INTRODUÇÃO À CARTA AOS FILIPENSES
As três mais belas cartas do apóstolo Paulo, dentre as treze, as cartas aos Efésios, aos Filipenses e aos Colossenses se destacam pela lucidez dos ensinamentos doutrinários e pela alegria do Espírito que o fazia superar todas as dificuldades. Acrescente-se a Carta a Filemom às três outras cartas escritas na prisão. Esta carta tinha um caráter bem pessoal com algumas inserções doutrinárias quanto ao trato social com escravos e senhores. Naturalmente, o contexto social e político da época permitia a compra e venda de escravos serviçais. Uma vez que Filemom tornou-se um ardoroso cristão, seu comportamento social mudou no trato com as pessoas. As Cartas são conhecidas como “cartas da prisão” porque foram escritas quando Paulo esteve preso em Roma nos anos 62 e 63 d.C.
A Cidade de Filipos
Filipos é o nome da cidade da Macedônia em homenagem a Filipe, pai de Alexandre, o Grande. Lucas descreveu Filipos
como a primeira cidade da Macedônia, e sua localização estratégica tornou-a um posto de fronteira militar de Roma, vindo a ser uma das principais rotas entre a Europa e a Ásia. De pequena cidade antiga por nome Krenidês, significando lugar de fontes, foi transformada em um ponto estratégico para o Império de Roma (At 20.6) quando Filipe tomou posse da região e dominou a cidade. Filipos, portanto, tornou-se uma distinta colônia romana, e as colônias romanas eram administradas por magistrados, identificados como pretores (At 16.22,35,36,38).
A Macedônia
A Macedônia era um território do antigo reino da península balcânica (Balcãs), que tinha limites com a Tessália ao sul e ao este e nordeste com a Trácia. A Macedônia fazia parte dos domínios gregos pelas conquistas militares de Filipe II, todavia, depois que este foi assassinado, seu filho Alexandre III — identificado como Alexandre, o Grande — herdou o domínio grego-macedônico. A partir desse domínio, Alexandre, o Grande, partiu para a conquista da parte ocidental da Ásia e do Egito. Porém, com a divisão do império e a sua morte em 323 a.C., a Macedônia tornou-se outra vez um reino separado. Nos anos 221-179 a.C., os romanos fizeram guerra a Filipe e o venceram, mas os descendentes de Filipe reagiram, porém não conseguiram se impor sobre os romanos. A Macedônia tornou-se uma base de expansão do Império Romano. Nos novos tempos depois de Cristo, o cristianismo chegou à Macedônia nas cidades de Tessalônica, Bereia, Filipos e outras (ou colônias). Portanto, Paulo e seus companheiros chegaram a Filipos aproximadamente entre os anos 50 e 51 d.C.
Segundo o registro resultante das escavações arqueológicas no local da cidade de Filipos, os arqueólogos descobriram que Filipos era uma cidade idólatra com vários deuses gregos e romanos, além de várias divindades orientais, como Baal e Astarote e outros. Por não haver muitos judeus na cidade, não havia sinagoga judaica. Com as guerras constantes, a cidade foi sendo invadida e destruída
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perdurando o que restou da cidade de Filipos até a Idade Média, e então os turcos a destruíram totalmente, restando apenas ruínas arqueológicas com alguns vestígios do passado.
Como Tudo Começou
A mensagem do evangelho chegou a Filipos, na Macedônia, em 51 ou 52 d.C., conforme está registrado em Atos 16.6-40. Paulo e Silas estavam na segunda viagem missionária pela Asia Menor (hoje Turquia), quando, tendo desembarcado no porto de Trôade (ou Troas), Paulo foi surpreendido por uma visão de noite “em que se apresentava um varão da Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9). Paulo não teve dúvida de que era uma visão de Deus e, por isso, partiu para a Macedônia. Desembarcou no porto de Neápolis e viajou para Filipos.
Os Primeiros Convertidos
Em Filipos, Paulo começou a pregar a Cristo quando uma mulher vendedora de púrpura, chamada Lídia, que era da cidade de Tiatira, abriu o coração para a mensagem de Paulo e o recebeu em sua casa (At 16.14,15). Havia poucos judeus na cidade e gente de outras nações. Filipos era, de fato, uma cidade cosmopolita. Nas primeiras semanas de evangelização, uma vez que não havia uma sinagoga em Filipos, Paulo e seus companheiros desciam à beira do rio no dia de sábado onde se reuniam algumas mulheres e lhes pregava a Cristo. Entre os primeiros convertidos ao cristianismo aparecem o carcereiro e sua família, que foram tocados com o testemunho de Paulo e Silas na prisão, os quais, estando com os corpos feridos, cantavam ao Senhor (At 16.22-34).
O Primeiro Incidente
O modo incisivo de Paulo pregar o evangelho e apresentar a Cristo como Salvador e Senhor acabou por provocar a ira dos
comerciantes de Filipos mediante um episódio de libertação de uma jovem adivinha que era escrava, cuja adivinhação lhes dava lucro. Paulo percebeu que se tratava de um espírito imundo que envolvia aquela jovem e expulsou o demônio dela. Uma vez liberta daquele espírito, a jovem não tinha mais o poder de adivinhar, o que provocou grande ira contra Paulo e Silas (ou Silvano) (At 16.16). Os senhores da escrava, percebendo que os lucros caíram, acusaram os dois apóstolos de interferirem em seus direitos de propriedade. Por isso, levaram-nos aos magistrados da cidade e os dois foram presos. Na prisão, depois de açoitados, Paulo e Silas cantavam ao Senhor. Antes, acusados ante os magistrados da cidade, para não serem apedrejados e mortos, os dois apelaram para o fato de que eram cidadãos romanos e não podiam ser tratados daquele modo. Lucas descreveu o episódio que culminou com a conversão do carcereiro da cidade, depois de um terremoto localizado naquele lugar.
A semente do evangelho foi plantada na cidade e, depois de algum tempo, os primeiros convertidos, a partir de Lídia, formaram a igreja na cidade.
A Segunda e a Terceira Viagem Missionária
Alguns eventos anteriores ao envio da Carta aos Filipenses indicam que Paulo completou sua segunda viagem missionária passando por Tessalônica, Bereia, Atenas e Corinto (At 17.1-23) a fim de visitar as igrejas ali estabelecidas.
Quando empreendeu a terceira viagem missionária, visitando as igrejas formadas em seu ministério, Paulo foi para Efeso, que era outra igreja formada em sua evangelização (At 19.1-40). Então, dessa feita, ele voltou para a Macedônia (At 20.1), quando visitou a igreja em Filipos, da qual recebia ajuda de sustento. No fim de sua terceira viagem missionária, Paulo foi a Jerusalém, onde foi preso (At 21.17- 23.30). Transferido de Jerusalém para Cesareia, onde esteve preso por dois anos (At 23.31; 26.32), foi posteriormente enviado para Roma, onde ficou preso por mais dois ou três anos. Foi nesse período de sua
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prisão que Paulo escreveu algumas de suas cartas entre 61 e 64 d.C., às igrejas de Éfeso, Colossos, Filipos e a Filemom.
A Autoria da Carta
Não há dúvidas quanto à autoria da Carta, porque os elementos autobiográficos colocados na Carta a tornam genuína e autêntica. Discute-se, antes de tudo, o local onde foi escrita, mas é indiscutível a autoria de Paulo. A Carta tem um caráter bem pessoal da parte de Paulo quando cita nomes de pessoas ligadas a ele de modo muito carinhoso. A autoria tem o testemunho dos pais da igreja que no século II citaram a Carta de Paulo aos Filipenses, tais como Poli- carpo e outros. Num documento histórico da primeira metade do segundo século, está escrito que Policarpo, bispo da igreja, escreveu aos filipenses lembrando as cartas de Paulo.
Data e Lugar da Composição da Carta
Tradicionalmente, tem-se datado a Carta em 61 ou 62 d.C., visto que essa data se situa no período da prisão de Paulo em Roma por dois anos (At 28.16-31). Quando Paulo se refere “à guarda pretoria- na” (1.13) e “à casa de César”, subentendem-se como elementos fortes de que a Carta aos Filipenses foi escrita durante o período de sua prisão em Roma. Os argumentos que colocam dúvidas sobre o lugar em que foi escrita a carta ficam desprovidos de provas. Paulo estava à disposição da justiça romana e, por isso, foi-lhe permitido morar em casa alugada desde que estivesse sob a guarda de um soldado.
Propósito da Carta
Um membro da igreja chamado Epafrodito, crente fiel e amigo de Paulo, visitou o apóstolo em sua prisão em Roma, levando uma oferta da igreja de Filipos (Fp 4.18). Epafrodito foi acometido de uma enfermidade ao chegar a Roma e quase morreu (Fp 2.27), mas recuperou-se e, quando se preparava para voltar a Filipos,
Paulo resolveu escrever a Carta. Esta tinha por objetivo exortar e animar os filipenses, bem como alertá-los sobre boatos mentirosos a seu respeito lançados por falsos obreiros que procuravam minar a unidade da igreja e a sua lealdade ao apóstolo. Um dos propósitos de Paulo era agradecer a oferta enviada para ajudá-lo no seu sustento durante o tempo de sua prisão. Mesmo estando prisioneiro e com a vida correndo risco de extermínio, Paulo demonstrou à igreja que havia um gozo em sua alma que o capacitava a superar todas as adversidades (Fp 1.4; 4.11-13).
Identificação, Saudação e Ação de Graças Filipenses 1.1-11
Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos: graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo. Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas, pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora. Tendo por certo isto mesmo: que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo. Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho. Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável afeição de Jesus Cristo. E peço isto: que a vossa caridade aumente mais e mais em ciência e em todo o conhecimento. Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros e sem
escândalo algum até ao Dia de Cristo, cheios de frutos de justiça,
que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus. (Fp 1.1-11)
Nos primeiros onze versículos dessa Carta, trataremos de aspectos iniciais que envolvem saudação, lembranças e a oração do apóstolo em favor da igreja. A motivação da Carta acontece depois de Paulo ter sido preso e levado para Roma mediante o seu apelo ao imperador para ser julgado em Roma e aguardar julgamento naquela cidade (At 22—25). Como prisioneiro, ele podia morar numa casa alugada e até receber a visita de amigos. Porém, certo dia, apareceu um cristão fiel de Filipos que tinha o nome de Epafrodito, o qual havia trazido notícias dos irmãos filipenses e uma generosa oferta de amor para suprir as necessidades do apóstolo. Esse gesto amoroso da igreja de Filipos comoveu o coração do apóstolo. As notícias não eram tão boas, pois estava havendo discórdia entre os cristãos acerca de problemas de ordem social e também de ordem doutrinária. Por esse motivo, o apóstolo Paulo escreve aos filipenses, não só para agradecer a oferta enviada, mas também para orientar a igreja acerca das verdades do evangelho, refutando as distorções doutrinárias.
