensino em casa era insuficiente para que ele assumisse a posição de sucessor de Elias, o que significava, também, o de sucessor na coordenação das escolas de profetas em todo Israel, daí porque ter ele, necessariamente, de passar pelas “escolas de profetas”, primeiro como “filho de profeta”.
- Tanto Eliseu foi “filho de profeta” que era conhecido por todo Israel como “aquele que deitava água sobre as mãos de Elias” (II Rs.3:11). Para ser reconhecido como legítimo sucessor de Elias, Eliseu teve, antes, de ser reconhecido como um servo exemplar do profeta. Será, líderes, que os senhores são conhecidos como bons e dedicados auxiliares, servos dos que os antecederam? É esta uma credencial indispensável para que se tenha uma liderança eficiente e eficaz. O próprio Senhor Jesus, antes de Se apresentar como o Senhor, como o Cristo, antes de ser glorificado, apresentou-Se como “carpinteiro, filho do carpinteiro” (Mt.13:55; Mc.6:3), sujeito a Seus pais terrenos (Lc.2:51), como também como o servo, sujeito à vontade do Pai (Lc.2:49; Mt.20:28; Mc.10:45; Jo.4:34; 17:4).
- Eliseu foi devidamente preparado durante todos aqueles anos. Este preparo não foi apenas intelectual, mas também um preparo espiritual. O ensino nas “escolas dos profetas” não era meramente teórico, mas também tinha seu lado prático. O estudo é imprescindível, indispensável, pois é preciso conhecermos a Palavra de Deus, pois é ela quem testifica de Cristo (Jo.5:39). O conhecimento envolve o domínio intelectual, o contato com o texto sagrado, com a sua interpretação, a percepção de seu conteúdo e a sua análise pormenorizada e acurada.
- Entretanto, o conhecimento de Deus também tem de envolver o contato com o Senhor não só na Palavra, mas também com a Sua Pessoa, com o Seu Espírito. É por isso que Cristo Jesus disse que os verdadeiros adoradores adorariam ao Pai “em espírito e em verdade” (Jo.4:24). Assim, ao lado do contato com a Verdade, que é a Palavra de Deus (Jo.17:17) e mediante o qual nós O adoramos em verdade, pois Jesus é a Verdade (Jo.14:6), também temos de ter contato com o Senhor através do Espírito, que, em comunhão com o nosso espírito, dá-nos a convicção de que somos filhos de Deus (Rm.8:14,15).
- Este contato com o Espírito de Deus dá-se através da oração, quando Ele fica ao nosso lado, intercedendo por nós (Rm.8:26), bem como através de uma vida de santificação e de busca do poder de Deus, pois é por intermédio da separação do pecado que nos tornamos “templos do Espírito Santo” (I Co.6:19,20), devemos, pois, nos ajuntar com o Senhor (I Co.6:17).
- Eliseu aprendeu com Elias a ter uma vida de oração e de comunhão com o Espírito Santo, tanto que tinha pleno conhecimento de que Elias seria arrebatado e tirado de sobre a sua cabeça (II Rs.2:3,5), a mostrar, pois, que, no instante em que haveria de assumir o lugar de Elias, estava devidamente preparado do ponto-de-vista espiritual, tinha uma íntima comunhão com o Senhor.
- As “escolas dos profetas” também preparavam as pessoas sob este aspecto da comunhão com Deus. Não se tratava apenas de um domínio intelectual, mas, também, de uma dedicação na busca de Deus, na busca de uma vida de comunhão e santificação, a fim de serem guiados totalmente pelo Senhor. Afinal de contas, só quem é guiado pelo Espírito Santo pode se dizer filho de Deus (Rm.8:14). Não só Eliseu ou Elias, mas os filhos dos profetas sabiam perfeitamente que Elias seria tomado de Eliseu por sobre a cabeça dele (II Rs.2:3,5).
- Ainda hoje, é nas “escolas dos profetas”, ou seja, nos espaços destinados ao estudo e aprendizado da sã doutrina e da busca do poder do Senhor, que se forma este lindo e maravilhoso consenso que faz da Igreja um só corpo, ainda que dotado de muitos membros (I Co.12:12-14), um local onde há um só corpo e um só Espírito, uma só esperança de vocação, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, O qual é sobre todos e por todos e em todos (Ef.4:4-6). Nos dias de hoje, esta unidade tem sido violada e desfeita porque as pessoas não têm mais buscado a presença de Deus, porque não têm sido mais guiadas pelo Espírito, mas, antes, têm se apresentado como crentes carnais, onde a divisão é tão somente uma constatação desta carnalidade (I Co.3:3; Jd.19).
- Mas, além da comunhão com o Senhor, decorrente de uma vida de oração e de santificação, nas “escolas dos profetas” também havia uma genuína e autêntica busca pelo poder de Deus, tanto que a vez primeira em que este grupo é mencionado nas Escrituras, ele aparece profetizando e Saul, ao passar por eles, acaba por receber o Espírito Santo e também profetizar (I Sm.10:5,10). Não é por outra razão que os integrantes do grupo eram chamados de “filhos dos profetas”, vez que era notório entre todos os israelitas que sobre eles estava o Espírito do Senhor.
- As “escolas dos profetas” não existiam apenas para o aprimoramento próprio de cada um de seus integrantes, mas eram locais destinados à formação de pessoas que, mediante o seu serviço, levavam a mensagem de Deus ao povo, demonstravam a presença de Deus em suas vidas, orientando Israel e fazendo-lhes saber a Sua vontade.
- Neste sentido, as “escolas dos profetas” não só supriam o que as famílias não estavam mais a fazer, mas desempenhavam a própria função que Israel jamais fizera, o de ser o anunciador de Deus entre as demais nações, começando pelo próprio Israel que estava distante do Senhor. Os filhos dos profetas serão usados por Deus para trazer mensagens ao povo ao longo da história daquele reino do Norte.
- Como se isto ainda fosse pouco, vemos que, notadamente através de Elias e de Eliseu, o Senhor também Se comunicou com o povo através de sinais e maravilhas, a fim de confirmar a palavra profética proferida como também para denunciar a Sua presença em Israel apesar da indiferença decorrente da apostasia generalizada.
- Eliseu, devidamente preparado para ser o sucessor de Elias, autenticou esta sua condição e qualidade por meio de milagres. O seu primeiro milagre, a abertura do rio Jordão, foi feito para que cinquenta dos filhos dos profetas confirmassem que Eliseu era, agora, o sucessor de Elias (II Rs.2:15). Era a confirmação que se fazia da palavra que o Senhor havia dito a Elias no monte Horebe (I Rs.19:16b).
- Vemos, portanto, que, ao contrário dos “anti-intelectualistas” que infestam nossas igrejas locais, a manifestação do poder de Deus através de sinais e maravilhas é uma decorrência, o coroamento de todo um processo que passa pelo estudo dedicado da Palavra de Deus e por uma vida de santificação e comunhão com o Senhor. Os sinais e maravilhas confirmam a Palavra (Mc.16:20), exigem prévio conhecimento da Palavra e uma vida de santificação e de busca sincera do poder de Deus.
- O Senhor Jesus bem mostrou isto quando, em diálogo com os saduceus, disse que o motivo do erro espiritual está em não conhecer as Escrituras e o poder de Deus (Mt.22:29; Mc.12:24). Para que sejamos achados devidamente preparados e capacitados para fazer a obra do Senhor, temos de ter conhecimento tanto das Escrituras, quanto do poder de Deus, temos de estar envolvidos tanto com o estudo e meditação da Bíblia Sagrada, quanto com a oração e a busca do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais.
- Assim, ao contrário do que alardeiam os “anti-intelectualistas”, o estudo da Palavra de Deus é absolutamente indispensável para que, a exemplo de Elias e de Eliseu, venhamos a ter um ministério de poder, venhamos a ser usados com sinais e maravilhas para a confirmação do Evangelho que pregamos. Os apóstolos só começaram a fazer sinais e maravilhas depois que ouviram o Senhor Jesus por três anos e meio, depois que buscaram o batismo com o Espírito Santo e mantiveram uma vida de oração e de ensino da Palavra (At.5:12,42; 6:4).
- Sem o conhecimento da Palavra, o povo de Deus é facilmente destruído pelas heresias e falsos ensinos. Sem o poder de Deus, o povo se torna, a exemplo dos saduceus, um povo incrédulo e racionalista, meramente religioso.
III – A ESTRUTURA DAS ESCOLAS DE PROFETAS
- Tendo visto a formação de Eliseu nas escolas dos profetas, procuraremos observar qual era a estrutura delas pelo pouco que as Escrituras nos revelam a respeito, mas através do ministério de Eliseu, que, como vimos, foi muito ligado a esta instituição.
- Reconhecido como o sucessor de Elias pelos filhos dos profetas que se encontravam à margem do rio Jordão, Eliseu, de pronto, teve de lidar com a sua nova condição de liderança. Os filhos dos profetas quiseram procurar o corpo de Elias e, para tanto, pediram autorização para o profeta (II Rs.2:15-17).
- Desta circunstância, que é repetida em outras oportunidades (II Rs.4:38,43; 6:1,2; 9:1), notamos que, nas “escolas dos profetas”, havia uma rígida disciplina, em que os filhos dos profetas não ousavam fazer coisa alguma sem antes consultar o profeta, ou seja, o seu superior, que era tratado, inclusive, como “pai” (II Rs.2:12; 6:21), daí serem os integrantes chamados de “filhos”.
OBS: Esta estrutura, aliás, ainda hoje é observada por certos segmentos judaicos, notadamente os seguidores do “hassidismo” ou “chassidismo”, como é conhecimento o vigoroso movimento religioso entre os judeus nascido a partir do século XVIII e que é o principal responsável pela manutenção da devoção judaica em nossos dias, se bem que, como assinala Nathan Ausubel, “…Ao final do século XVIII, surgiu um novo ripo de líder religioso chassídico. Era chamado de rebeh (rabi) ou de tzadik, principalmente tzadik. Os chassidim, todos cultuadores de heróis, tinham o seu rebeh, generosamente na conta de tzadik — um homem ou um santo extraordinariamente virtuoso. Por seus poderes espirituais e proféticos supostamente superiores, consideravam-no capaz de atuar como um intercessor — a ponte entre seus desejos fervorosos e a vontade inescrutável de Deus…” (Chassidim. In: A JUDAICA, v.5, p.152) (destaques originais). Isto torna esta variante do chassidismo muito próxima ao que é propalado pelos falsos ensinadores da “doutrina da cobertura apostólica” de nossos dias.