Na parte introdutória deste livro, abordamos aspectos gerais que envolvem geografia, história e propósito da Carta. Indiscutivelmente, essa é uma das mais belas Cartas do apóstolo Paulo escrita enquanto estava preso em dois possíveis locais: Cesareia e Roma, entre os anos 60 e 63 d.C. Os estudiosos dessa Carta encontram dificuldades para estabelecer datas e locais precisos. O que importa é que essa carta foi escrita enquanto Paulo esteve preso e outras cartas do apóstolo foram escritas às demais igrejas na Ásia Menor, Grécia e Europa.
As cartas da prisão tornaram-se epístolas doutrinárias que não somente ensinavam as doutrinas de Cristo, mas orientavam os cristãos quanto ao comportamento que deviam ter em relação ao mundo hostil daqueles dias contra a Igreja. Porém, essa Carta é um libelo de amor e gratidão aos filipenses pelo cuidado deles com os obreiros que serviam a Cristo.
Identificação, Saudação e Ação de Graças A Chegada do Evangelho a Filipos (At 16.11-40)
Graças ao grande apóstolo Paulo e o seu espírito missionário, a igreja de Cristo não ficou restrita apenas aos judeus. Ele entendeu que o Reino de Deus não podia ficar limitado às terras da palestina e levou a mensagem de Cristo ao mundo gentio. Daí por que ele é chamado “apóstolo dos gentios” (At 11.18; Rm 11.13). Esse sentimento o fez chegar à Ásia Menor, à Macedônia e a todas as ilhas habitadas daqueles mares. Foi movido por esse sentimento que o evangelho chegou a Filipos, na Macedônia.
Lucas, médico e escritor, autor de Atos dos Apóstolos, teve o cuidado de relatar todas as viagens missionárias do apóstolo Paulo, além de ser um amigo e companheiro nas suas privações e lutas em todas as andanças pelo evangelho de Cristo.
Por volta do ano 52 d.C., aproximadamente, Paulo empreendeu sua segunda viagem missionária acompanhado por dois outros companheiros, Silas e Timóteo (At 15.40; 16.1-3). Tudo indica que Lucas fazia parte dessa comitiva pelo uso da terceira pessoa do plural em Atos 16.11-13. De início, Paulo e seus companheiros dirigiam-se à sinagoga dos judeus da cidade com o fim de encontrar judeus com os quais pudesse falar sobre a nova doutrina. Como não havia uma sinagoga, Paulo dirigiu-se a um lugar público e informal onde homens e mulheres faziam orações e discutiam sobre religião.
A história da missão de Paulo e seus companheiros em Filipos ganha importância conforme o relato de Atos 16. Os primeiros registros de pessoas que aceitaram a Cristo, inicialmente, foram três: Lídia, uma mulher comerciante que negociava com púrpura e tintura (At 16.14); a jovem endemoninhada que foi liberta de um espírito maligno (At 16.16-18); e a família toda do carcereiro da cidade (At 16.23-33). Lídia era da Ásia, a jovem endemoninhada era grega e o carcereiro era cidadão romano. Naturalmente, outras pessoas aderiram à mensagem do evangelho pregada por Paulo, formando um grupo de cristãos na cidade.
Lídia tornou-se uma líder, convertendo-se a Cristo e levando
o primeiro grupo de cristãos para sua casa. Foi na casa dessa mulher que a igreja teve início na cidade Filipos.
Autoria e Destinatários
1. Paulo e Timóteo (1.1)
O apóstolo Paulo tinha a Timóteo como um filho e seu auxiliar direto na vida missionária. Por isso, coloca-o como coautor dessa Carta, e certamente de outras escritas às igrejas formadas do seu labor missionário. Naturalmente, a autoria principal era de Paulo que, certamente discutia com Timóteo os assuntos de sua preocupação a serem lembrados no conteúdo da Carta. Paulo não gozava de boa saúde e tinha dificuldades com a visão exigindo o auxílio constante para escrever os seus pensamentos.
A forma de escrever uma carta naquela época continha três elementos: iniciava com o nome do remetente, depois o nome do destinatário e os cumprimentos aos destinatários. Ainda que Paulo, por consideração especial a Timóteo, o coloque junto do seu nome como autores, o conteúdo da Carta é todo de Paulo e ele começa “dou graças a Deus”.
“Paulo” (1.1) — O autor da Carta, responsável pela igreja de Filipos. Para entender a preciosidade dos pensamentos de Paulo se faz necessário conhecer mais intimamente o personagem. Era judeu de sangue, da tribo de Benjamim (Rm 11.1), e natural de Tarso, na Cilicia. Sua cultura advinha de três mundos distintos: judaica, grego e romano. Os antagonistas da sua teologia afirmam que Paulo foi influenciado fortemente pela cultura grega, mas, na verdade, os fundamentos da teologia judaica foram a base para a teologia cristã, da qual Paulo foi o principal construtor. Em termos de liderança, Paulo se tornou o apóstolo mais influente. Ele teve a coragem de aceitar o desafio da missão evangelizadora para os gentios e ficou conhecido como o “apóstolo dos gentios” (At 9.15). Nas suas cartas, ele se identificava sempre pelo primeiro
nome, “Paulo”, e na Carta aos Filipenses ele inicia de modo diferente das demais cartas. Em geral, ele começa identificando seu apostolado, mas nessa Carta ele acrescenta o nome de Timóteo, seu companheiro de viagem, e faz saudações à igreja de Filipos.
“... e Timóteo” (1.1) — Ao mencionar Timóteo, o apóstolo Paulo demonstra a importância do companheirismo de Timóteo. Percebe-se que este foi alguém muito especial nas atividades de formação e fortalecimento das igrejas. Ele foi um companheiro de viagem de Paulo a partir da segunda viagem missionária e demonstrou em todo o tempo lealdade, fidelidade aos princípios do evangelho e participante nas aflições pelo nome de Cristo. Paulo o preparou para ser um autêntico pastor como de fato foi em Éfeso.
“... servos de Jesus Cristo” (1.1) — Antes de apresentar-se por títulos que reforçassem suas posições diante dos cristãos de Filipos, Paulo declara que eles eram apenas “servos de Jesus Cristo”. Russell Shedd - missionário e escritor de grande profundidade, reconhecido em toda a America Latina e, atualmente, missionário no Brasil - explora o sentido literal da palavra “servo” no original grego doulos, que sugere a ideia de escravo voluntário que serve com alegria e regozijo, para agradar ao seu senhor. Ora, o Senhor de Paulo e Timóteo era Jesus Cristo. Na Carta aos Romanos, Paulo diz que foi chamado para “ser servo de Jesus Cristo” (Rm 1.1,6). Como tornar-se servo de Jesus Cristo? O mesmo apóstolo diz que o servo é um escravo que obedece a um senhor e a ele pertence por direito de compra. Em
1 Coríntios 6.20, está escrito: “Fostes comprados por bom preço” e isso significa que fomos comprados por Cristo. Na verdade, fomos redimidos por seu sangue, porque éramos escravos do pecado (Rm 6.17). Se somos escravos de Jesus Cristo, servimos a Ele, porque nos comprou e pagou o preço do seu sangue (Ef 1.7).
“... aos santos... que estão em Filipos” (1.1) — Difere o tratamento do apóstolo aos cristãos que viviam em Filipos. Ele os chama “santos”, porque se referia àqueles que foram salvos e separados
para viver uma nova vida em Cristo Jesus (2 Co 5.17). Era o tratamento que Paulo dava a todas as igrejas. Ele fortalecia a ideia de um estado de santidade ativa porque viviam e exerciam sua fé “em Cristo Jesus”. Essa expressão “em Cristo Jesus” era também usada em outras cartas para ilustrar a relação dos crentes com Cristo. Tratava-se de uma relação íntima como existe entre a “videira e os ramos” (Jo 15.1-7; 1 Co 12.27). Os destinatários, portanto, são chamados “santos” porque foram separados para viver para Cristo. A igreja romana identifica como “santos” os que já morreram. Porém, o contexto teológico indica que “santos” são todos quantos servem ao Senhor Jesus em vida física. O significado da palavra “santo” é “separado”. Os crentes em Cristo, independentemente de suas fraquezas, são os “separados” para servirem a Cristo. A santidade pode ser vista sob dois ângulos: posicionai e a progressiva. Posicionalmente, todos quantos estão em Cristo Jesus são considerados “santos”. Progressivamente, todos os vivos em Cristo aperfeiçoam a vida cristã buscando a separação de toda e qualquer ação pecaminosa.
2. A liderança da igreja (1.1)
Fazia parte da vida da igreja uma liderança especial identificada pelos “bispos e diáconos” que serviam na igreja de Filipos. No grego bíblico, a palavra “bispo” é epíscopos e tem o sentido de supervisor. Como a palavra “bispos” está no plural, subentende-se que se tratava dos líderes principais da igreja. Em outras partes do Novo Testamento, destaca-se a função do presbítero, cuja função essencial era a liderança local, submetida, naturalmente, a um pastor ou bispo da igreja. A palavra episkope refere-se também à pessoa do bispo, do líder, do pastor local. Paulo não teria citado essa palavra se não houvesse bispos na igreja de Filipos. O sistema atual de governo eclesiástico usa o termo pastor, cuja função é a mesma referente ao bispo.
Todavia, Paulo saúda também aos “diáconos”, cuja função era a mesma estabelecida em Atos 6.1-6. Os diáconos cuidavam da administração material da igreja. Com os dois tipos de liderança
no seio da Igreja, Paulo entende que devem merecer apoio e apreciação pelo seu trabalho na vida eclesiástica. Ele dá importância à liderança espiritual da igreja. O padrão básico instituído nas igrejas do primeiro século tinha em sua liderança “bispos”, ou seja, líderes espirituais responsáveis pela igreja local, e tinha “diáconos” que serviam à igreja na liderança dos bispos.
Saudações Iniciais de Paulo (1.2)
Na cultura hebraica (judaica) a saudação utilizada entre as pessoas da raça era “Paz”, que aparece no hebraico como Shalom. A ideia básica sugerida por shalom e com sentido mais profundo é o de estabelecer uma trégua para um conflito. Sugere, também, algo que produz tranquilidade, harmonia e bem-estar depois de uma guerra.
A partir do Novo Testamento, os apóstolos acrescentaram a palavra “graça” para denotar a fonte da salvação em Cristo Jesus. A saudação tornou-se um hábito, não uma regra, para “graça e paz”. A palavra “graça” é charis, que denota a obra redentora de Deus Pai por intermédio de seu Filho Jesus Cristo.
Normalmente, nas cartas comuns da época, o remetente se limitava a desejar saúde e bem-estar ao destinatário. Note que a saudação não é algo estereotipado, mas é forma especial de falar que a graça tem sua fonte em Deus, que revelou Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
Ação de Graças e Oração (1.3-6)
1. As razões gratulatórias da sua oração
Ao dar graças a Deus pela lembrança que vinha a sua mente acerca dos cristãos de Filipos, ele está, de fato, afirmando que apesar de estar preso fisicamente, sabia que os irmãos permaneciam firmes na fé sem se deixar levar pelo engano dos falsos mestres que tentavam desmerecer todo o trabalho feito anteriormente.
Ele estava preso, mas a Palavra de Deus continuava livre.
Mesmo sendo prisioneiro de Cesar (de Roma), a lembrança da igreja lhe dava forças para recordar e enviar a Palavra de Deus que ninguém podia prendê-la. Ele não podia estar comungando fisicamente com os filipenses, mas podia orar por eles, pois a oração não tem fronteiras.
2. Uma oração de gratidão (1.3,4)
"... todas as vezes que me lembro de vós” (1.3) sugere a importância de valorizarmos a história e as pessoas que fizeram parte dessa história. A falta de memória tem produzido distorções dos nossos valores, e o espírito de gratidão tem se tornado raro em nossos dias. Em seus pensamentos, Paulo lembrava a experiência amarga que tivera juntamente com Silas em Filipos, quando foram arrastados à presença das autoridades e condenados (At 16.19). Foram açoitados publicamente e, com vestes rasgadas e o corpo ferido, foram colocados no cárcere da cidade, com os pés presos em troncos dentro da cadeia. Porém, a recordação maior daquela prisão vivida por Paulo e Silas era o livramento que Deus lhes deu e a conversão do carcereiro, depois do terremoto. O sentimento mais forte na mente e no coração de Paulo era a convicção de que, naquele momento, ele estava preso, mas a Palavra de Deus não estava algemada. Paulo entende ainda que ele, de fato, era prisioneiro de Cristo, e não de César. Podiam colocar algemas no homem Paulo, mas não podiam algemar o evangelho de Cristo. Para o evangelho de Cristo, que é a manifestação da Palavra de Deus, não há limitação geográfica ou física. A Palavra de Deus é poderosa e livre para operar na vida das pessoas. Suas orações não se restringiam às paredes de uma cela, porque elas lhe davam consolo e certeza de estar sendo ouvido. Suas orações lhe proporcionavam alegria de espírito.
'‘...fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as minhas súplicas" (1.4). Parece um contrassenso, ou um paradoxo, reunir súplica com alegria, mas isso só é possível quando se tem o Espírito Santo dentro de si. Ele nos habilita a superarmos as
tristezas e necessidades produzindo um gozo interior (alegria) que nada no mundo seria capaz de produzir. A igreja de Filipos dava a Paulo alegria pura quando pensava nela.
Que significam essas súplicas? No grego bíblico, a palavra “súplica” é deesis, e é substantivo de deomai, que significa “tornar conhecida uma necessidade específica”. Paulo não faz uma oração qualquer, sem uma intenção precisa. Ele faz um pedido a Deus pela igreja de Filipos. Na verdade, a súplica que Paulo faz em favor da igreja tem um caráter intercessório que se origina na compreensão da necessidade da igreja. Mais tarde, Paulo reforça essa oração quando diz: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória” (4.19). Dos vários tipos de oração, a intercessão toca o coração de Deus.
3. Paulo faz uma oração de gratidão pela cooperação dos fi lipenses na disseminação do evangelho (1.5)
“... pela vossa cooperação” (1.5). A palavra cooperação ganha um sentido especial nas orações do apóstolo porque ele ora não só por seus filhos na fé, mas agradece a Deus a cooperação deles na disseminação do evangelho. Essa cooperação referia-se aos donativos enviados pela igreja por intermédio de Epafrodito (2.25). Quando fala de cooperação, está de fato trazendo à tona o carinho e a comunhão dos cristãos de Filipos (At 2.42; 1 Jo 1.3,7). Por essa oração, ele lembra a participação nas lutas pelo evangelho e a contribuição financeira espontânea para sustentar os servos de Deus (Fp 4.15,16; 2 Co 8.1-4; 9.13; Rm 15.26). Enquanto os filipenses cooperavam, os coríntios fechavam a mão (1 Co 9.8-12).
4. Uma oração de gratidão pela intimidade espiritual dos filipenses com o seu ministério (1.6-8)
“... tendo por certo isto mesmo” (1.6). Na ARA, a expressão é “estou plenamente certo”, indicando que a “boa obra” não é outra coisa que não seja “a salvação recebida”. Paulo não tinha dúvidas
Identificação, Saudação e Ação de Graças
quanto à salvação. Ele estava totalmente convicto acerca da salvação e sabia que nada poderia frustrar ou interromper a obra de Deus na vida dos crentes que a receberam (Rm 8.26-39).
“... aquele que em vós começou a boa obra” (1.6). Que “boa obra” era esta? Paulo atribui a “boa obra” a Deus por meio de Jesus Cristo. A “boa obra” não é outra coisa senão aquela que só Deus pode operar. Trata-se de uma obra da qual os crentes participam em termos de pregar o evangelho a outras pessoas. Deus não faz só essa obra, mas requer pessoas que se tornam cooperadoras na sua obra (1 Co 3.9). Porém, Paulo agradecia a Deus pelos filipenses, porque eles participavam da mesma graça do evangelho com o apóstolo (1.7). Era, de fato, a identificação de uma intimidade espiritual que ele gozava na presença de Deus, mesmo estando algemado. Paulo tinha um carinho especial pela igreja de Filipos e demonstra uma forte afeição pelos filipenses como uma prova de amor que deve existir entre o pastor e suas ovelhas (Fp 1.8).
“... aperfeiçoará até ao Dia de Jesus Cristo” (1.6). A obra de aperfeiçoamento é progressiva, paulatina. Ela vai sendo desenvolvida até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. O que se entende por “até ao Dia de Jesus Cristo”? A expressão: “dia de Jesus Cristo” refere-se ao tempo da volta do Senhor Jesus, que acontecerá em duas fases distintas. A primeira fase é o arrebatamento da Igreja, que acontecerá de modo invisível e será um evento apenas para a igreja sobre as nuvens (1 Ts 4.13-17). A segunda fase da volta de Jesus será visível para a terra e ocorrerá no final da Grande Tribulação, quando Jesus descerá para desfazer o poder da trindade satânica: o anticristo, o falso profeta e o Diabo. Ele irá instalar um novo reino e domínio na terra a partir da Jerusalém terrestre (2 Ts 2.7-9). O termo “dia” no contexto dessa escritura abrange os dois eventos: sua vinda sobre as nuvens e sua vinda com as nuvens. A essência da escritura indica dois aspectos importantes acerca da salvação: a perfeita e a progressiva. A salvação perfeita refere-se à obra perfeita que Jesus realizou no Calvário. Trata-se de uma obra perfeita e completa.
Filipenses — A Humildade de Cristo como Exemplo para a Igreja
Mas o que Paulo quis enfatizar com a palavra “até” é a dinâmica da salvação progressiva a qual o Senhor vai aperfeiçoando até a sua vinda. A consumação da salvação se dará no Dia de Jesus Cristo. Tudo o que depende de nós é a nossa perseverança na fé até aquele dia.
Nos versículos 7 e 8, o apóstolo Paulo faz um interlúdio na sua carta para afirmar aos filipenses a sua profunda afeição e o respeito por eles pelo fato de participarem da sua vida de modo especial. Quando diz “vos retenho em meu coração” (v. 7), na forma grega pode ser traduzida como “vós me tendes em vosso coração”. No versículo 8, Paulo expressa seu amor e gratidão pelos seus amigos filipenses por participarem dos seus sofrimentos, das suas tristezas e também das suas alegrias.
O Conteúdo da Oração Intercessória pelos Filipenses (1.9-11)
O apóstolo sabia o que estava fazendo e por que fazia. Por isso, sua oração não era vazia de sentido e de conteúdo. A expressão que temos na Almeida Revista e Corrigida é “e peço isto”, e na Almeida Revista e Atualizada o texto diz o seguinte: “E também faço esta oração”. Na verdade, Paulo fez orações de ação de graças pelos filipenses, mas revela no versículo 9 o conteúdo de sua petição por eles.
Que aumente mais e mais o amor (1.9). Paulo entendia que a igreja precisava crescer, não apenas em quantidade, mas em qualidade. Ele não via falta de amor. Pelo contrário, Ele ora para que o amor existente aumente ainda mais, porque sabia que o amor estagnado faz com que tudo fique estagnado. O amor vivido na vida dos filipenses precisava ainda mais ser dinamizado. Ele conseguia vislumbrar o amor numa dimensão muito maior, que deve ser demonstrado em ação. O amor é a base de sustentação da obra de Deus. Se faltar o amor, a obra irá padecer e sucumbir. Porém, não basta apenas o amor humano. E necessário que o amor de Deus seja derramado nos corações (Rm 5.5). A habitação do Espírito dentro da vida interior do crente produz “o fruto do Espírito”. Das nove qualidades do fruto do Espírito, o amor aparece em primeiro (G1 5.22).
em ciência e conhecimento” (1.9). De que maneira o amor pode crescer? O apóstolo Paulo indica o caminho para o aumento do amor: através do conhecimento e da ciência, que aqui neste contexto refere-se ao “discernimento”. Várias vezes encontramos a palavra “conhecimento” traduzida do grego epignosis, que se entende por conhecimento espiritual, religioso e teológico. Crescer em conhecimento mediante a operação regeneradora do Espírito na vida do pecador, que o torna apto a conhecer a verdade (1 Tm 2.4; 2 Tm 2.25; Hb 10.26). O amor de Deus na vida abre o tesouro do conhecimento na vida do crente e o torna maduro para a salvação (Ef 4.13).
Paulo orava para que o amor transbordasse em conhecimento e compreensão espiritual a vida cristã dos filipenses. Ele orava para que esse amor lhes desse a capacidade de ver com toda a clareza (“ciência”) a diferença entre o certo e o errado, e que não precisassem sofrer a censura de quem quer que seja até ao Dia de Cristo.
A capacidade para discernir as coisas excelentes (1.10). A expressão que aparece na versão Corrigida é “que aproveis”. “Discernir” no grego bíblico é aisthesis traduzido como “percepção”. O termo refe- re-se a uma capacidade de perceber entre o certo e o errado. Porém, um dos dons do Espírito (1 Co 12.10) é “discernir os espíritos”, que implica uma capacidade espiritual e sobrenatural. Não se trata de apenas obter percepção moral. A palavra “aprovar” descrevia o ato de analisar e provar o valor de um metal ou de uma moeda, para saber se era falsa ou verdadeira. Quando Paulo usa a expressão “coisas excelentes”, referia-se às coisas genuínas, coisas que diferem e fazem distinção entre aquilo que é excelente e verdadeiro e o que é falso e adulterado. A capacidade de saber escolher o que é melhor pode ser uma capacitação do Espírito com “o dom de discernimento espiritual”. Esse dom se manifesta na vida do cristão, dando4he condições de saber julgar sensatamente as coisas.