- Naquele tempo, em que o Espírito Santo não era disponível a todo israelita, entende-se perfeitamente esta disciplina e esta dependência da orientação do “pai espiritual”. Entretanto, conforme já estudamos em lição anterior, esta “paternidade espiritual”, cuja intensidade era grande naqueles dias, não só não pode ser transportada para a dispensação da graça, como não significa, em absoluto, que haja uma necessária mediação entre Cristo e Seus seguidores por meio de “líderes” ou “apóstolos”, como se tem defendido em alguns círculos evangélicos na atualidade, notadamente no chamado “movimento celular”.
- A “paternidade espiritual” nas “escolas dos profetas” era, em primeiro lugar, decorrência do fato de se ter, naquele tempo, o “homem de Deus”, o profeta que era o mensageiro do Senhor daquele tempo, o Seu porta-voz. Assim, era a ele que se devia consultar para se ter a devida orientação divina e, mesmo assim, como vimos, isto não impedia que o Espírito falasse diretamente a cada “filho de profeta”, como no caso da revelação do arrebatamento de Elias.
- Em nossos dias, dias em que Deus não fala mais pelos profetas mas pelo Filho (Hb.1:1), a “paternidade espiritual” assume um papel de orientação pela experiência, pela maturidade do “pai na fé”, um mero condutor e acompanhante, que nada mais faz senão indicar o que Cristo nos ensina em Sua Palavra, pois só Jesus é o verdadeiro Mestre, o verdadeiro Pai a ser seguido (Mt.23:9,10).
- Vemos isto claramente na conduta do apóstolo Paulo em relação a Timóteo. Paulo, que havia sido criado como fariseu (At.23:6; Fp.3:5) e, como tal, adotava a linha de ter mestres a quem se reportar (Mt.23:7,8), embora se identifique como “pai na fé” de Timóteo (I Tm.1:2), deixa bem claro que Timóteo deveria se tornar o exemplo dos fiéis mediante a persistência em ler, exortar e ensinar, bem assim lembrasse que seu dom havia vindo de Deus, reconhecido pelo presbitério e que deveria cuidar de si mesmo e da doutrina (I Tm.4:12-16), ou seja, sua vida espiritual era independente e não precisava, em absoluto, da intermediação do apóstolo, de uma suposta “cobertura apostólica”.
- A “paternidade espiritual” nas “escolas dos profetas” era sobretudo um encargo de ensino não só através de palavras mas, também, de exemplo a ser seguido. Eliseu andou com Elias e aprendeu com o exemplo que o profeta lhe deu ao longo dos anos. O primeiro milagre de Eliseu, inclusive, foi a repetição do último milagre de Elias, uma comprovação de que era o exemplo a marca principal do ensino naquela escola.
- Esta atitude é de ser mantida em nossos dias. Nosso exemplo maior é Cristo Jesus, que nos deixou Seu exemplo para que o sigamos (Jo.13:12-17; I Co.11:1; I Pe.2:21). Mas, também, aqueles que o Senhor tem posto à frente do Seu rebanho devem, também, ser exemplo para os fiéis, exercendo, deste modo, o seu papel de “pais espirituais” (I Tm.4:12; Hb.13:7; I Pe.5:3). “Pai espiritual” não é aquele que manda nos filhos e lhes dirige a vida, mas, sim, aquele que serve de exemplo aos filhos, cuja vida é orientada pelo Senhor e, por isso, imitada pelos outros.
- Mas não havia apenas o exemplo como forma de ensino. Embora o exemplo fosse primordial, porque era o que dava autoridade às palavras do profeta, Eliseu também gastava o seu tempo ensinando os filhos dos profetas, certamente lhes falando a respeito da lei (II Rs.4:38). Quando o vemos em Gilgal, ele estava certamente ensinando os filhos dos profetas, que estavam assentados em sua presença. Após um longo período de ensino, Eliseu, a exemplo de Jesus (Mt.14:15;15:32), preocupou-se com a alimentação deles e, por isso, mandou preparar-lhes uma refeição.
- A “paternidade espiritual” não significava domínio sobre os filhos dos profetas. Eliseu não era um “mandão”, mas um companheiro, que estava pronto a trabalhar com os filhos dos profetas no que fosse preciso, como, por exemplo, na construção de um local maior para abrigar os filhos dos profetas à margem do rio Jordão (II Rs.6:3). Eliseu não apenas autorizou que eles fossem buscar madeira para a construção, mas foi com eles e, por estar ali, pôde fazer o milagre da flutuação do ferro do machado.
- As “escolas dos profetas” era estruturada por uma disciplina, mas uma disciplina que não abria mão da união e do companheirismo. Todos eram irmãos, vivenciando, em figura, a conduta que deve caracterizar a Igreja em nossa dispensação (Mt.23:8). É por isso que devemos nos chamar “irmãos”. Não se trata apenas de um costume, mas de uma lembrança de que estamos todos num mesmo nível diante de Deus. Entretanto, é cada vez mais comum, em nossos dias, pessoas ficarem indignadas de serem chamadas “irmão fulano” ou “irmão sicrano”, porque, dizem eles, não são “irmãos”, mas “pastores”, “presbíteros” etc. etc. etc. Cuidado, amados irmãos, pois isto é sinal eloquente de que não temos aprendido com o Senhor, que, aliás, não Se envergonha de ser chamado nosso irmão (Hb.2:11)…
- As “escolas dos profetas” precisavam da realização de milagres para que sentissem a efetiva presença do Senhor no seu meio, máxime numa época de privações e de perseguições como as que viviam elas nos dias de Elias e de Eliseu. Os sinais realizados por Eliseu em meio aos filhos dos profetas eram um alento para que eles prosseguissem a sua difícil jornada de fé, pois não era fácil servir a Deus naquele tempo.
- Todos quantos queiram pertencer ao remanescente fiel do povo de Deus, remanescente que é forjado nas “escolas dos profetas”, sempre enfrentarão dificuldades. Diz a esmagadora maioria apóstata que “esta é a ‘turma do contra’, ‘a turma que nada contra a corrente, que navega contra a maré’, os ‘atrasados’, ‘retrógrados’ e ‘radicais’ “. Não nos assustemos, amados irmãos, com a reduzida frequência de nossas Escolas Bíblicas Dominicais, com o desprezo que se dá a esta atividade nos calendários das igrejas locais, com as imensas dificuldades que se criam para que tenhamos um espaço de estudo da Palavra e de busca sincera e genuína pelo poder de Deus. Em vez disso, esforcemo-nos para trazer esta maioria para a minoria, a fim de que arrebatemos alguns do fogo (Jd.22,23).
- Os filhos dos profetas também enfrentaram isto ao longo de sua trajetória. Jamais tiveram o apoio da liderança apóstata, seja a real, seja a sacerdotal, tendo, muitas vezes, caído à espada, como quando da cruel perseguição levada a efeito por Jezabel (I Rs.19:14), figura que simboliza muitos que vivem hoje no meio da Igreja única e exclusivamente para fomentar a apostasia, a infidelidade espiritual (Ap.2:20).
- Todos quantos se dedicarem a ter uma vida de estudo das Escrituras, de santificação, de busca do poder de Deus, embora sejam usados com poder e autoridade pelo Senhor, enfrentarão grande oposição, a começar no próprio povo de Deus, na própria igreja local, mas, diante de tudo isto, devem seguir o exemplo de Cristo Jesus, que suportou toda a afronta e, por isso, alcançou a glorificação (Hb.12:2,3), que também nos espera (Rm.8:30). Aleluia! Vale a pena sermos fiéis ao Senhor até a morte (Ap.2:10)!
- Eliseu, por primeiro, sarou as águas de Jericó para que os filhos dos profetas pudessem ali habitar e desempenhar a sua missão. Temos, como o profeta, de, em nossa dedicação ao estudo da Palavra e à busca das coisas de Deus, estarmos prontos a “sarar as águas”, ou seja, criarmos “fontes de vida espiritual” em nossas atividades, façamos as pessoas crer em Cristo, para que as pessoas possam ser “rios de água viva que corram de seu ventre” (Jo.7:38).
- Em seguida, Eliseu aumentou o azeite da viúva, impedindo a escravização de seus filhos, para mostrar aos filhos dos profetas que valia a pena ser fiel a Deus e que, de modo algum, aqueles que servem a Deus serão motivo de escândalo seja para a Igreja, seja para os que não servem ao Senhor (I Co.10:32) e que, através do trabalho honesto e de um bom testemunho, sempre o Senhor nos suprirá as nossas necessidades materiais enquanto em nossa peregrinação terrena.
- Eliseu também mostrou, por meio da retirada da morte da panela, mostrou aos filhos dos profetas a importância de sermos vigilantes, de não permitirmos que “veneno” venha a alimentar o povo de Deus, a comunidade que se dedica ao estudo da Palavra, mandando-nos sempre usar da “farinha”, ou seja, da sã doutrina para afastar os falsos ensinos e as heresias de nosso meio.
- Eliseu, ao multiplicar os pães que havia recebido de um homem, ensinou aos filhos dos profetas que a partilha e o amor ao próximo devem ser valores sempre seguidos por todos quantos querem servir ao Senhor nesta vida. Demonstrando que não era líder para ser servido mas para servir, o profeta repartiu aquilo que recebera e, com isso, se operou o milagre da multiplicação. É preciso que haja, da parte daqueles que se dedicam ao Senhor, uma conduta social justa e amorosa, que leve à satisfação das necessidades materiais e espirituais do povo com quem convivemos.
- Eliseu, ao fazer flutuar o ferro do machado, mostrou aos filhos dos profetas como era necessário estarmos vigilantes e devidamente preparados para desempenhar a tarefa que o Senhor nos dá na Sua obra. Também nos fez ver que é mister lembrarmos, sempre, que tudo quanto recebemos do Senhor, a Ele pertence e que, por isso, teremos de prestar contas do uso dos dons que nos concede, sem falar que é preciso, sempre que falharmos, voltarmos aonde cairmos, para que recomecemos da maneira correta.
- Em cada milagre, portanto, havia um importante ensinamento que devemos seguir em nossos dias, mas, também, havia a manifestação sobrenatural do Senhor para dar aos filhos dos profetas o estímulo necessário para que prosseguissem a sua jornada aparentemente inglória, mas que foi de fundamental importância para a sobrevivência do reino de Israel até a sua final destruição, destruição que foi anunciada pelos profetas, que não sucumbiram juntamente com aquela nação de dura cerviz.
- Prossigamos, pois, nesta mesma “toada” nas nossas “escolas de profetas” hodiernas, estes espaços onde servimos a Deus e aguardamos o retorno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém!
Colaboração para o portal Escola Dominical - Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco


Lição 12: Eliseu e as Escola dos Profetas II


TEXTO ÁUREO
"Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em CRISTO JESUS. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" (2 Tm 2.1,2).
VERDADE PRÁTICA
A escola de profetas objetivava a transmissão dos valores morais e espirituais que DEUS havia entregado a Israel através de sua Palavra.
Meus comentários (Ev. Henrique)
Todos estavam unidos no trabalho do Senhor - eles queriam alargar o lugar de adoração a DEUS, a escola de profetas - eles queriam receber o profeta e acomodá-lo melhor - eles queriam maior intimidade com DEUS - queriam ser usados por DEUS como Elias e Eliseu. A visão do reino de DEUS deve estar sempre crescendo, deve ser mais ampla, olhando como DEUS olha. Há muito mais para fazer do que imaginamos ou pensamos.
Era tempo de avivamento ali - DEUS fêz grandes milagres através de Elias e agora fazia através de Eliseu - DEUS sempre tem um avivamento preparado em época de crise espiritual - A solução para esfriamento é aquecimento.
A escola de profetas - Com certeza se tratava de um lugar de muita adoração, oração, jejum, estudo da Palavra de DEUS, manifestações do ESPÍRITO SANTO e intercessão.
Samuel - Davi - Então enviou Saul mensageiros para trazerem a Davi, os quais viram uma congregação de profetas profetizando, onde estava Samuel que presidia sobre eles; e o ESPÍRITO de DEUS veio sobre os mensageiros de Saul, e também eles profetizaram. 1 Samuel 19:20
Saul -
Então chegarás ao outeiro de DEUS, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas; e eles estarão profetizando.E o ESPÍRITO do SENHOR se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e tornar-te-ás um outro homem.
E, chegando eles ao outeiro, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; e o ESPÍRITO de DEUS se apoderou dele, e profetizou no meio deles. 1 Sm 10.5,10
Então foi para Naiote, em Ramá; e o mesmo ESPÍRITO de DEUS veio sobre ele, e ia profetizando, até chegar a Naiote, em Ramá. E ele também despiu as suas vestes, e profetizou diante de Samuel, e esteve nu por terra todo aquele dia e toda aquela noite; por isso se diz: Está também Saul entre os profetas? 1 Samuel 19:23,24
Elias - Eliseu - 2 Reis 6.1-7 (acima, na leitura)
No tempo em que a escola de profetas foi estabelecida, ao que parece, no tempo de Samuel, o senhor estava no governo de seu povo através de seu profeta, não havia rei em Israel – o governo era teocrático, ou seja, DEUS mesmo é que coordenava tudo, tendo como administrador o profeta Samuel. Depois surgiram novas escolas de profetas e no tempo de Elias e Eliseu peos menos 4 se destacam:
Gilgal - Betel - Jericó e Jordão.
Através de Moisés DEUS já havia ordenado aos pais que ensinassem a seus filhos a respeito de DEUS e de suas leis.
Dt 6.7 - E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.
Dt 11.19 - E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te.
DEUS deveria ser mencionado e obedecido em todas as situações pelas quais passassem.
Todo o cuidado de DEUS para com seu povo e como o Mesmo DEUS os havia livrado do cativeiro egípcio deveria sempre ser lembrado pelos pais diante de seus filhos.
A mensagem de um redentor futuro e de que Este substituiria Moisés no cargo de profeta e legislador de Israel estava na primazia do ensino que os pais deveriam passar para seus filhos.
O melhor ensino é o audiovisual, portanto esse deveria ser o método utilizado (por isso tantos símbolos e rituais na religião hebraica).
A natureza, os animais e os homens eram provas mais do que consistentes da existência e cuidado desse DEUS para com seu povo.
Pelo que se deduz, a escola de profetas foi instituída para que jovens desejosos de se tornarem profetas como Samuel, ou quem sabe, até substituí-lo no futuro, fossem treinados e instruídos para esse tão importante ofício.
Cremos que esta escola ensinava principalmente o entendimento das escrituras, a oração intercessória, a total dependência das manifestações sobrenaturais de DEUS e a adoração legítima a DEUS.
Samuel vendo o péssimo exemplo dos filhos de Eli e dos seus próprios filhos (1Sm 8.1-3) já treinava futuros profetas e sacerdotes para um dia serem íntegros servos de DEUS.
1 Samuel 2:12 - Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial; não conheciam ao SENHOR.
Esses profetas deveriam buscar, não a sabedoria dos homens, mas a espiritual, provinda de DEUS, uma sabedoria de cima, do céu (Tg 1.5).
Os professores que mais se destacaram na direção dessa escola foram Samuel, Elias e Eliseu.
Os milagres eram a marca registrada desses mestres. DEUS os confirmava como instrutores dos profetas do porvir.
Eram homens respeitados e admirados por todos, inclusive por seus inimigos.
Cremos que antes de haverem tantas escolas, como havia no tempo de Elias e de Eliseu, existiram apenas duas escolas bem definidas, a de Ramá, residência de Samuel (1 Sm 8.4; 1 Sm 25.1) e a de Quiriate-Jearim (1 Sm 7.2 – arca 20 anos ali - 1 Cr 13.5), residência provisória da arca de DEUS.
1 Sm 25.1 - 1 E faleceu aSamuel, e todo os filhos de Israel se ajuntaram, e o prantearam, e o sepultaram na sua casa, em Ramá. E Davi se levantou e desceu ao deserto de Parã. FALECEU SAMUEL. A morte de Samuel encerrou a carreira de um dos mais dedicados servos de DEUS. (1) Tinha zelo por DEUS e fez mais do que qualquer outra pessoa dos seus dias, para cumprir o que estava no coração de DEUS (2.35; 12.7-25; 15.10,11,35). Oferece um exemplo grandioso de integridade, de honestidade, de fidelidade e de ilibada moral (12.1-5). (2) Legou aos seus pósteros uma reputação que o coloca na categoria de um dos maiores servos de DEUS no AT. O próprio DEUS falou dele e de Moisés conjuntamente (Jr 15.1). Samuel e outros santos profetas (e não os reis) representam a liderança espiritual e moral mais elevada do antigo concerto.
A manutenção das escolas era dada pelos próprios profetas em seu trabalho agrícola, manual ou com a ajuda do povo em geral.
O trabalho manual sempre foi incentivado em Israel, até hoje em suas escolas se ensina algo teórico e algo prático. Assim todos ao se formarem têm duas profissões, uma intelectual e outra de habilidade manual. No Novo Testamento encontramos homens de DEUS trabalhando assim em serviços manuais, apesar de possuírem cultura e ensino superior. Paulo e Áquila são bons exemplos disso.
Atos 18.3 ------------------- Paulo e Áquila com Priscila sua esposa faziam tendas.
DO MESMO OFÍCIO. Paulo exercia uma profissão além de pregar o evangelho. Ele fabricava tendas e ganhava a vida assim, enquanto viajava ou ficava hospedado com alguém (20.34; 1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8). Fica claro, pelo exemplo de Paulo, que os pastores que precisam trabalhar para ajudar no sustento de si mesmo e de sua família não têm o seu ministério inferior ao dos outros. A vocação ministerial que incluir uma outra secular (uma profissão) tem precedente bíblico e até mesmo apostólico.
A lei e a Aliança de DEUS com Israel eram as principais matérias estudadas nessas escolas. Também a idoneidade, a honestidade, a vida exemplar dos servos de DEUS, a humildade, o zelo pelas coisas de DEUS, a integridade e a incorruptibilidade, por certos eram aterias aprendidas e colocadas em prática na vida desses servos de DEUS que muitas vezes perderam suas vidas por sua fidelidade a DEUS, como foi o caso dos profetas assassinados por Jezabel (1 Rs 18.4).
Cremos que na maior parte do tempo aqueles homens estavam prostrados diante de DEUS em oração. O ESPÍRITO SANTO não era derramado sobre todos como o é hoje, mas certamente sobre os estudantes daquelas escolas, ELE se manifestava todos os dias.
A palavra de DEUS lhes era revelada e a comunhão entre eles era notada. (2 Rs 2.5; 2 Rs 3.11).
A música era utilizada como um dos meios de atrair a presença de DEUS, a revelação de DEUS. Tanto as manifestações de DEUS na vida de Davi como de Eliseu comprovam isso.
1 Sm 16.23 - E sucedia que, quando o espírito mau da parte de DEUS vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito mau se retirava dele.
2Rs 3.15 - Ora, pois, trazei-me um músico. E sucedeu que, tocando o músico, veio sobre ele a mão do SENHOR.
Que pena que nossos professores de hoje desprezaram essas duas partes principais no ministério do ensino, além dos estudo das escrituras – a adoração legítima e a manifestação dos milagres de DEUS.
O ensino só passa a ser eficaz quando aquele que ensina pratica o que ensina e DEUS comprova seu ensino com suas manifestações sobrenaturais (Jo 7.46; ).
Jo 3.2 - Este foi ter de noite com JESUS, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de DEUS; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se DEUS não for com ele.
Atos 2.22 - Homens israelitas, escutai estas palavras: A JESUS Nazareno, homem aprovado por DEUS entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que DEUS por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;
O ensino de maior valor é dado pelo próprio DEUS - o pão que desce do céu, a revelação da palavra de DEUS; esse é o ensino que foi dado a Abraão, a Isaque, a Israel, a Moisés, a Samuel, a Davi, a Daniel, a Pedro, a João, a Tiago, a Paulo, a Timóteo, etc...
1 Jo 2.27 - E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis.
INTERAÇÃO
Professor, já no Antigo Testamento podemos perceber que a educação religiosa tinha um lugar de destaque entre os israelitas. As Escolas de Profetas são uma prova desta verdade. Estas instituições não tinham como propósito ensinar os alunos a profetizarem. A profecia é um dom divino, por isso, somente o Senhor pode ensinar os seus servos quanto ao profetizar. Todavia, um dos objetivos era passar às gerações mais novas a herança cultural e espiritual da nação. Na lição de hoje, estudaremos acerca da Escola de Profetas sob quatro perspectivas: a instituição, os objetivos, o currículo e a metodologia. Boa aula!
Lição 12 - Eliseu e a escola dos profetas III
I. A INSTITUIÇÃO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. Uma noção de organização e forma ajuda no ensino da Palavra
1.1. As escolas possuíam uma estrutura física (2Rs 6.1)
             . Ali viviam em comunidade
             . Ali eram instruídos
1.2. Um espaço maior foi reclamado (2Rs 6.1-2)
             . É bom quando os membros de uma igreja se ajuntam para melhorar a igreja (espaço físico)
             . A visão de uma necessidade move o coração de todos
1.3. Não podemos educar sem primeiro estruturar
             . A acomodação de alunos em espaços corretos ajudam no ensino
             . Nossa falha é fazer tudo de qualquer jeito
2. Líderes na escola de profetas dão uma noção do que precisamos para ensinar
2.1. A escola de profetas tinha um líder (Eliseu) (2Rs 6.1a)
             . Ele a supervisionava (2Rs 6.3)
             . Era um líder espiritual (2Rs 6.6)
             . Tinha uma missão pedagógica
2.2. Acredita-se que as escolas de profetas surgiram com o profeta Samuel (1Sm 10.5,10; 19.20)
             . Samuel foi um profeta cuja palavra era respeitada
             . Samuel é um exemplo do que precisamos hoje para a funcionalidade do ensino
II. OS OBJETIVOS DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. Treinamento de novos obreiros
1.1. Treinando através da obediência (2Rs 2.15,16)
. Sob as ordens do líder obtinham permissão para fazer tarefas
1.2. Treinando através do exemplo (2Rs 6.6)
. Líderes que dão exemplo de vida tem melhores obreiros ao seu lado (Fp 3.17)
2. Encorajamento nas situações difíceis (2Rs 6.5)
2.1. Eliseu oferecia instrução e encorajamento aos jovens que ali estavam
2.2. Eliseu transmitia aos jovens o que havia aprendido do Senhor
2.3. Não há objetivo maior para um educador do que encorajar o educando a excelência do ensino (1Tm 4.13)
III. O CURRÍCULO DAS ESCOLAS DE PROFETAS
1. A Escritura fazia parte do currículo da escola dos profetas
1.1. A Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas escolas de profetas
1.2. É a Palavra de Deus que nós devemos ensinar hoje (2Tm 4.2)
2. A comunicação de suas experiências fazia parte da escola dos profetas
2.1. Elias e Eliseu partilhavam suas experiências com os outros (2Rs 2.15,19-22; 4.1-7,42-44)
2.2. Cuidado!! A experiência não está acima da direção divina
             . A Palavra de Deus é quem julga a experiência e não o contrário