A graça da sinceridade e da inculpabilidade no dia de Cristo (1.10). Subentende-se que a sinceridade e a inculpabilidade no dia de Cristo
resultarão do comportamento que o crente tem em sua vida íntima e na vida pública.
A palavra “sincero” aparece no texto original como eilikrines, que na sua etimologia pode ter dois significados. O prefixo eili, que significa “luz solar” e o sufixo do termo krines ou krinei, com o sentido de julgar. A união desses dois termos para formar a palavra eilikrines significa que, no ato de aprovação, o crente sincero é capaz de suportar e passar pela luz solar que não esconde nada errado ou impróprio. E como movimentar uma peneira à luz do sol para revelar as sujeiras, como a peneira que separa a palha do trigo. Isso fala de pureza, de isenção moral e de contaminação. Os sinceros serão provados e, uma vez aprovados, serão considerados inculpáveis.
Já a palavra “inculpáveis” aparece no grego como aproskopos, cujo sentido é, no sentido negativo, aquilo que não leva ao pecado. Na ARC, a expressão é “sem escândalo”, e dá a ideia de “alguém inofensivo, que não tropeça, que não cai em pecado”. Manter uma vida cristã inofensiva, que não tropeça nem leva outros a tropeçar requer do crente a ajuda do Espírito Santo para que nenhuma falta de ordem moral, física ou espiritual venha afetar ou manchar sua reputação como cristão. Paulo falou em outra ocasião, em Atos 24.16, sobre o “ter uma consciência sem ofensa”. Ora, sabemos que o Dia de Cristo só acontecerá após o arrebatamento da Igreja, quando os salvos comparecerão diante do Tribunal de Cristo (2 Co 5.10) para que suas obras sejam avaliadas e recebam a recompensa. Para chegarmos no Dia de Cristo, precisamos viver uma vida de sinceridade e inculpabilidade. Paulo diz aos tessalonicenses que deveriam conservar uma vida irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Ts 5.23).
O fruto da justiça reproduzido na vida dos filipenses (1.11). Paulo usa a palavra fruto em sentido ético, para falar de colheita de justiça. Os frutos são suas obras más ou boas. E pelos frutos que se conhece a qualidade da árvore. Os bons frutos de uma árvore boa, aprovada por Deus, produzem “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança (G1 5.22). A justiça que vem Deus produz um fruto que se manifesta
com perfeição em seu próprio caráter e obra. Na verdade, Paulo desejava que os crentes de Filipos não fossem estéreis, mas cheios de frutos “para a glória e louvor de Deus”.
As circunstâncias adversas no ministério eram amenizadas com a demonstração de amor das igrejas que foram plantadas por Paulo. Nesse sentido, ele tinha razões sobejas para agradecer a Deus por aqueles a quem amava.
Lição 1 - Paulo e a igreja em Filipos I Plano de Aula
INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE
1º SLIDE
- Estamos num “trimestre bíblico”, já que estaremos a estudar um livro das Sagradas Escrituras, a epístola do apóstolo Paulo aos filipenses.
-A epístola de Paulo aos filipenses é uma das chamadas “cartas da prisão”, pois se trata de uma epístola que o apóstolo escreveu enquanto estava preso em Roma (Fp.1:7,13,17), aguardando o seu julgamento diante de César,isto por volta do ano 61 d.C.
2º SLIDE
- Havia um relacionamento de afeto e consideração entre o apóstolo e a igreja em Filipos, igreja que foi fundada pelo próprio apóstolo no início da sua segunda viagem missionária (At.16:9-12).
- Paulo escreve esta carta precisamente porque ficou a saber que os cristãos filipenses estavam entristecidos e até abalados na fé por causa da notícia de sua prisão.
3º SLIDE
- Nesta carta, o apóstolo vai mostrar aos cristãos filipenses a sublimidade da vida cristã, mesmo diante das humilhações que os crentes sofrem neste mundo.
- Por isso, o subtítulo do trimestre é “a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja”, ressaltando, precisamente, que a epístola aos filipenses pretende nos mostrar que a humilhação neste mundo faz parte da vida cristã, tendo a Cristo como o próprio exemplo.
4º SLIDE
Capa da revista
- A cena em que um homem está a iniciar a lavagem dos pés de outro remete-nos ao episódio do “lavapés”, narrado pelo evangelista João em Jo.13:1-20,.
- O “lavapés” é o mais eloquente exemplo de humildade dado pelo Senhor Jesus e que deve ser seguido pelos Seus discípulos, não em forma de ritual, mas, sim, de maneira de viver.
5º SLIDE
- Paulo, na carta aos filipenses, mostra aos crentes de Filipos que devemos ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.
- Devemos tudo fazer por humildade, considerando os outros superiores a nós mesmos (Fp.2:3).
6º SLIDE
Blocos do trimestre
- Lição introdutória – a história de Paulo e da igreja de Filipos (lição 1)
- Parte doutrinária da epístola o que é a vida cristã (lições 2 a 6)
- Parte prática da epístola – como viver como cristão neste mundo (lições 7 a 13)
7º SLIDE
- O comentarista deste trimestre é o pastor Elienai Cabral, presidente das Assembleias de Deus em Sobradinho/DF.
PLANO DE AULA Nº 1
LIÇÃO Nº 1 – PAULO E A IGREJA EM FILIPOS
1º SLIDE INTRODUÇÃO
- No início do estudo deste trimestre sobre a carta de Paulo aos filipenses, estudaremos o relacionamento de profundo amor que havia entre o apóstolo e a igreja que ele mesmo fundou naquela cidade da Macedônia.
- O relacionamento entre Paulo e a igreja de Filipos é um exemplo a ser seguido por todos os crentes, visto que a característica do cristão é o amor.
2º SLIDE I – A EVANGELIZAÇÃO DE FILIPOS
- Filipos foi uma cidade importante do Império Romano, considerada uma porta de entrada da Europa em relação aos visitantes provenientes da Ásia.
- Era uma colônia romana, ou seja, uma cidade habitada por romanos e cujos habitantes gozavam dos mesmos direitos da capital do Império.
3º SLIDE
- Filipos aparece na história sagrada no início da segunda viagem missionária do apóstolo Paulo.
- Após ter verificado as igrejas que implantara em sua primeira viagem missionária, Paulo foi impedido de pregar o Evangelho na Ásia e uma visão lhe levou a ir até Filipos, para iniciar a evangelização da Europa (At.16:6-8).
4º SLIDE
- O relacionamento que surgiu entre Paulo e a igreja de Filipos é resultado direto do fato de que o apóstolo foi pregar em Filipos por direta orientação divina.
- Chegando a Filipos, o apóstolo, com seus companheiros, buscou a Deus e o Senhor lhe abriu a porta da evangelização junto a alguns mulheres que lavavam roupas junto ao rio, do lado de fora da cidade num sábado (At.16:13-15).
5º SLIDE
- Em Filipos, o apóstolo acabou por expulsar o demônio de uma jovem escrava que adivinhava para seus senhores e foi preso por causa disto (At.16:16-23).
- A prisão foi uma oportunidade para Deus realizar um milagre e salvar o carcereiro e sua família (At.16:24-35).
6º SLIDE
- Os magistrados mandaram que Paulo fosse solto, mas o apóstolo, fazendo uso de sua cidadania romana, exigiu que os próprios magistrados viessem se retratar diante dele, o que se fez, tendo, então, sido pedido a ele que deixasse a cidade de Filipos, o que fez, não antes de devidamente implantar a igreja naquela cidade (At.16:36-40).
- A estada de Paulo em Filipos não foi longa, mas o apóstolo deixou uma impressão muito grande naqueles irmãos, pois esteve entre eles mostrando ser um homem de oração, devidamente orientado pelo Espírito Santo, usado em sinais, prodígios e maravilhas, amoroso que nada pretendia senão a salvação das almas por intermédio de Cristo Jesus.
7º SLIDE II – A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA DE FILIPOS NO MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PAULO
- Este testemunho deixado pelo apóstolo, apesar de sua breve estada em Filipos, foi o fator decisivo para fazer com que a igreja em Filipos assumisse o compromisso diante de Deus de auxiliar o apóstolo dali por diante em seu ministério.
- A igreja em Filipos sempre acompanhou os passos do apóstolo Paulo, sendo os verdadeiros sustentadores de seu ministério, não só orando por ele, mas também provendo o necessário para o seu sustento durante o seu trabalho missionário (Fp.4:15,16).
8º SLIDE
- O bom testemunho, o foco na evangelização e a piedade fizeram com que o apóstolo cativasse o coração dos crentes de Filipos, fazendo surgir um relacionamento de amor mútuo entre Paulo e esta igreja ao longo do árduo trabalho que o apóstolo empreendeu por toda a Europa e Ásia Menor.
- Os crentes de Filipos acompanharam todo o sofrimento do apóstolo após sua prisão em Jerusalém e ida a Roma, tendo mandado Epafrodito para lá, levando uma certa soma em dinheiro para a manutenção do apóstolo (Fp.2:25).
9º SLIDE
- A igreja de Filipos acompanhava os passos do apóstolo e o apóstolo fazia questão de mandar notícias para a igreja de Filipos.
- Ao saber da situação de Paulo na prisão, a igreja de Filipos se abateu, sentimento que foi transmitido a Paulo por Epafrodito.
10º SLIDE
- Os filipenses não se contentaram apenas em mandar Epafrodito, mas também mandaram outras pessoas para saberem do estado do apóstolo (Fp.2:26,27).
- Contra este abatimento que viera sobre a igreja de Filipos que Paulo resolveu escrever uma carta àqueles crentes.
11º SLIDE
- Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo escreve aos filipenses, carta que deve ter sido levada por Epafrodito, mostrando como a sua prisão em Roma estava precisamente dentro do propósito divino para que ele evangelizasse os gentios.
- A epístola de Paulo aos filipenses é fruto de um profundo amor que havia entre Paulo e aqueles crentes, bem como uma demonstração poderosa a cada um de nós de que Deus sempre converte o mal em bem e que nada nos pode impedir de fazer e cumprir o nosso ministério.
12º SLIDE III – A CARTA DE PAULO AOS FILIPENSES
- A autoria da carta é do apóstolo Paulo, que se identifica como seu autor logo no limiar da carta (Fp.1:1).
- A data da carta é por volta de 61 d.C. Tudo indica que Paulo escreveu esta carta quando se encontrava na sua primeira prisão em Roma (Fp.1:13).