2.3. O aprendizado se faz através do processo de interação e a experiência faz parte deste processo
             . Paulo contando uma experiência (2Co 12.2-5)
IV. A METODOLOGIA DA ESCOLA DE PROFETAS
1. Um sistema apropriado de educação
1.1. Seguiam o idealismo hebreu concerne à educação
1.2. A educação acontecia na forma oral, também
2. Usando uma metodologia o professor ensina melhor
2.1. Transmitir valores morais
2.2. Transmitir valores espirituais
  COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PB. MARCOS JACOB DE MEDEIROS
Lição 12 - Eliseu e a Escola de Profetas IV
ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS
Por diversas vezes vemos a expressão “filhos dos profetas (hb. bene ba-nabiim)" aparecer nos livros de 1 e 2 Reis. Observamos pelas Escrituras que os filhos dos profetas estavam radicados em locais como Betel, Jericó e Gilgal (1 Rs 20.35; 2 Rs 2.3,5,7,15; 4.1,38; 6.1). O contexto dessas passagens não deixa dúvidas de que esta expressão pode ser entendida como sendo sinônimo para “Escola de Profetas”.
Esse fato serve para nos mostrar que a educação religiosa ou formal já recebia destaque no Antigo Israel. Deve ser lembrado que essas escolas de profetas não tinham como propósito ensinar a profetizar. Isso é uma atribuição divina.
Todavia a Escola de Profetas é um testemunho vivo de que o povo de Deus em um passado tão distante se preocupava em passar às gerações posteriores sua herança cultural e espiritual.
Entender os princípios que fundamentavam a Escola de Profetas é de suma importância para a Educação Cristã do século XXI, pois através deles é possível fazer um contraste entre o ensino bíblico e o paradigma educacional emergente. E fato que o paradigma educacional da cultura ocidental vem sofrendo mudanças radicais nos últimos anos. Esse fato tem provocado o espanto de especialistas que demonstram preocupação diante dos novos desafios impostos por essa reviravolta no mundo dos valores. Mas não é somente a cultura secular que tem refletido os efeitos dessas mudanças de valores na educação. A igreja evangélica como uma instituição formadora de valores também espelha essas mudanças.
O que a igreja deve saber sobre esse novo modelo ou paradigma educacional emergente e como agir diante dele? O que a Escola de Profetas, liderada pelo profeta Eliseu, tem a nos ensinar? È a pergunta que nos proporemos a responder aqui.
Antes de estudarmos a Escola de Profetas como uma entidade dedicada à instrução religiosa, procurarei dar uma visão panorâmica sobre o novo modelo educacional, também denominado de Paradigma Educacional Emergente.
Os valores fundamentais da educação
Em seu livro Os Valores Fundamentais, o teólogo e filósofo italiano Battista Mondin trouxe uma importante reflexão sobre o valor da educação hodierna. Mondim observa que a escola é uma fábrica de cultura e que para ela realizar essa função, deve ter em vista o cultivo do homem, que ele destaca como sendo as exigências fundamentais de cada cultura. São elas: simbólica, tecnológica, ética e axiológica (porque quatro são os fundamentos da cultura: linguagem, costumes, técnicas e valores).
A escola, como é conhecida e realizada hoje”, destaca Mondim “atua ao máximo somente as duas primeiras tarefas, a simbólica e a tecnológica. Provê a primeira com o estudo da língua, da escrita, da gramática, da história, da geografia, do desenho, da literatura, das ciências, da filosofia. A segunda, com a aprendizagem do uso de instrumentos e de máquinas. Ela deixa de lado (e nas escolas estatais parece até que isso é dever) tudo o que é mais necessário para a determinação do projeto-homem e de sua realização, isto é, as outras duas tarefas. Descubra, antes de tudo, a tarefa axiológica que é a de fazer a criança, o jovem, conhecer os valores absolutos, perenes, fazê-los conhecer e apreciar o valor absoluto, ajudá-los a descobrir a vocação que o chama à realização de seu projeto, de seu valor. Consequentemente, deixa de ensinar aos estudantes o caminho para realizar o próprio projeto de humanidade que é o caminho da virtude.”1
Ele destaca que no campo dos valores a escola anda na direção oposta daquilo que pretende uma instituição que é vista como uma fábrica de cultura, isto é, como uma instituição que cuida da formação do homem em sociedade. Para esse filósofo italiano, a escola age dessa forma quando:
Critica e nega, sistemática e venenosamente, os valores absolutos, espirituais, transcendentes, perenes e favorece nos jovens a máxima libertinagem, ensinando um permissivismo completo. Assim, ela acaba por depauperar aquele tesouro precioso de sentimentos e instintos que a natureza doa à criança, ao invés de canalizá-la, como a água impetuosa de um rio para irrigar o terreno e torná-lo fecundo, permite que escapem livremente e que se transformem (como no caso da violência, da luxúria e da droga) em vícios que bloqueiam o caminho em direção à realização daquele valor absoluto, daquele projeto de humanidade a que somos chamados e destinados”.2
Dizendo isso de uma outra forma: a educação contemporânea com sua proposta de total rompimento com os valores tradicionais herdados da cultura judaico-cristã, promove uma educação secularizada onde não existem valores perenes ou absolutos nem tampouco a mais tênue noção de verdade. Em vez disso, há apenas “verdades”, e valores relativos que devem ser ajustados ao comportamento do educando. Cada um tem a sua verdade, já que não existem mais metanarrativas e a história perdeu o seu sentido. A noção de certo e errado, verdade ou mentira, deixa de ser um fenômeno universal para se ajustar à localidade de cada cultura. Cada cultura tem a sua verdade e, portanto, a sua noção de valores ético-morais.
O relatório da UNESCO para a educação do século XXI
A fim de avaliar o impacto desse novo desafio que a educação do século XXI enfrenta, a UNESCO preparou um relatório minucioso. O relatório que foi presidido pelo educador francês Jacques Delors, aponta os desafios e os caminhos para o fenômeno educacional no mundo do século XXI.3 A edição brasileira desse relatório foi apresentada pelo ex-ministro da educação Paulo Renato.
Em sua fala, o ex-ministro destaca aquilo que o Relatório Delors sintetiza sobre a realidade educacional global. Ele pôs em evidência esse novo cenário para esse paradigma educacional emergente, conforme demonstrado no Relatório Delors: “Existe hoje uma arena global na qual, gostemos ou não, é até certo ponto jogado o destino de cada indivíduo. [...] Apesar de uma promessa latente, a emergência desse novo mundo, difícil de aprender e ainda mais difícil de prever, está criando um clima de incertezas, para não dizer de apreensão, que torna a busca de um enfoque verdadeiramente global para os problemas ainda mais angustiantes.”4
Observa-se que os educadores estão conscientes e preocupados com os novos desafios que a cultura emergente impõe sobre a educação. Da mesma forma a igreja como uma instituição social e formadora de valores não deve fazer vista grossa para esses alertas.5
Pressupostos apontados para a educação do século XXI
O ministro da educação indiano, Karan Singh, que também é um dos colaboradores do Relatório Delors, apontou alguns pressupostos de uma filosofia holística para a educação do século XXI. Devemos ficar atentos a esses pressupostos educacionais, pois serão eles que formarão a cultura das gerações vindouras. De acordo com Singh:
1.O planeta Terra que habitamos e de que todos somos cidadãos é uma entidade única, fervilhante de vida; a espécie humana é, em ultima análise, uma grande família em que todos os membros são solidários; as diferenças de raça e de religião, de nacionalidade e de ideologia, de sexo e de preferências sexuais, de estatuto econômico social — embora em si importantes — devem ser repostas no contexto mais geral desta unidade fundamental.
2. O ódio e o sectarismo, o fundamentalismo e o fanatismo, a inveja e o ciúme, entre pessoas, grupos ou nações, são paixões destruidoras que é preciso vencer agora que nos achamos no limiar de um novo século; o amor e a compaixão, a preocupação pelo outro e a caridade, a amizade e a cooperação devem ser estimuladas, agora que a nossa consciência desperta para a solidariedade planetária.
3.As grandes religiões do mundo na luta pela supremacia devem parar de se combater e cooperar para o bem da humanidade, a fim de reforçar, graças a um diálogo permanente e criativo entre as diferentes confissões, o filão de ouro que são as suas aspirações espirituais comuns, renunciando aos dogmas e anátemas que as dividem.
4.A educação holística deve ter em conta as múltiplas facetas — físicas, intelectuais, estéticas, emocionais e espirituais da personalidade humana e tender, assim, para a realização deste sonho eterno: um ser humano perfeitamente realizado vivendo num mundo em harmonia.6
Não há como negar que esses pressupostos educacionais apontados por Singh refletem os princípios de uma educação holística, mística e destituída na sua grande maioria dos valores cristãos. Algo semelhante àquilo que Battista Mondim já havia criticado como princípios que estão na contramão de uma educação verdadeiramente humanística. O relatório, portanto, é bem intencionado, mas utópico na medida em que prega um ecumenismo universal entre todos os povos e religiões. São esses vetores que procuram nortear a educação secular contemporânea.
Merece destaque que esses mesmos pressupostos educacionais, vistos por uma outra perspectiva, são defendidos por renomados educadores.
Em seu conceituado livro O Novo Paradigma Educacional Emergente, a educadora Maria Cândida resume esse modelo emergente como sendo:
1. Construtivista — o ser humano está em constante processo de transformação diante de sua ação no mundo, em sua relação constante com o objeto. Pensar é resultado de uma construção, da ação do indivíduo sobre o objeto e da transformação desse objeto, que tem o educando como centro gerador em processo constante de construção.
2. Interacionista — sujeito e objeto estão em constante interação de forma que um modifica o outro e modificam-se entre si.
3. Sociocultural — o homem é um ser relacional que interage constantemente, através do diálogo, com seus pares e com o mundo físico.
4. Transcendente — isto quer dizer: ir além, ultrapassar-se, superar-se. O homem é um devir a ser.7
Essas são as tendências de uma nova Paideia, de um novo modelo educacional emergente. Embora seja perceptível a roupagem científica com que esse modelo está adornado, todavia é inegável que ele é mais religioso do que científico. Mais espiritual do que racional. O físico nuclear e adepto do misticismo oriental, Fritijof Capra, foi uma das primeiras vozes pós-modernas na defesa desse novo paradigma. Capra afirma:
Precisamos de um novo paradigma — uma nova visão da realidade, uma mudança fundamental em nossos pensamentos, percepções e valores. Os primórdios dessa mudança, da transferência da concepção mecanicista para a holística da realidade, já são visíveis em todos os campos e suscetíveis de dominar a década atual.”8
No livro de minha autoria, intitulado Defendendo o Verdadeiro Evangelho, mostrei as implicações que essa nova ciência tem sobre os valores cristãos, em especial sobre a Educação. Mais uma vez fiz uma análise das palavras de Fritjof Capra, principal guru dessa Nova Era:
Vivemos hoje num mundo globalmente interligado, no qual os fenômenos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais são todos interdependentes. Para descrever esse mundo apropriadamente, necessitamos de uma perspectiva ecológica que a visão do mundo cartesiana não oferece” (O Ponto de Mutação — a Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente p. 14). Em outro texto, também de sua autoria, ele diz: “Não existe nenhum organismo individual que viva em isolamento. Os animais dependem da fotossíntese das plantas para terem atendidas as suas necessidades energéticas; as plantas dependem do dióxido de carbono produzido pelos animais, bem como do nitrogênio fixado pelas bactérias em suas raízes, e todos juntos, vegetais, animais e microorganismos, regulam toda a biosfera e mantêm as condições propícias à perspectiva da vida” (As Conexões Ocultas — a Ciência para uma Vida Sustentável).9
O lado espiritual e místico desse novo paradigma fica claro em outro livro de Fritijof Capra, intitulado: O Tao da Físicaum paralelo entre a Física Moderna e o Misticismo Oriental. Nessa obra, diz:
Há cinco anos, experimentei algo de muito belo, que me levou a percorrer o caminho que acabaria por resultar neste livro. Eu estava sentado na praia, ao cair de uma tarde de verão, e observava o movimento das ondas, sentindo ao mesmo tempo o ritmo de minha própria respiração. Nesse momento, subitamente, apercebi-me intensamente do ambiente que me cercava: este se me assegurava como se participasse de uma gigantesca dança cósmica (...) senti o seu ritmo e ‘ouvi’o seu som. Nesse momento, compreendi que se tratava da dança de Shiva, o deus dos dançarinos, adorado pelos hindus.”10
Desafios à educação contemporânea
É, pois, possível percebermos que o conflito existente entre a cultura moderna, fundamentada no modelo cartesiano, e a pós-moderna, fincada na física quântica e em princípios holísticos, está na desconstrução dos valores tradicionais da educação que esta última produz. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos maiores analistas do impacto que a cultura pós-moderna causa na educação contemporânea, escreveu sobre as dimensões desse conflito:
A história da educação conheceu muitos momentos críticos nos quais ficava evidente que premissas e estratégias já testadas e aparentemente confiáveis não davam mais conta da realidade e exigiam revisões e reformas. Contudo, a crise atual parece ser diferente daquelas do passado. Os desafios do presente desferem duros golpes contra a própria essência da ideia de educação, tal como ela se formou nos primórdios da longa história da civilização: eles questionam as invariantes dessa ideia, as características constitutivas da educação que resistiram a todos os desafios passados e emergiram intactas de todas as crises anteriores; os pressupostos que antes nunca haviam sido colocados em questão e menos ainda encarados como se já tivessem cumprido sua missão e necessitassem de substituição.”11
Vejamos, portanto, como esse sociólogo polonês analisa esse novo paradigma educacional:
1.Um produto descartável
Bauman chama a atenção que para esse modelo emergente de educação, a simples “ideia de que a educação pode constituir em ‘produto’feito para ser apropriado e conservado é desconcertante, e sem dúvida não depõe a favor da educação institucionalizada”. Bauman diz acertadamente que, visto desta forma, a educação é um produto descartável, “um pacote de conhecimento criado para usar e jogar fora. A justificativa que os pais davam para convencer os filhos a estudarem: 'aquilo que você aprendeu ninguém vai poder tirar,’perde sua razão de ser.”
2. Uma realidade instável
Em todas as épocas”, observa Bauman, “o conhecimento foi avaliado com base em sua capacidade de representar fielmente o mundo. Mas como fazer quando o mundo muda de uma forma que desafia constantemente a verdade do saber existente, pegando de surpresa até os mais ‘bem-informados?’”
Ainda segundo ele, Werner Jaeger, que sem dúvidas foi um dos maiores pesquisadores e teóricos da Educação, destacava que os fundamentos da pedagogia e da aprendizagem se fundamentavam em dois pressupostos básicos, quais sejam: a ordem imutável do mundo e a natureza igualmente eterna das leis que governam a natureza humana. Bauman destaca que o “primeiro pressuposto justificava a necessidade e os benefícios da transmissão do conhecimento dos professores aos alunos. O segundo infundia nos professores a autoconfiança necessária para esculpir na personalidade dos alunos, como fazem os escultores com o mármore, a forma que se presumia sempre justa, bela, boa e, portanto, virtuosa e nobre”.12
A relação professor e aluno
Igualmente pertinente é o que Bauman chama de cultura off-line e on-line:
Para os jovens”, destaca Bauman, “a principal atração do mundo virtual deriva da ausência de contradições e objetivos contrastantes que infestam a vida off-line. O mundo on-line, ao contrário de sua alternativa off-line, torna possível pensar na infinita multiplicação de contatos como algo plausível e factível. Isso acontece pelo enfraquecimento dos laços — em nítido contraste com o mundo off-line, orientado para a tentativa constante de reforçar os laços, limitando muito o número de contatos e aprofundando cada um deles.”13
Depois dessa visão geral do novo paradigma educacional emergente e suas implicações na cultura judaico-cristã, voltemos, pois, à Escola de Profetas para uma avaliação dos seus fundamentos:
Disseram os discípulos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos contigo é estreito demais para nós.
Vamos, pois, até ao Jordão, tomemos de lá, cada um de nós uma viga, e construamos um lugar em que habitemos. Respondeu ele: Ide. Disse um: Serve-te de ires com os teus servos. Ele tornou: Eu irei. E foi com eles. Chegados ao Jordão, cortaram madeira. Sucedeu que, enquanto um deles derribava um tronco, o machado caiu na água; ele gritou e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado. Perguntou o homem de Deus: Onde caiu? Mostrou-lhe ele o lugar. Então, Eliseu cortou um pau, e lançou-o ali, e fez flutuar o ferro, e disse: Levanta-o. Estendeu ele a mão e o tomou” (2 Rs 6.1-7)
Em primeiro lugar, a Escola de Profetas deve ser vista sob a perspectiva institucional ou estrutural.
1.Noção de organização e forma
O texto de 2 Reis 6.1, mostra o lado institucional da Escola de Profeta. Eles viviam em comunidade e, portanto, careciam de um espaço físico não somente para habitar, mas onde pudessem ser instruídos: “Disseram os discípulos dos profetas a Eliseu:
Eis que o lugar em que habitamos contigo é estreito demais para nós. Vamos, pois, até ao Jordão, tomemos de lá, cada um de nós uma viga, e construamos um lugar em que habitemos”. Observa-se nesse texto que a estrutura acabou ficando inadequada e um espaço maior foi reclamado. Para que se tenha uma educação de qualidade necessita-se de uma estrutura adequada. Não podemos educar sem primeiro estruturar!
2. Noção de organismo e função
Essa Escola de Profetas estava sob uma supervisão e, portanto, possuíam um líder espiritual que lhes dava orientação. Os estudiosos acreditam que as Escolas de Profetas surgiram com Samuel (1 Sm 10.5,10; 19.20) e posteriormente se consolidou com a monarquia nos ministérios de Elias e Eliseu. No texto de 2 Reis 6.1, verificamos que esses discípulos dos profetas estavam sob a orientação do profeta Eliseu e era com o profeta de Abel-meolá que eles buscavam instrução. Eliseu não era apenas um homem com dons carismáticos capaz de prever o futuro ou operar milagres poderosos, mas também um profeta que possuía uma missão pedagógica. Nesse contexto a unção vem junto com a educação.
Em segundo lugar, a Escola de Profetas deve ser vista sob a perspectiva teleológica, dos fins, dos objetivos.
1. Treinamento
O texto de 2 Reis 2.15,16, mostra que fazia parte desse treinamento trabalhar sob as ordens do líder, obtendo assim permissão para a execução de determinadas tarefas: “Vieram-lhe [os filhos dos profetas] ao encontro e se prostraram diante dele em terra. E lhe disseram: Eis que entre os teus servos há cinquenta homens valentes; ora, deixa-os ir em procura do teu senhor; pode ser que o Espírito do Senhor o tenha levado e lançado nalgum dos montes ou nalgum dos vales. Porém ele respondeu: Não os envieis.” Esse processo interativo entre o líder e o liderado, entre o educador e o educando, é vital para a produção do conhecimento. Em outras situações observamos que os filhos dos profetas, quando já treinados, podiam agir por conta própria em determinadas situações (1 Rs 20.35). O discipulado ocorre quando aquele que foi instruído é capaz de repetir com outros o processo do seu aprendizado.
2. Encorajamento
Os expositores bíblicos observam que o profeta Eliseu não limitava o seu ministério à pregação itinerante e à operação de milagres, mas agia também como um supervisor de várias escolas de profetas nos seus dias. Nessas escolas ele fornecia instrução e encorajamento aos jovens que ali chegavam. O contexto dos livros de 1 e 2 Reis não deixam dúvidas de que esses dois profetas se preocupavam em transmitir à geração mais nova aquilo que aprenderam do Senhor. Nessas escolas, portanto, esses alunos eram encorajados a buscarem uma melhor compreensão da Palavra de Deus. Não há objetivo maior para um educador do que encorajar o educando a buscar a excelência no ensino.
Em terceiro lugar, a Escola de Profetas deve ser vista sob a perspectiva curricular, dos conteúdos.
1.A Escritura
Quando fazemos um acompanhamento do ministério do profeta Elias, vemos que a Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas Escolas de Profetas. Eliseu recebeu essa herança. Quando se encontrava no monte Sinai, Elias se queixou que os israelitas haviam abandonado a Aliança com Deus, destruíram os locais de cultos e exterminaram os profetas (1 Rs 19.10). A Palavra de Deus, em especial o livro de Deuteronômio, especificava que princípios e preceitos regiam a Aliança de Deus com seu povo. A Palavra de Deus era essa aliança! Assim como Elias, Eliseu também estava familiarizado com as implicações dessa Aliança. Era essa palavra que ele ensinava aos seus discípulos. E essa palavra que devemos ensinar hoje.
2.A Experiência
Tanto Elias como Eliseu eram homens experientes e compartilhavam com os outros aquilo que haviam aprendido (2 Rs 2.15; 2.19-22; 4.1-7,42-44). No entanto, no contexto bíblico, a experiência não está acima da revelação de Deus conforme se encontra escrita na Bíblia. A Palavra de Deus é quem julga a experiência e não o contrário. Elias, por exemplo, afirmou que suas experiências tiveram como fundamento a Palavra de Deus (1 Rs 18.36). Os mais jovens devem ter a humildade de aprender com os mais experientes e os mais experientes não devem desprezar os saberes dos mais jovens. O aprendizado se dá através do processo de interação e a experiência faz parte desse processo.
Em quarto lugar, a Escola de Profetas deve ser vista sob a perspectiva metodológica.
1.Ensino através do exemplo
Os estudiosos estão de acordo que essas Escolas de Profetas seguiam o idealismo hebreu concernente à educação. Havia uma relação entre professor e aluno na comunidade onde viviam. A educação acontecia também na sua forma oral e o exemplo era um desses métodos adotados no processo educativo. Não há como negar que Eliseu ensinava através do exemplo. Há vários relatos sobre os milagres de Eliseu onde se percebe que o aprendizado acontecia através da observação das ações do profeta de Abel-meolá. Geazi, moço de Eliseu, sabia que seu mestre era um exemplo de honestidade. No Novo Testamento, Jesus Cristo se colocou como o exemplo máximo a ser seguido e Paulo também se pôs como um modelo a ser imitado (Mt 9.9; 1 Co 11.1).
2.Ensino através da palavra
Eliseu não deixou nada escrito. O que sabemos dele é através do cronista bíblico. Mas esse fato não significa que esse profeta não usasse a Palavra de Deus em sua vida devocional e também como instrumento de instrução na Escola de Profetas. A forma como esses homens julgavam o comportamento dos reis, aprovando-os ou reprovando-os não deixa dúvidas de que eles usam a Palavra de Deus escrita para discipular seus alunos. Eliseu, por exemplo, mediu a iniquidade de Acabe através da piedade de Josafá. Acabe era um rei mal por que não andava conforme a Palavra de Deus enquanto Josafá era estimado por fazer o caminho inverso.
Observamos através do ministério do profeta Eliseu que os filhos dos profetas pertenciam a uma escola dedicada ao ensino formal. Ali era ensinado a Palavra de Deus tanto na sua forma oral como escrita. Esse fato é por si só de grande relevância para nós porque demonstra a preocupação desse homem de Deus em passar a outros o conhecimento correto sobre Deus.
Os tempos mudam e a cultura também. Hoje sabemos que a educação secular possui grande importância e infelizmente para muitos é a única forma de educação existente. Não podemos negligenciar a educação humanista, mas não podemos de forma alguma perder de vista a dimensão espiritual do conhecimento.
Um ensino fundamentado na Bíblia, mesmo sem se tornar místico, atende aos propósitos de uma educação humanitária, conforme pretendido pelos educadores da UNESCO, que são:
1. Aprender a conhecer — aprender a conhecer é algo que se refere não somente à aquisição de conhecimento, mas também à forma como o indivíduo lida com o conhecimento no desenvolvimento do seu cotidiano.
2. Aprender a fazer — as aprendizagens devem evoluir e não podem mais ser consideradas como simples transmissão de práticas mais ou menos rotineiras.
3. Aprender a conviver — Num primeiro nível, a descoberta progressiva do outro. Num segundo nível, e ao lado de toda a vida, a participação em projetos comuns. O outro aqui não se limita apenas ao indivíduo, mas a outros povos também.
4. Aprender a ser — um sujeito capaz de tomar decisões na vida, dirigido por valores próprios e de maneira crítica.14
Notas:
1MONDIN, Battista. Os Valores Fundamentais. Ed. Edusc, 2005.
2MONDIN, Battista. idem.
3 DELORS, Jacques. Educação: um tesouros a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Editora Cortez/UNESCO/MEC. 10a Edição, 2006.
4SOUZA, Paulo Renato. Educação: um tesouro a descobrir. Ed. Cortez, 10a edição, 2006.
5Veja um estudo mais aprofundado sobre o assunto no livro de Jacques Delors: A Educação para o Século XXI: questões e perspectivas. Editora Artmed, Porto Alegre, 2005.
6Educação: um tesouro a descobrir.
7MORAES, Maria Cândida. O Novo Paradigma Educacional Emergente. Editora Papirus.
8CAPRA, Fritijof. O Ponto de Mutação - A Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente. Editora Cultrix , 1999.
9GONÇALVES, José. Defendendo o Verdadeiro Evangelho. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
10CAPRA, Fritjof. O Tao da Física: um paralelo entre a física moderna e o misticismo oriental. Ed Cultrix.
11BAUMAN, Zygmunt. Capitalismo Parasitário.ed. Jorge Zahar.
12JAERGER, Werner. Paideia: a formação do homem grego. Editora Martins Fontes.
13BAUMAN, Zygmunt. Capitalismo Parasitário. Idem.
14DELORS, Jacques. Educação: Um Tesouro a Descobrir. Op. cit
Lição 12 - Eliseu e a escola dos profetas V
INTRODUÇÃO
Entender os princípios que fundamentavam a escola de profetas é de suma importância para a educação cristã do século XXI, pois através deles é possível fazer um contraste entre o ensino bíblico e o paradigma educacional emergente. O que a escola de profetas, liderada pelo profeta Eliseu, tem a nos ensinar? A escola é uma fábrica de cultura, isto é, como uma instituição que cuida da formação do homem em sociedade, e que para ela realizar essa função, deve ter em vista o cultivo do homem. Como isso acontecia no antigo Israel? Quais ensinamentos podemos extrair da escola de profetas no AT?
I – DEFINIÇÃO DE ENSINO
O discipulado é o relacionamento entre um mestre e um aluno onde o mestre reproduz no aluno o conteúdo do aprendizado, capacitando-o a treinar outros para que também ensinem novos discípulos. Nas páginas das Escrituras encontramos vários termos equivalentes ao ato de ensinar. Vejamos: Paideuõ “instruir, treinar”, Didasko “dar instrução”, Didaktos “aquilo que pode ser ensinado”, Didaké “ensino”, Didaskalia “instrução”, Didaskalós “mestre, professor”, Didaskein “ensino”,  Theodidaktos “ensinado por Deus”.
II – CONCEITOS E DEFINIÇÃO DE PROFETA E PROFECIA
       As Escolas de Profetas realmente existiram, mas há pouca informação sobre essas instituições. Muito do que pensamos não passa de suposições, já que as passagens bíblicas não apontam de forma direta o propósito dessas escolas. Na verdade, é muito difícil responder sobre os objetivos, conteúdo e a formação delas. Não há elementos para uma explicação detalhada. Há até teólogos que acham que “escolas de profetas” é linguagem figurada, mas não que tenha sido uma organização. Apesar disso, os textos das Sagradas Escrituras nos dão algumas informações sobre o assunto. Para uma melhor compreensão dessa lição, enumeramos alguns conceitos e definições:
Profecia.  É a revelação inspirada, sobrenatural e única da vontade de Deus. A profecia não é, necessariamente, uma previsão do futuro, e sim, a revelação do conhecimento de Deus à humanidade (Am 3.7; Jr 36.1-3; Ez 2.3-8; 3.4-11).
Profeta. A palavra profeta deriva-se do termo hebraico nabbi que significa “falar” ou “dizer”, e do termo grego prophete, que significa “falar de antemão”. Portanto, o profeta é um mensageiro de Deus. Sua principal função é tornar conhecidas as revelações divinas e transmitir os oráculos de Deus ao povo (Êx 7.1; Nm 12.6; I Sm 3.20; Hb 1.1,2).
Ministério Profético.  A palavra ministériosignifica “ofício”, “cargo, “função”, etc. Nas Sagradas Escrituras esse termo é coletivo e aponta para vários oficiais e autoridades religiosas e civis, bem como denota ofícios específicos, tais como ministério cristão, ministério dos anjos, etc. Assim, podemos afirmar que o termo Ministério Profético refere-se ao ofício ou função exercida pelos profetas de Deus.
III -  A ESCOLA DOS PROFETAS
             As escolas de profetas eram “instituições” de ensino do AT cujo objetivo era a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra. Não tinham como propósito ensinar os alunos a profetizarem. A profecia é um dom divino, por isso, somente o Senhor pode ensinar os seus servos quanto ao profetizar. Todavia, um dos objetivos desta escola era passar às gerações mais jovens a herança cultural e espiritual da nação. Os estudiosos acreditam que as escolas de profetas surgiram com o profeta Samuel (1Sm 10.5,10; 19.20) “E todos os profetas desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias” (At 3.24 cf. 13.20; Hb 11.32) e, posteriormente, consolidaram-se com os profetas Elias e Eliseu (2Rs 6. 1-2).
             As escolas de profetas forneciam instrução e encorajamento aos alunos a fim de que eles buscassem uma melhor compreensão da Palavra de Deus. Eliseu não era apenas um homem com dons sobrenaturais, mas também um profeta que possuía uma “missão pedagógica” (2Rs 2.15, 19-22; 4.1-7, 42-44).
IV – EXEMPLOS DE ESCOLAS DE PROFETAS
             Ao que parece, como foi dito acima, as primeiras “escolas teológicas” foram organizadas pelo profeta Samuel (1Sm 10.5; 19.20), e então foram mais firmemente estabelecidas pelos profetas Elias e Eliseu, no Reino do Norte ou reino de Samaria (2Rs 2.3; 4.38; 6.1). Essas escolas seguiam o modelo do ideal hebreu de relação entre o professor e o aluno. Eles viviam em comunidades e o ensinamento era bíblico e também através do exemplo pessoal. Vejamos alguns exemplos:
Escolas de profetas de Ramá e Gibeá(1Sm 19.20; 10.5, 10);
Escolas de profetas de Gilgal, Betel e Jericó(2Rs 4.38; 2.3,5,7,15; 4.1; 9.1);
Cerca de 100 alunos, isto é, discípulos dos profetas acompanhavam Eliseu(2Rs 4.38, 42-44);
Cerca de 50 desses discípulos achavam-se com Elias e Eliseu quando eles foram até ao Jordão(2Rs 2.7, 16-17);
Viviam em casas comuns, na companhia dos profetas(2Rs 6.1);
Alguns deles eram casados, e tinham suas próprias casas(2Rs 4.1);
Há alguma indicação de que havia música e poesia envolvida no “currículo escolar”(1Sm 10.5).
V – A ESCOLA DOS PROFETAS E O ENSINO
         As escolas de profetas eram centros de vida religiosa, onde se buscava a comunhão com Deus mediante a oração e meditação. É evidente que estudavam as profecias, inquirindo sobre o tempo de seu cumprimento (1 Pd 1.10-12), além de recordarem os grandes feitos de Deus no passado. Através dessas escolas, cresceu em Israel uma ordem profética reconhecida (2 Rs 2.3,5). No contexto do AT temos uma relação de homens usados por Deus para ensinar Seu povo: Samuel (1 Sm 12.23), Josafá (2 Cr 17.7-12), Esdras e Neemias (Ne 8.17), Davi (Sl 51.13 cf. Sl 25.4; 27.11) e Isaías (Is 28.10). Analisemos como funcionava o ensino na escola dos profetas:
Através do treinamento. O texto de 2 Reis 2.15,16, mostra que fazia parte desse treinamento trabalhar sob as ordens do líder, obtendo assim permissão para a execução de determinadas tarefas;
Através do encorajamento. Os expositores bíblicos observam que o profeta Eliseu não limitava o seu ministério à pregação itinerante e à operação de milagres, mas agia também como um supervisor de várias escolas de profetas nos seus dias;
Através das Escrituras. Quando fazemos um acompanhamento do ministério do profeta Elias, vemos que a Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas Escolas de Profetas;
Através da sua experiência.Tanto Elias como Eliseu eram homens experientes e compartilhavam com os outros aquilo que haviam aprendido (2 Rs 2.15; 2.19-22; 4.1-7,42-44);
Através do exemplo. Os estudiosos estão de acordo que essas Escolas de Profetas seguiam o idealismo hebreu concernente à educação. Havia uma relação entre professor e aluno na comunidade onde viviam;
Através da Palavra.Eliseu não deixou nada escrito. O que sabemos dele é através do cronista bíblico. Mas esse fato não significa que esse profeta não usasse a Palavra de Deus em sua vida devocional e também como instrumento de instrução na Escola de Profetas.
VI – A PRÁTICA DO ENSINO NAS ESCRITURAS
Vemos diversas vezes a expressão “filhos dos profetas” do hebraico“bene ba-nabiim” aparecer nos livros de 1 e 2 Reis. Observamos pelas Escrituras que os filhos dos profetas estavam radicados em locais como Betel, Jericó e Gilgal (1Rs 20.35; 2Rs 2.3,5,7,15; 4.1,38; 6.1). O contexto dessas passagens não deixa dúvidas de que esta expressão pode ser entendida como sendo sinônimo para “Escola de Profetas”. Esse fato serve para nos mostrar que a educação religiosa ou formal já recebia destaque no Antigo Israel. Todavia a Escola de Profetas é um testemunho vivo de que o povo de Deus em um passado tão distante se preocupava em passar às gerações posteriores sua herança cultural e espiritual. Sempre pesou sobre o povo de Deus a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus. Vejamos como se desenvolveu a instrução religiosa nos tempos bíblicos:
Nos dias de Moisés. Examinando o Pentateuco, vemos que no princípio, entre o povo de Deus, eram os próprios pais os responsáveis pelo ensino da revelação divina no lar. O lar, então, era de fato uma escola onde os filhos aprendiam a temer e amar a Deus (Dt 6.5-9; 11.18,19);
Na época dos Reis e Sacerdotes. Os sacerdotes eram mediadores entre Deus e o homem. Além do culto divino, eles tinham o encargo do ensino da Lei (Dt 24.8; I Sm 12.23; II Cr 15.3; Jr 18.18). Já os reis de Israel, quando piedosos e tementes a Deus, tinham a preocupação com a leitura e o ensino da Palavra de Deus para a nação (II Cr 17.7-9);
Durante o Cativeiro Babilônico. Nessa época, os judeus no exílio, privados do seu grandioso templo em Jerusalém, instituíram as sinagogas, que eram usadas como “escola bíblica”, casa de cultos e escola pública.
No pós-cativeiro. Nos dias de Esdras e Neemias, quando o povo retornou do cativeiro, houve um grande avivamento espiritual, originado pela leitura e ensino das Escrituras, como podemos observar nos capítulos 8 e 9 do livro de Neemias;
Durante o Ministério de Jesus.  Jesus exerceu um tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1). Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à Igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18);
Nos dias da Igreja.Após a ascensão do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram a ensinar. A igreja dos dias primitivos dava muita importância a esse ministério (At 5.41,42). Paulo e Barnabé, por exemplo, passaram um ano todo ensinando na igreja de Antioquia (At 11.26). Em Éfeso, Paulo ficou três anos ensinando (At 20.20,31) e em Corinto, ficou um ano e seis meses (At 18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra de Deus (At 28.31).
CONCLUSÃO
Observamos nesta lição que através do ministério do profeta Eliseu os filhos dos profetas pertenciam a uma escola dedicada ao ensino formal. Vimos também que ali era ensinado a Palavra de Deus tanto na sua forma oral como escrita. Esse fato é por si só de grande relevância para nós porque demonstra a preocupação desse homem de Deus em passar a outros o conhecimento correto sobre Deus.
REFERÊNCIAS
ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
SOARES, Esequias. O Ministério Profético na Bíblia. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PROF. PAULO AVELINO
LIÇÃO 12 - ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS VI
A relação íntima de Eliseu com as escolas dos profetas mostra que o ministério de poder não prescinde do estudo e meditação nas Escrituras.