13º SLIDE
- O tema da carta de Paulo aos filipenses é, em primeiro lugar, um relatório àqueles crentes a respeito de sua atual situação, a fim de que a igreja em Filipos soubesse como estava o apóstolo e que tudo o que estava a ocorrer não tinha impedido o trabalho de evangelização, que agora estava sendo realizado entre os soldados da guarda pretoriana.
- Neste relatório, o apóstolo produz uma descrição a respeito do que é a vida cristã e, deste modo, dá-nos um verdadeiro e poderoso ensino a respeito do que é ser crente neste mundo.
14º SLIDE
- O apóstolo não só nos mostra o que é ser crente no mundo, mas, também, revela-nos que precisamos, para tanto, ter “o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” (Fp.2:5-11).
- A epístola aos Filipenses é o 50º livro da Bíblia e, segundo Finis Jennings Dake (1902-1987), tem 4 capítulos, 104 versículos, 1 pergunta, 96 versículos de história e 5 versículos de profecias não cumpridas.
15º SLIDE
- Divisão da epístola de Paulo aos filipenses:
Saudações iniciais (Fp.1,2)
Parte doutrinária (Fp.1:3-2:30)
Parte prática (Fp.3:1-4:19)
Conclusão – saudações finais (Fp.4:20-23).
16º SLIDE IV – O INTROITO DA EPÍSTOLA DE PAULO AOS FILIPENSES
- A carta é assinada tanto por Paulo quanto por Timóteo, que se identificam como “servos de Jesus Cristo”.
- Os destinatários são identificados como “todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos”.
17º SLIDE
- Após ter apresentado os remetentes e os destinatários, Paulo saúda a todos com “ a graça e a paz da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo” (Fp.1:2). Lições desta saudação:
a) Além da santidade, que identifica todo cristão, temos duas dádivas vindas da Divindade para nós, a saber: a graça e a paz.
b) O verdadeiro cristão tem uma noção exata de que Jesus é Deus, a Segunda Pessoa da Trindade.
18º SLIDE
- Após a saudação inicial, Paulo afirmou sua gratidão a Deus pelos filipenses, dizendo ser um assíduo e ininterrupto intercessor por aqueles crentes, em virtude da cooperação que eles tinham para com ele desde o primeiro dia até aquele instante (Fp.1:3-5).
- O relacionamento entre Paulo e os filipenses era de amor, amor expresso por atitudes e pela intercessão na oração.
19º SLIDE
- A primeira alegria expressa por Paulo nesta carta é a “alegria da oração”.
- A oração do apóstolo não visava seu próprio bem-estar, mas que a disposição dos crentes de Filipos permanecesse até o dia de Jesus Cristo (Fp.1:6).
20º SLIDE
- Os crentes de Filipos eram retidos no coração do apóstolo pois eles não o abandonaram um instante sequer, tendo sido participantes tanto dos momentos de graça do ministério do apóstolo, como também nas suas prisões e defesa e confirmação do evangelho (Fp.1:7).
- A distância física entre Paulo e os filipenses não impediu que houvesse “entranhável afeição de Cristo Jesus” entre eles.
21º SLIDE
- Em sua alegre oração, o apóstolo pedia que o amor dos crentes de Filipos abundasse mais e mais em ciência e em todo o conhecimento, para que aprovassem as coisas excelentes, para que fossem sinceros e sem escândalo algum até ao dia de Cristo, cheios de fruto de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus (Fp.1:9-11).
- Paulo não desejava senão o crescimento espiritual dos crentes de Filipos.
22º SLIDE
- O crescimento espiritual dá pela busca das coisas excelentes, das “coisas de cima” (Cl.3:1,2). Este crescimento espiritual produz:
a) aumento do amor;
b) sinceridade;
c) ausência de escândalo
d) plenitude de frutos de justiça.
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO
Lição 1 - Paulo e a igreja em Filipos I
ESBOÇO Nº 1 A) INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE Estamos dando início a mais um trimestre letivo da Escola Bíblica Dominical, desta feita um trimestre que denominamos de “bíblico”, já que estaremos a estudar um livro das Sagradas Escrituras, a epístola do apóstolo Paulo aos filipenses. A epístola que Paulo escreveu aos filipenses é uma das chamadas “cartas da prisão”, pois se trata de uma epístola que o apóstolo escreveu enquanto estava preso em Roma (Fp.1:7,13,17), aguardando o seu julgamento diante de César, muito provavelmente quando se encontrava na prisão domiciliar na capital do Império (At.28:30), isto por volta do ano 61 d.C. A simples existência desta epístola já testemunha o relacionamento de afeto e consideração que havia entre o apóstolo e a igreja em Filipos, igreja que foi fundada pelo próprio apóstolo no início da sua segunda viagem missionária (At.16:9-12). Paulo escreve esta carta precisamente porque ficou a saber que os cristãos filipenses estavam entristecidos e até abalados na fé por causa da notícia de sua prisão. O apóstolo, com esta carta, embora agradecendo o cuidado que a igreja tinha por ele, quis encorajar-lhes o ânimo, mostrando aos filipenses que a sua prisão não significava uma derrota da Igreja nem tampouco um revés no seu ministério, mas tudo contribuía para o crescimento da evangelização. Neste seu objetivo, o apóstolo vai mostrar aos cristãos filipenses a sublimidade da vida cristã, que não se modifica em absoluto com as angústias e dificuldades que enfrentamos enquanto estamos no mundo e, para tanto, vai, inclusive, mostrar àqueles crentes a própria humilhação sofrida pelo Senhor Jesus quando de Sua vinda a este mundo, a chamada “kenosis”, o Seu esvaziamento da glória divina para ir até a morte, e morte de cruz, tudo para que pudesse ser elevado sobre todo o nome. É neste aspecto, aliás, que foi tecido o comentário da epístola aos filipenses neste trimestre. O subtítulo do trimestre é “a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja”, ressaltando, precisamente, que a epístola aos filipenses pretende nos mostrar que a humilhação neste mundo faz parte da vida cristã, tendo a Cristo como o próprio exemplo. Paulo, ao mostrar que seu encarceramento não representa mal algum ao Evangelho nem demonstração de fraqueza da Igreja, traz o próprio Jesus como exemplo, para nos lembrar que, neste mundo, teremos aflições, momentos difíceis, mas que nos está reservada uma situação gloriosa, como teve o próprio Senhor. É em virtude desta demonstração da humildade de Cristo como exemplo a ser seguido pelos crentes de Filipos, a fim de que eles não tivessem sua fé abalada por causa da prisão de Paulo, que se entende a capa da revista de trimestre.
A cena em que um homem está a iniciar a lavagem dos pés de outro remete-nos ao episódio do “lavapés”, narrado pelo evangelista João em Jo.13:1-20, quando Jesus, após ter tomado a ceia pascal com Seus discípulos, na mesma noite em que foi traído e preso, o Senhor despojou-se de Seus vestidos e passou a lavar os pés dos discípulos, num gesto de evidente humilhação. O Senhor Jesus, com este gesto, não só demonstrou aos apóstolos que Ele próprio havia Se humilhado, assumindo a posição de servo, humilhação que prosseguiria com a obediência até a morte (Fp.2:6-9), como também que deveríamos também, em nossa vida cristã, repetir este gesto, não lavando os pés uns dos outros (como defendem alguns), mas, em todos os momentos, assumindo que estamos aqui para servir e não para sermos servidos. Paulo, na carta aos filipenses, não cessa de mostrar aos crentes de Filipos que devemos ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, devendo tudo fazer por humildade, considerando os outros superiores a nós mesmos (Fp.2:3). Se Jesus, sendo o Senhor, assumiu a posição de servo e, ao lavar os pés dos discípulos, tomou a posição do mais subalterno dos escravos, pois era este quem fazia tal serviço, quanto mais nós que não somos o Senhor, mas tão somente Seus servos. Jesus lavou os pés dos discípulos para dar uma demonstração prática, um ensino prático a respeito da humildade que deve caracterizar cada servo de Deus. Como o apóstolo diz, ao escrever aos colossenses, nós devemos nos revestir de vestes de humildade (Cl.3:12). Após uma lição introdutória, em que estudaremos o relacionamento entre o apóstolo Paulo e a igreja em Filipos (lição 1), passaremos a estudar a epístola ao longo de seus capítulos e versículos. O comentarista deste trimestre é o pastor Elienai Cabral, presidente das Assembleias de Deus em Sobradinho/DF, que já há alguns anos comenta as lições bíblicas. B) LIÇÃO Nº 1 – PAULO E A IGREJA EM FILIPOS O relacionamento entre Paulo e a igreja de Filipos era de um profundo amor. INTRODUÇÃO - No início do estudo deste trimestre sobre a carta de Paulo aos filipenses, estudaremos o relacionamento de profundo amor que havia entre o apóstolo e a igreja que ele mesmo fundou naquela cidade da Macedônia. - O relacionamento entre Paulo e a igreja de Filipos é um exemplo a ser seguido por todos os crentes, visto que a característica do cristão é o amor. I – A EVANGELIZAÇÃO DE FILIPOS - Neste trimestre, estudaremos a epístola de Paulo aos filipenses, uma das chamadas “cartas da prisão”, ou seja, uma das epístolas que o apóstolo Paulo escreveu quando se encontrava preso por causa do Evangelho, muito provavelmente na sua primeira prisão em Roma. - “…Filipos foi uma cidade importante do Império Romano, considerada uma porta de entrada da Europa em relação aos visitantes provenientes da Ásia. Localizada no Leste da antiga província da Macedônia, a 13 quilômetros do mar Egeu, no topo de uma colina. Abaixo dela estavam o rio Gangites e a estrada militar Ignatia, que ligava a Europa e a Ásia. Sua origem remonta aos trácios, povo conquistado em 358 a.C. pelo rei