INTRODUÇÃO


- Na sequência do estudo do ministério do profeta Eliseu,
estudaremos hoje a íntima relação do profeta com as escolas dos profetas.

- A relação íntima de Eliseu com as escolas dos profetas mostra que
o ministério de poder não prescinde do estudo e meditação nas Escrituras.

I – A ESCOLA DE PROFETAS

- Na sequência do estudo do ministério do profeta Eliseu, estudaremos hoje a íntima relação que o profeta tem com as escolas dos profetas, pois, como vimos na lição anterior, nada mais nada menos que seis dos quatorze milagres do profeta estão relacionados com estas comunidades que existiam no seu tempo.

- Para bem entendermos que eram estas escolas de profetas, faz-se preciso que recuemos no tempo e verifiquemos a lei de Moisés no tocante ao ensino divino a respeito da transmissão da lei para as gerações subsequentes.

- Tendo Israel firmado o compromisso com o Senhor no monte Sinai de que Lhe seria propriedade peculiar dentre os povos, um povo santo e um reino sacerdotal (Ex.19:3-8),
era mister que a lei fosse transmitida para as gerações seguintes, a fim de que se cumprisse o que havia sido pactuado.

OBS: Tanto assim é que a tradição judaica construiu uma parábola no Talmude, o segundo livro sagrado do judaísmo, para mostrar a importância que tinha para o pacto do Sinai a transmissão da lei às novas gerações: "…Quando os israelitas estavam reunidos no Monte Sinai para receber a Torah das mãos de Moisés, Deus exigiu deles ‘Primeiro deveis oferecer-me uma garantia de que observareis os mandamentos da Torah’. Os israelitas responderam: ‘Nossos pais garantirão isto por nós’. ‘Não!’, protestou Deus, ‘vossos pais foram pecadores’. ‘Então os Profetas darão garantia por nós’, continuaram os israelitas. ‘Não!’, disse Deus, ‘eles, também, pecaram contra mim’. Os israelitas ficaram desanimados. Timidamente sugeriram: ‘Talvez os nossos filhos pudessem ser nossa garantia?’ ‘Vossos filhos!’, exclamou o Criador alegremente, ‘a eles Eu aceitarei!’. E então deu a Torah para os israelitas…" (AUSUBEL, Nathan. Relações familiares, esquemas tradicionais de. In:
A JUDAICA
, v.6, pp.708-9).


- "…A missão universal dos judeus, como instrumento da vontade de Deus, no sentido de conduzir todas as nações irmanadas ao Monte Sion através da Torah, exigia a preservação da continuidade biológica deles. Além do mais, ela exigia dos pais judeus, geração após geração, que preparassem seus filhos para tão elevada incumbência. Para aumentar a força moral desse dever supremo, os Sábios ensinaram ao povo que na ‘criação’ de cada criança havia três sócios: seu pai, a sua mãe, e Deus. De fato, Deus era considerado o sócio principal, embora ‘silencioso’, na criação de todas as crianças, tendo os pais como seus associados ativos. No entanto, eram eles, e não Deus, inteiramente responsáveis pelo produto ‘final’ — um produto que desejavam que fosse digno do Criador a cuja divina imagem se acreditava que houvesse sido feito…" (AUSUBEL, Nathan. op.cit., p.708).
- Este pensamento desenvolvido pelo judaísmo rabínico está em perfeita consonância com as Escrituras. Vemos nitidamente, na lei de Moisés, que a transmissão da lei para as novas gerações era uma tarefa considerada primordial, tanto que, após a enunciação do chamado "texto áureo" da confissão judaica da crença em Deus (Dt.6:4,5), é determinado que tal confissão fosse ensinada aos filhos, em todas as circunstâncias, para que se perpetuasse a aliança firmada no Sinai (Dt.6:6-9).
-
Cabia, portanto, à família o papel de transmissão da lei de Moisés às gerações seguintes
. A família, ambiente especialmente criado por Deus para se desenvolver a comunhão entre Deus e os homens, era e ainda é o local primeiro para a transmissão da Palavra de Deus, para o ensino da sã doutrina. São os pais, estes "sócios de Deus na criação dos filhos", a responsabilidade primeira e maior de transmitir aos filhos a fé em Deus, os valores consonantes com a vontade do Senhor que se encontra na Bíblia Sagrada. O lar é a primeira e mais importante "escola bíblica".