Filipe da Macedônia. A cidade recebeu esse nome em homenagem ao seu conquistador. Em 108 a.C. passou ao controle romano. Em 42 a.C., foi palco da batalha de Marco Antônio e Otávio Augusto, que buscavam vingar a morte de Júlio César, contra Brutus e Cássio - da qual o poeta Horácio diz ter participado (Ode 2.7. v. 2 e 9-16). Nove anos mais tarde, Otavio, futuro Augusto, venceu Marco Antônio e Cleópatra. Os veteranos dessas batalhas instalaram-se em Filipos, e a cidade acabou ganhando status de colônia romana e o Ius Italicum, o que a tornava uma réplica menor de Roma. Seus cidadãos tinham cidadania romana e possuíam inclusive direitos de propriedade equivalentes aos de uma terra em solo italiano. Os oficiais políticos eram descendentes dos soldados romanos, o que reforçava ainda mais o caráter latino da cidade, refletindo também seu pensamento e religião. Eram frequentes os cultos às divindades romanas, como Júpiter, Juno e Marte, e à antigos deuses italianos. As divindades gregas não tinham muito destaque. Persistia porém, adoração à deuses trácios.…” (WIKIPEDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Filipos Acesso em 09 maio 2013). - Filipos aparece na história sagrada no início da segunda viagem missionária do apóstolo Paulo. Depois de ter se separado de Barnabé, o apóstolo inicia uma segunda viagem missionária a fim de verificar como estavam as igrejas que havia implantado juntamente com Barnabé na sua primeira viagem, arrumando um novo companheiro, Silas (At.15:36-41). - Nesta verificação, o apóstolo Paulo, ao passar pela cidade de Listra, onde havia implantado uma igreja na sua primeira viagem missionária (At.14:6), ajuntou ao grupo o jovem Timóteo. Depois de ter verificado o estado das igrejas e de lhes ter anunciado os decretos do concílio de Jerusalém, Paulo, então, passou a desejar abrir novas igrejas na província romana da Ásia. No entanto, o Espírito Santo não o permitiu, impedindo-o de pregar na Frigia, na Galácia, na Mísia e na Bitínia (At.16:6-8). - Diante desta peculiar situação, o apóstolo Paulo teve uma visão em que via um varão da Macedônia que lhe rogava dizendo para que passasse à Macedônia (At.16:9). O apóstolo, então, entendeu que o Senhor queria que ele iniciasse a pregação do Evangelho na Europa e, como vimos, a porta de entrada para a Europa, naqueles dias, era precisamente a cidade de Filipos, que era uma colônia romana, ou seja, uma cidade habitada por romanos fora de Roma mas que desfrutava dos mesmos privilégios da capital do Império (At.16:10-12). - Paulo foi a Filipos por direta orientação divina e disposto a abrir mais esta trincheira na evangelização do Império Romano. Não é de se admirar, portanto, que fosse nascer entre o apóstolo e a igreja que ele iria ali implantar um relacionamento dos mais profundos revelados na Bíblia Sagrada entre um obreiro e uma igreja local, senão o mais profundo, pois tudo se iniciou pela orientação do Espírito Santo. - Em nossos dias, isto também deve se dar. Não são raros, lamentavelmente, os casos em que não há empatia entre o obreiro e a igreja local onde ele está a exercer seu ministério. Tal circunstância, entre outros fatores, pode estar relacionada à falta de orientação do Espírito Santo no instante da colocação deste obreiro naquela igreja local. O episódio a envolver Paulo e a igreja de Filipos deve nos levar a pensar a respeito disto: temos pedido a orientação divina na designação de obreiros para as igrejas? Estamos sensíveis à voz do Espírito Santo como estava o apóstolo Paulo? Pensemos nisto! - Chegando a Filipos, o apóstolo, com seus companheiros, passou ali alguns dias, buscando ao Senhor, a fim de que pudessem iniciar o trabalho de evangelização. Aqui vemos, também, outra característica que deve estar presente em todo evangelizador: a oração. Mesmo sabendo que o Senhor o mandara para aquela cidade, o apóstolo e seus companheiros não cessaram de orar, a fim de que pudessem se manter na orientação divina. - Temos buscado a Deus em nosso trabalho de evangelização? Temos nos mantido em constante comunhão com o Senhor para aproveitarmos as oportunidades que se nos apresentarem para levar almas para Cristo? Nos dias hodiernos, vemos, com muita preocupação, a total ausência de interesse dos crentes em evangelizar, em levar pessoas para os cultos, notadamente os cultos dominicais noturnos, o que tem gerado a diminuição de conversões em nossas igrejas locais, havendo, aliás, muitas igrejas que não mais fazem sequer o apelo no final destes cultos que, em teoria, seriam cultos evangelísticos? Por que ocorre isto? Porque os crentes não estão orando mais!
- Quando, num dia de sábado, o apóstolo Paulo saiu, com seus companheiros, para buscar um lugar de oração, encontrou umas mulheres que estavam à beira do rio (o rio Gangites), passando a pregar-lhes o evangelho (uma outra evidência bíblica de que, ao contrário do que andam dizendo, o apóstolo Paulo não era machista). - Guiados pelo Espírito Santo, começaram a pregar a estas mulheres, algo inusitado no mundo de então, mas logo viram que estavam no caminho certo, pois Lídia, uma comerciante da cidade de Tiatira, creu, juntamente com sua casa, passando a Paulo e seus companheiros a morar na casa dela (At.16:13-15). - Em Filipos, o apóstolo acabou por expulsar o demônio de uma jovem escrava que adivinhava para seus senhores e que começou a querer exaltar os servos do Senhor, o que gerou a denúncia destes senhores aos magistrados que acabaram por prender a Paulo e a Silas, além de açoitá-los (At.16:16-23). - Apesar de todos estes sofrimentos, Paulo e Silas começaram a louvar a Deus na prisão e o Senhor, então, mandou um terremoto, libertando a todos os presos. O carcereiro, diante deste fato, tentou se suicidar, mas Paulo o impediu e o agente penitenciário acabou por crer em Cristo, assim como sua família, tendo, inclusive, tratado Paulo de seus ferimentos (At.16:24-35). - Os magistrados, então, mandaram que Paulo fosse solto, mas o apóstolo, fazendo uso de sua cidadania romana, exigiu que os próprios magistrados viessem se retratar diante dele, o que se fez, tendo, então, sido pedido a ele que deixasse a cidade de Filipos, o que fez, não antes de devidamente implantar a igreja naquela cidade (At.16:36-40). - Percebemos, portanto, que a estada de Paulo em Filipos não foi longa, mas o apóstolo deixou uma impressão muito grande naqueles irmãos, pois esteve entre eles mostrando ser um homem de oração, um homem devidamente orientado pelo Espírito Santo, um homem que era usado em sinais, prodígios e maravilhas, um homem amoroso que nada pretendia senão a salvação das almas por intermédio de Cristo Jesus. II – A PARTICIPAÇÃO DA IGREJA DE FILIPOS NO MINISTÉRIO DO APÓSTOLO PAULO - Este testemunho deixado pelo apóstolo, apesar de sua breve estada em Filipos, foi o fator decisivo para fazer com que a igreja em Filipos assumisse o compromisso diante de Deus de auxiliar o apóstolo dali por diante em seu ministério. Os crentes de Filipos sempre foram pessoas comprometidas com o ministério do apóstolo, como o próprio Paulo testemunha na carta que lhes mandou da prisão: “ Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre com alegria oração por vós em todas as minhas súplicas, pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora” (Fp.1:3-5). - A igreja em Filipos sempre acompanhou os passos do apóstolo Paulo, sendo os verdadeiros sustentadores de seu ministério, não só orando por ele, mas também provendo o necessário para o seu sustento durante o seu trabalho missionário (Fp.4:15,16). Podemos mesmo dizer que, durante todo o seu trabalho missionário, o apóstolo foi sustentado pelo seu próprio trabalho como fazedor de tendas (At.18:3) e pelas contribuições que lhe mandaram os filipenses. - Durante sua estada em Filipos, o apóstolo mostrou que seu objetivo era ganhar almas para o Senhor Jesus, demonstrou todo o amor de Deus que o Espírito Santo havia derramado em seu coração (Rm.5:5) e, ante tal pureza de propósito, os crentes filipenses foram conquistados no intento de ajudar o apóstolo nesta empreitada, fazendo-se, assim, participantes de seu ministério e, certamente, também de seu galardão nos céus, certeza esta que acompanhou o apóstolo até o término de sua vida (II Tm.4:7,8). - Lídia e o carcereiro de Filipos eram testemunhas do amor de Paulo para com os perdidos e do seu cuidado e empenho na salvação das almas. A igreja em Filipos podia dizer, com convicção, que o apóstolo não tinha a
sua vida por preciosa, querendo tão somente cumprir o ministério que o Senhor lhe dera, pregando o reino de Deus (At.20:24). - É esta atitude que precisam demonstrar, em nossos dias, os missionários e os ministros do Evangelho para que possam ter o reconhecimento e o auxílio dos servos de Deus neste último instante da Igreja sobre a face da Terra. Se houver sinceridade de propósito, demonstração inequívoca de amor e, sobretudo, transparência, certamente os homens de Deus serão ajudados pelos crentes em seus ministérios. - Todas estas qualidades do apóstolo Paulo foram sintetizadas numa expressão pelo pastor não-conformista inglês John Angell James (1785-1859), a saber, “seriedade”. Segundo este ministro: “…observe o apóstolo Paulo. Onde encontraremos algo tão próximo da seriedade do nosso divino Senhor, quanto a conduta deste homem extraordinário? Desde o momento de sua conversão na estrada para Damasco, ele adotou um único objetivo de existência, e este foi a glória de Deus na salvação das almas; e como única maneira de buscá-la, ele adotou a mensagem dacruz. Onde quer que ele fosse, o que quer que fizesse, a quem quer que se dirigisse, ele estava sempre em busca das almas (…)nós sempre o encontramos, em todos os lugares, como o mais ´serio ministro de Jesus Cristo.…” (JAMES, John Angell. A grandeza do pastorado. Trad. de Degmar Ribas Júnior e Michael Ribas, p.164). - Infelizmente, o que se vê, na atualidade, é a presença cada vez mais intensa de aproveitadores, de exploradores da fé, de mercadores que amam o dinheiro e não as almas, que procuram tão somente os seus próprios interesses e não os de Cristo Jesus, algo que não era desconhecido por parte dos crentes de Filipos. O apóstolo, mesmo, em sua carta aos crentes filipenses, alude a esta circunstância, fazendo questão de dizer que mandaria ao encontro deles Timóteo, que era uma pessoa que não buscava o interesse próprio, mas somente o de Jesus (Fp.2:19-21), a provar que aquela igreja não se deixava levar por estes falsos ministros. - Muitos crentes sinceros, na atualidade, não estão a ajudar o sustento de muitos missionários precisamente porque não percebem, na atividade missionária de sua igreja local, a sinceridade de propósitos, o amor às almas perdidas que os filipenses viam no ministério de Paulo. Torna-se necessário que as secretarias e departamentos de missões das igrejas mostrem tais qualidades e, em fazendo assim, certamente angariarão recursos para o sustento destas famílias que têm sido chamadas pelo Senhor para a obra missionária. - O bom testemunho, o foco na evangelização e a piedade fizeram com que o apóstolo cativasse o coração dos crentes de Filipos, fazendo surgir um relacionamento de amor mútuo entre Paulo e esta igreja ao longo do árduo trabalho que o apóstolo empreendeu por toda a Europa e Ásia Menor. - É oportuno observar que o testemunho dado por Paulo não só fez com que os crentes de Filipos viessem a ajudar o sustento do apóstolo, mas também a ajudar no suprimento das necessidades de outros irmãos, como os crentes da Judeia. Quando Paulo fala com a igreja de Corinto a respeito da necessidade que eles tinham de contribuir para os crentes judeus, traz como exemplo as igrejas da Macedônia, e a primeira igreja que Paulo fundou na Macedônia tinha sido, precisamente, a de Filipos (II Co.8:1-5). - No entanto, após ter deixado Éfeso, para onde havia ido em sua terceira viagem missionária (At.19:21-23, 19:1), Paulo foi novamente a Macedônia (At.20:1) e, depois, foi para a Grécia e dali para Jerusalém, onde foi preso, tendo ficado alguns anos em Cesareia, de onde foi mandado para Roma (At.21-28). - Os crentes de Filipos acompanharam todo este sofrimento do apóstolo com apreensão, verificando que, em virtude da prisão, o apóstolo cessara o seu trabalho missionário, o que muito lhes fez sofrer, pois sabiam como era importante o trabalho de evangelização. - Ao saberem que o apóstolo se encontrava preso em Roma, os filipenses, então, mandaram Epafrodito para lá, levando uma certa soma em dinheiro para a manutenção do apóstolo, pois sabiam que, em virtude da prisão, não poderia Paulo trabalhar para seu próprio sustento (Fp.2:25).
- Neste episódio, notamos que a transparência e a comunicação entre o apóstolo e a igreja de Filipos era uma constante, de modo que um continuava a ajudar o outro, pois se verificava que o propósito inicial permanecia intacto e que todos estavam empenhados na evangelização, no ganhar almas para o Senhor. - Torna-se fundamental, ainda hoje, que haja sempre esta comunicação entre os missionários e a igreja, entre os ministros e a igreja, para que todos saibam que Jesus continua a salvar, curar, batizar com o Espírito Santo e a preparar um povo para ser arrebatado e que o nosso trabalho não é em vão. Torna-se absolutamente necessário que haja uma sincera comunicação de todas as atividades e da aplicação dos recursos arrecadados na obra de evangelização e isto trará maior confiança a todos os envolvidos e o progresso da obra de Deus. - A igreja de Filipos acompanhava os passos do apóstolo e o apóstolo fazia questão de mandar notícias para a igreja de Filipos, e havia um propósito de oração tanto de uma quanto de outra parte, de modo que se criavam as condições para que o Senhor atendesse aos desejos de todos os envolvidos, que era a salvação das almas. É este consenso santo que o Senhor aguarda de cada um de nós e que levará milhares de pessoas aos pés de Cristo Jesus, pois, como sabemos, há uma promessa de Deus de que o que for consensualmente estabelecido pela Igreja será realizado sobre a face da Terra (Mt.18:19; 16:19; Jo.15:16). - Ao saber da situação de Paulo na prisão, do real risco de morte que havia, já que o apóstolo fora mandado para ser julgado por César, num tribunal onde não havia sequer chance de recurso, a igreja de Filipos se abateu. O apóstolo não estava evangelizando e não se livrava das falsas acusações dos judeus, podendo ser morto por ordem do imperador. Será que valia a pena se empenhar tanto na evangelização? Será que o apóstolo estava mesmo na direção de Deus? Será que Paulo tinha trabalhado em vão? - Este sentimento da igreja de Filipos certamente foi transmitido ao apóstolo por Epafrodito que era testemunha ocular da situação aflitiva em que se encontrava Paulo em Roma. O próprio Epafrodito adoeceu e chegou mesmo a ficar à beira da morte, doença esta que mostrava a situação precária em que estava o apóstolo. O saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012) costumava ensinar que Epafrodito deveria ter adoecido por se privar até de uma alimentação a fim de que o apóstolo pudesse melhor usar dos recursos que lhe haviam sido mandados pelos crentes de Filipos. - O fato é que os filipenses não se contentaram apenas em mandar Epafrodito, mas também mandaram outras pessoas para saberem do estado do apóstolo, como deduzimos das palavras de Paulo em Fp.2:26,27, e, certamente, ficaram sabendo da situação em que estava o apóstolo e que fez, naturalmente, que surgissem as indagações a respeito de tudo o que se estava passando diante do plano de Deus na vida do apóstolo. - Era contra este abatimento que viera sobre a igreja de Filipos, das dúvidas que estavam a exsurgir em virtude da situação de prisão do apóstolo, que Paulo resolveu escrever uma carta àqueles crentes, onde demonstraria que a sua prisão em nada havia impedido o exercício de seu ministério, como também que tudo que se tinha feito ao longo de todos aqueles anos não tinham sido em vão e que, tanto o apóstolo, quanto os crentes de Filipos, apesar das dificuldades, deveriam se manter alegres e glorificar a Deus por tudo o que estava ocorrendo. Tem-se aqui um grande paradoxo, pois, é em meio a uma situação tão difícil como a que estava enfrentando, o apóstolo iria escrever aquela que é conhecida como a “carta da alegria”. - Inspirado pelo Espírito Santo, então, o apóstolo Paulo escreve aos filipenses, carta que deve ter sido levada por Epafrodito, mostrando como a sua prisão em Roma estava precisamente dentro do propósito divino para que ele evangelizasse os gentios, visto que, através daquela prisão, estava podendo ganhar almas para o Senhor Jesus entre os da casa de César e a guarda pretoriana, pois as cadeias não o impediam de ganhar almas para Cristo, repetindo-se, assim, mas agora em escala bem maior, o que ocorrera na própria Filipos quando de sua prisão. - A epístola de Paulo aos filipenses, portanto, é fruto de um profundo amor que havia entre Paulo e aqueles crentes, bem como uma demonstração poderosa a cada um de nós de que Deus sempre converte o mal em bem e que nada nos pode impedir de fazer e cumprir o nosso ministério.
III – A CARTA DE PAULO AOS FILIPENSES - Entendido o contexto em que Paulo escreveu sua epístola aos filipenses, que é o tema de estudo deste trimestre, resta-nos, agora, ver, em linhas gerais, a estrutura desta carta. - Por primeiro, como dissemos, trata-se de uma das “cartas da prisão”, como são conhecidas as epístolas que o apóstolo Paulo escreveu a igrejas durante a sua primeira prisão em Roma. As “epístolas da prisão” são quatro, a saber: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. - A autoria da carta é do apóstolo Paulo, que se identifica como seu autor logo no limiar da carta (Fp.1:1), fazendo questão de colocar como seu corremetente Timóteo, velho conhecido dos filipenses, já que fazia parte do grupo de companheiros que havia evangelizado Filipos com o apóstolo. - A data da carta é motivo de controvérsia entre os estudiosos, sendo situada entre 53 e 61 d.C. As divergências surgem porque alguns entendem que o apóstolo escreveu esta carta quando ainda estava em Cesareia, antes de ter ido para Roma, enquanto outros entendem que a carta foi escrita em Roma e outros, numa suposta prisão que Paulo teria tido em Éfeso. - A hipótese denominada “cesareana” não convence, porquanto, na carta, o apóstolo menciona a “guarda pretoriana” (Fp.1:13), que era a guarda pessoal do imperador romano, a indicar, portanto, que não se encontrava em Cesareia, mas, sim, em Roma, quando da escrita da carta, o que faz com que a data de 61 d.C. seja a mais provável. - A hipótese denominada “efésia”, por igual motivo, não pode ser aceita, sendo, ademais, ainda mais fraca porque parte do pressuposto de que Paulo teria sido preso em Éfeso após a sua absolvição em Roma, circunstância que não tem evidência bíblica, aliás, Paulo disse aos efésios, antes de partir para Jerusalém, de que nunca mais aqueles crentes veriam o seu rosto (At.20:25), o que faz com que não se possa admitir também esta hipótese levantada pelos estudiosos. - Tudo indica, portanto, que Paulo escreveu esta carta quando estava preso em Roma, para onde foi mandado pelo presidente da Judeia, Pórcio Festo (At.24:27), depois de ter apelado para César (At.25:12). - O tema da carta de Paulo aos filipenses é, em primeiro lugar, um relatório àqueles crentes a respeito de sua atual situação, a fim de que a igreja em Filipos soubesse como estava o apóstolo e que tudo o que estava a ocorrer não tinha impedido o trabalho de evangelização, que agora estava sendo realizado entre os soldados da guarda pretoriana. - Ao descrever a sua situação, o apóstolo aproveita para encorajar os crentes de Filipos, incitá-los a que mantivessem a sua alegria espiritual, como também a que permanecessem servindo ao Senhor animosamente, não se deixando abater nem tampouco se deixar influenciar seja pelos judaizantes, que queriam impor a lei de Moisés aos cristãos, seja pelos antinomistas, ou seja, aqueles que viviam desregradamente, como não existisse qualquer norma e que, por assim viverem, eram voltados única e exclusivamente para as coisas terrenas. - Neste relatório aos filipenses e nestas advertências, o apóstolo produz uma descrição vívida a respeito do que é a vida cristã e, deste modo, dá-nos um verdadeiro e poderoso ensino a respeito do que é ser crente neste mundo. É nesta carta que, conforme nos assinala o pastor não-conformista inglês John Angell James (1785-1859), o apóstolo, em uma frase curta, “…em poucas palavras, resume toda a sua vida e trabalhos: ‘Porque para mim o viver é Cristo’…” (A grandeza do pastorado. Trad. de Degmar Ribas Júnior e Michael Ribas, p.165).