- É importante observar que a cultura judaica e, por conseguinte, o próprio povo judeu tem se preservado ao longo dos séculos única e exclusivamente porque têm observado este princípio estabelecido na lei de Moisés. Não fosse o ensino da Torah nos lares dos judeus, certamente que a cultura judaica já teria sido assimilada e desaparecido por completo, ainda mais diante das inúmeras perseguições que têm sofrido desde a expulsão de sua terra no ano 135, quando se completou o processo iniciado com a destruição de Jerusalém e do Segundo Templo no ano 70.

- Nos dias hodiernos, não é diferente. A Igreja, este novo povo de Deus, deve também aprender com os estatutos da lei de Moisés no tocante à transmissão da fé em Cristo Jesus para as gerações seguintes. A evangelização deve começar em casa, no próprio lar, pois, como diz o apóstolo Paulo, não são os filhos que entesouram para os pais, mas, sim, os pais que entesouram para os filhos (II Co.12:14) e não há maior tesouro que o reino de Deus (Mt.13:44), o temor do Senhor (Is.33:6) e o evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4-7).
OBS: Não é à toa que a Igreja Romana, que se encontra num esforço de uma "nova evangelização", vê como grande dificuldade para tal intento a falta de apoio da família, como afirma o padre Fábio dos Santos Modesto, em afirmação que vale a pena transcrever: "…"Nós, como Igreja, nunca teremos condições de iniciar adequadamente ninguém na fé se nós não contarmos com a família. Sem essa estrutura familiar e sem a preocupação da família com que seus filhos tenham fé, conheçam o conteúdo da fé, nós, enquanto Igreja, vamos continuar oferecendo simplesmente alguma pedagogia, instrução religiosa, mas iniciação à fé vai ser um trabalho bem insipiente". Mas se existe uma verdadeira família por trás do cristão, padre Fábio explicou que o papel da Igreja fica bem mais fácil, uma vez que terá, simplesmente, que utilizar métodos para organizar os conteúdos de fé.…" (MARÇAL, Jéssica. Padre comenta ações e dificuldades da iniciação da vida cristã. Disponível em: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=288320 Acesso em 12 jan. 2013).

- A função da família era fundamental na transmissão da lei para as gerações seguintes em Israel, tanto que
a "leitura da lei", que deveria ocorrer de sete em sete anos durante a festa dos tabernáculos (Dt.31:9-13), tinha como função primordial tão somente preencher eventual lacuna existente nesta educação familiar, num nítido caráter secundário, suplementar
(Dt.31:13).

- No entanto,
os israelitas, num primeiro momento, não observaram aquilo que o Senhor havia determinado por intermédio de Moisés
. A geração que ouviu esta determinação de Moisés, que foi a geração da conquista da Terra Prometida, não obedeceu ao Senhor, não ensinando a lei a seus filhos, que cresceram e chegaram ao comando da nação sem conhecer a Deus (Jz.2:10).


- O resultado disto foi que a geração seguinte à da conquista deixou os caminhos do Senhor e se envolveram com a idolatria, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor (Jz.2:11-14), o que levou o Senhor a lhes entregar na mão dos inimigos para que, com o sofrimento, pudessem se arrepender de seus maus caminhos e se converterem a Deus (Jz.2:15).

- Diante deste arrependimento, o Senhor, então, levantava os juízes, que eram libertadores do povo, que traziam o povo a servir a Deus, mas, infelizmente, as gerações continuaram a não ensinar seus filhos o caminho que deviam andar e, diante desta falta de instrução, tudo se repetia novamente, iniciando-se um círculo vicioso que perdurou durante todo o período dos juízes, desde a morte de Josué até Samuel, que foi o último juiz.-
É precisamente Samuel quem atentará para esta situação, para este círculo vicioso
. A tradição judaica entende que o livro de Juízes foi escrito por este profeta e juiz e, em sendo assim, entendemos porque Samuel decidiu pôr um fim nesta situação de anarquia espiritual que vivia o povo de Israel.


- Samuel percebeu o círculo vicioso que vivia a nação israelita, e que é bem descrita no capítulo 2 do livro de Juízes, uma sequência interminável de falta de ensino da Palavra de Deus aos filhos por parte dos pais, de consequente envolvimento com a idolatria e os costumes dos povos gentios, que resultava na ira divina e na entrega do povo à opressão de algum povo inimigo, até que o povo, mediante o sofrimento, clamava a Deus, que levantava um juiz, libertava o povo e o fazia servir ao Senhor, sem que houvesse, porém, o ensino da lei nos lares, o que fazia com que todo o doloroso processo recomeçasse.
-
É nos dias de Samuel que temos a primeira notícia das escolas dos profetas
. Em I Sm.10:5, quando Samuel unge a Saul como o primeiro rei de Israel, o profeta diz a Saul que, no caminho de volta para a sua casa, ele encontraria um "rancho de profetas" e profetizaria com eles, instante em que o Espírito do Senhor dele se apossaria, sendo, assim, devidamente preparado para ser o primeiro monarca da nação.


- Décadas depois, vamos ver que o velho profeta Samuel presidia uma "congregação de profetas" em Ramá, para onde tinha se retirado depois que entregou a administração do país para Saul, local onde Davi foi procurar refúgio quando do início da perseguição de Saul contra ele (I Sm.19:18-24).
- Notamos, portanto, que
esta instituição nasceu nos dias de Samuel e tinha por finalidade a preparação de pessoas que queriam servir a Deus para que fossem capazes de não só viver segundo a lei, mas também ensinar o povo como deveria se viver de forma agradável ao Senhor
. Era um espaço destinado à transmissão da lei a pessoas que queriam servir ao Senhor, não só para que aprendessem a respeito de Deus mas que fossem aptos para também ensinar a outros.


- É por este motivo que esta instituição foi chamada pelos estudiosos de "escolas de profetas", embora tal termo não seja encontrado no texto sagrado, que fala em "rancho", "grupo", "congregação" e "bando" de profetas, conforme a versão utilizada. Tal denominação de "escola", porém, é por demais apropriada, pois "escola", no original grego "scholé" era um local de "descanso, repouso, lazer, tempo livre para estudo" e, entre os romanos, "schola" era "um lugar nos banhos públicos em que cada um esperava a sua vez, onde as pessoas costumavam se ocupar da leitura e do estudo".
- Assim,
as "escolas dos profetas" eram um espaço, um local onde as pessoas deixavam de fazer as suas tarefas cotidianas e ordinárias e se dedicavam ao estudo da lei do Senhor, dedicavam-se às coisas de Deus, a aprender os mandamentos, a se dedicar à oração, à busca do Senhor
.


- Verificando Samuel que os pais não desempenhavam corretamente o seu papel de ensino da lei a seus filhos, bem como que não era realizada a leitura septenial da lei para o povo, criou esta instituição, a fim de que se quebrasse este círculo vicioso que tanto mal fazia a Israel.

- O fato é que, depois de Samuel, notamos que há uma intensidade maior de profetas no cenário da história de Israel, fruto inegável do esforço deste grande homem de Deus que, tendo vivido por volta de 1.074 a.C., já nos ensina que a educação é fundamental para a perpetuação de uma nação, de um povo, algo que o Brasil e a igreja pentecostal brasileira, por exemplo, três mil anos depois ainda não percebeu…
-
Elias, conforme já estudamos neste trimestre, muito provavelmente era oriundo das escolas dos profetas
. Embora surja repentinamente na narrativa sagrada, Tiago nos informa que ele orou para pedir a Deus que não chovesse, e o zelo pelas coisas do Senhor, uma das "marcas registradas" de seu ministério, somente pode ter se formado num ambiente como o das escolas dos profetas.
- Foram as "escolas dos profetas" as responsáveis pela existência de ainda sete mil que não haviam dobrado seus joelhos a Baal (I Rs.19:18), o remanescente fiel numa época de apostasia generalizada como a que vivia Israel nos dias de Elias e de Eliseu. Este número de sete mil não envolvia apenas os diretamente envolvidos nestas escolas, os chamados "filhos dos profetas", mas também pessoas que, mesmo não tendo frequentado tais escolas, foram ensinados no temor a Deus por estes homens que se dedicavam ao estudo e ensino da Palavra, como é o caso do próprio mordomo do rei Acabe, Obadias, que, inclusive, durante a longa seca, tratou de sustentar cem destes profetas (I Rs.18:3,4,13).
- Notadamente,
no reino de Israel, o reino do norte, as "escolas dos profetas" foram praticamente as únicas responsáveis pela manutenção do culto a Deus, de um remanescente fiel
, já que, como nos mostra a história, não houve um rei sequer que servisse a Deus naquele reino, sendo certo, também, que a classe sacerdotal, em Israel, era totalmente espúria, uma vez que Jeroboão havia expulsado os levitas e constituído sacerdotes dos mais baixos do povo (I Rs.12:31; II Cr.11:13-15) e, portanto, não poderia mesmo ensinar a lei ao povo.

- Tal dado histórico mostra-nos que
o ensino da Palavra de Deus é fundamental, primordial para a preservação espiritual do povo de Deus
. Quando não há conhecimento, o povo é destruído (Os.4:6) e, lamentavelmente, é isto que temos visto e assistido ao longo da história da Igreja e, também, em nossos dias. Os avivamentos encerram-se porque não há continuidade nas gerações seguintes, continuidade esta que não se dá em virtude da falta do ensino da Palavra.


- O remanescente fiel, nos dias da apostasia generalizada que vivemos, será formado e forjado nos espaços dedicados ao ensino da Palavra, à busca do poder de Deus, nas "escolas dos profetas" de nossos dias, que não é o de reuniões que se denominam de "ranchos de profetas", "festivais proféticos" ou coisas similares, onde há tão somente histeria, transes e manifestações esquisitas e nada têm de Deus. As "escolas de profetas" são locais onde há um zelo pela sã doutrina, onde há meditação nas Escrituras, sede de aprendizado, onde todos procuram conhecer a Deus e vivenciar o que aprendem, buscando, sim, o poder de Deus, que, naturalmente, se manifesta mas de forma racional, ordeira e proveitosa.

- A Escola Bíblica Dominical é, queridos irmãos, um destes espaços em nossos dias. A EBD é legítima herdeira dos princípios e valores perseguidos nas "escolas dos profetas", pois também tem a função de complementar e, muitas vezes (infelizmente, no mais das vezes), suprir a lacuna da falta de ensino bíblico nos lares, buscando formar no caráter de cada servo de Deus o desejo de aprender mais e mais do Senhor, de seguir-Lhe a vontade, de se manter separado do pecado e aguardar o cumprimento das promessas contidas na Bíblia Sagrada. Caro aluno e professor da EBD, você é hoje um "filho de profeta" que se encontra servindo ao Senhor , combatendo a apostasia e o pecado, preparando-se para, a exemplo de Elias, ser arrebatado ao céu naquele grande dia.









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