- O apóstolo não só nos mostra o que é ser crente no mundo, mas, também, revela-nos que precisamos, para tanto, ter “o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” e, deste modo, traz-nos a preciosa descrição da chamada “kenosis” de Cristo (Fp.2:5-11), ou seja, de todo o Seu esvaziamento da glória divina para Se humanizar e ir obediente até a morte, e morte de cruz, a fim de que pudesse, então, ser exaltado sobre todo o nome, mesmo trajeto que cada cristão deverá seguir, ou seja, o de se sofrer a mais completa humilhação nesta Terra para alcançar, com o Senhor, a cidade celestial, onde participaremos da glória divina para todo o sempre. Aleluia! - A epístola aos Filipenses é o 50º livro da Bíblia e, segundo Finis Jennings Dake (1902-1987), tem 4 capítulos, 104 versículos, 1 pergunta, 96 versículos de história e 5 versículos de profecias não cumpridas. - Segundo alguns estudiosos da Bíblia, a epístola de Paulo aos Filipenses está relacionada com a letra hebraica “vav” (ו), cujo significado é “colchete” e que é utilizado como prefixo na língua hebraica que tem o valor da conjunção “e”, sendo, portanto, um conectivo e o livro de Filipenses estaria a indicar o “conectivo” entre Deus e os homens, Cristo Jesus, que é revelado, de forma singular, nesta carta, como Aquele que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, assumindo a forma de homem, humilhou-Se até a morte e morte de cruz. - Neste sentido, ao relatar o que é a vida cristã e, logicamente, pôr a Cristo Jesus como exemplo desta vida cristã, através da Sua “kenosis”, da Sua humilhação, a carta de Paulo aos filipenses convida-nos, como diz o subtítulo deste trimestre, a sermos imitadores da humildade de Cristo, a saber que é nesta humilhação que se encontra a essência da própria vida cristã. - Não é por acaso, portanto, que é na carta de Paulo aos filipenses que encontramos um dos grandes argumentos bíblicos contra o triunfalismo, a teologia da confissão positiva e a teologia da prosperidade que têm infestado nossas igrejas locais (e, lamentavelmente, nossos púlpitos), quando nos deparamos com o contentamento de Paulo a despeito de todas as necessidades materiais que estava a sofrer (Fp.4:11-19). - A epístola de Paulo aos filipenses pode ser dividida, como quase toda carta paulina, em duas seções: uma doutrinária e outra prática. - Assim, após as saudações iniciais, que dão o introito da carta (Fp.1,2), temos uma primeira parte, onde o apóstolo, agradecendo aos filipenses pelo seu cuidado para com ele desde “o primeiro dia”, mostra-lhes a excelência do seu ministério e como todas aquelas situações aflitivas estavam dentro do propósito divino estabelecido ao próprio Paulo desde o início de sua vida cristã, ensinando, portanto, àqueles crentes que a vida cristã é permeada de aflições que em nada abalam a fé do crente e o cumprimento de seu ministério, vida cristã que é, então, descrita pelo apóstolo (Fp.1:3-2:30). - Depois de ter mostrado o que é a vida cristã, o apóstolo, então, inicia a parte prática da epístola, onde faz um alerta contra os judaizantes, manda aos crentes que não confiem na carne, como também a que tenham como alvo os céus, devendo, ainda, manter-se alegres em Cristo, manifestando a equidade, libertando-se da ansiedade, bem como devendo estar convictos do contentamento do apóstolo mesmo em meio às aflições(Fp.3:1-4:19). - Advém, então, a conclusão da carta, com as saudações finais (Fp.4:20-23). - Alguns estudiosos, notadamente os chamados “críticos”, procuram ver na mudança de tom e estilo a partir da segunda metade de Fp.3:1 um argumento para questionar a unidade da epístola, querendo afirmar que o texto a partir de Fp.3:1b não seria da autoria de Paulo ou, se se tratar de um texto do apóstolo, foi retirado de outra epístola e introduzido nesta epístola canônica. - Tais entendimentos devem ser repudiados pelos crentes em Cristo Jesus, pois, como sabemos, a chamada “crítica bíblica” sempre procura fazer-nos desacreditar do texto sagrado, da origem divina das Escrituras.
- Houve, inclusive, quem tenha defendido que não houve uma “interpolação” do texto de outra carta na carta aos Filipenses, mas que o apóstolo teria “reiniciado” a carta depois de ter tido notícia a respeito da situação aflitiva em que se encontravam os filipenses, o que explicaria a mudança de estilo e de tom entre as duas partes da epístola. - No entanto, também aqui devemos desprezar estes argumentos, que, aliás, para quem quer ser “racional” como é o caso dos “críticos bíblicos”, não tem qualquer evidência ou respaldo em fatos que nos permitam concluir pela sua aceitação. - O fato é que estamos em duas situações diversas: enquanto na primeira parte, o apóstolo Paulo procura mostrar aos filipenses o que é a vida cristã, tendo a Cristo Jesus como modelo, de forma a que os filipenses possam entender a sua prisão e não se entristecer por causa dela; na segunda parte, o apóstolo, dentro de seu objetivo de sempre promover o crescimento espiritual dos cristãos, passa a tecer uma série de recomendações práticas, a fim de que os crentes em Filipos não perdessem a autenticidade da sua fé. - É natural que, após um estudo doutrinário, baseado em exemplos, mas, nem por isso menos didático, o apóstolo tenha mudado de tom ao falar do cotidiano, do dia-a-dia que cada crente deveria viver ante a perspectiva desta vida cristã que havia sido ensinada. - É o significado da vida com Cristo neste mundo e a necessidade de termos uma vida verdadeiramente cristã enquanto Jesus nos vem buscar que o apóstolo procurou demonstrar aos crentes de Filipos e não somente a eles, mas, como o escrito se perpetuou ao longo da história da Igreja, por se tratar de um texto inspirado, a todos nós. IV – O INTROITO DA EPÍSTOLA DE PAULO AOS FILIPENSES - Vista a estrutura da carta de Paulo aos filipenses, resta-nos, nesta lição, estudar o início da referida carta, onde Paulo demonstra todo o seu relacionamento com a igreja em Filipos, ou seja, Fp.1:1-11. - A carta é assinada tanto por Paulo quanto por Timóteo, que se identificam como “servos de Jesus Cristo”. A menção a Timóteo é importante, pois o apóstolo conhecia a credibilidade que aquele jovem obreiro tivera em Filipos quando da evangelização daquela colônia, credibilidade que se ressalta em Fp.3:19, quando o apóstolo anuncia que mandará Timóteo a fim de que o mesmo lhe trouxesse informações a respeito daquela igreja. - Nesta simples menção de Timóteo, aprendemos como é importante termos verdadeiros companheiros ao longo de nosso ministério, como a obra de Deus não se realiza de modo solitário, mas, sim, como, para se realizar a obra do Senhor, torna-se absolutamente necessário que vivamos um relacionamento entre os irmãos, como sinal do nosso relacionamento com Deus. Não foi, por isso, aliás, que o Senhor, quando daquela grande empreitada dada aos Seus discípulos durante Seu ministério terreno, não mandou que fossem eles de dois em dois (Lc.10:1)? - Outra importante característica desta apresentação dos remetentes desta epístola é que tato o apóstolo quanto seu auxiliar se identificam como “servos de Jesus Cristo”, a nos mostrar que, na igreja do Senhor, o mais importante título, a mais importante posição é a de “servo”, algo que tem sido esquecido por alguns que exigem ser apresentados e identificados como “apóstolos”, “bispos”, “pastores” e por aí vai. Que diferença para a humildade destes dois grandes homens de Deus, em especial do apóstolo Paulo, que era o fundador da igreja em Filipos. - Como dissemos supra, e o reforça o próprio subtítulo deste trimestre letivo, Paulo vai enfatizar a humildade de Cristo como exemplo a ser seguido pelos cristãos e, antes de ensiná-lo, ele próprio mostra toda a sua
humildade, pondo-se como “servo de Jesus Cristo”. Amados, sigamos este exemplo e sejamos humildes em nosso relacionamento com os demais irmãos! - Mas, além de ter se identificado como “servos”, os remetentes da carta identificam os destinatários como “todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos”. Esta apresentação dos filipenses dá-nos uma verdadeira lição de eclesiologia, ou seja, de doutrina da Igreja. Senão vejamos. - Por primeiro, o texto mostra-nos que a igreja é formada por “santos em Cristo Jesus”, ou seja, a marca identificadora da igreja, do corpo de Cristo, é a santidade. Como diz o salmista: “ a santidade convém à Tua casa, Senhor, para sempre” (Sl.93:5b). - Devemos ter sempre em mente que a Igreja é a “nação santa” do Senhor (I Pe.2:9), que não podemos ter outra marca distintiva que a santidade, porque é ela a nota que nos faz diferentes do mundo, que está imerso no pecado e no mal (I Jo.5:19). Paulo vai se dirigir a “santos em Cristo Jesus”, ou seja, a vida cristã pressupõe a santidade, tem-na como um pré-requisito necessário para que se possa conviver com o Senhor. - Esta santidade, ademais, só é possível por causa de nossa comunhão com Cristo Jesus. Os salvos são “santos em Cristo Jesus”, ou seja, não possuem a santidade por si mesmos, mas são santificados pelo Senhor Jesus (I Co.1:2), no exato instante em que recebem a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador, devendo se manter separados do pecado desde então até o fim (Ap.22:11), em toda a nossa maneira de viver (I Pe.1:15,16). Não podemos, de forma alguma, negligenciarmos este aspecto fundamental de nossa identidade cristã. - Mas, além da santidade, que nos identifica como corpo de Cristo, Paulo, nesta apresentação, também mostra que a Igreja também se organiza localmente. Os “santos em Cristo Jesus” estavam num lugar determinado, “in casu”, em Filipos, a colônia romana da Macedônia. A igreja universal ocupa um determinado local, local este fruto de um trabalho evangelístico dirigido pelo Espírito Santo. - Destarte, ao lado da igreja universal, o corpo místico de Cristo Jesus, existe uma igreja local, que se organiza como um grupo social, igreja esta estruturada sob a direção e orientação do Espírito Santo, como ocorreu com Filipos, como já visto supra no histórico da evangelização daquela cidade. - Destarte, não há como concordar com os “anarquistas cristãos”, que consideram que a toda e qualquer organização da igreja local seja espúria e criadora de um “poder humano” que não teria o “carisma divino”. Nada mais falso. Estamos no mundo e temos de ter uma organização, uma hierarquia até, ainda mais que, ao vermos as Escrituras Sagradas, verificamos que no céu Deus não abre mão disto, tanto que os anjos são organizados em uma rígida hierarquia que os faz compara, inclusive, com exércitos (Sl.103:21). Nem podia ser diferente, pois nosso Deus é um Deus de ordem (I Co.14:33). - Esta organização local faz com que se crie um ministério, tirado dentre os santos. Paulo identifica em Filipos os bispos e os diáconos, revelando, assim, que aquela estrutura estabelecida em Jerusalém (At.6:1-7), foi reproduzida nas igrejas cristãs. Havia, portanto, os bispos, ou seja, aqueles que deveriam se dedicar ao ministério da palavra e à oração (At.6:4), ou seja, aos assuntos espirituais, como também os diáconos, aqueles que, auxiliando os bispos, deveriam se dedicar aos assuntos materiais, ao serviço das mesas (At.6:2,3). Tanto uns como os ouros, porém, deveriam ser pessoas cheias do Espírito Santo, dotados de sabedoria divina e que tivessem bom testemunho (At.6:3; I Tm.3:1-13; Tt.1:5-9).. - Após ter apresentado os remetentes e os destinatários, Paulo saúda a todos com “a graça e a paz da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo” (Fp.1:2). Esta saudação, costumeira do apóstolo em suas cartas, traz-nos duas importantíssimas lições.
- A primeira é a de que, além da santidade, que identifica todo cristão, temos duas dádivas vindas da Divindade para nós, a saber: a graça e a paz. Não fosse a graça e a paz advindas do Senhor para nós, não conseguiríamos pertencer ao corpo de Cristo, não seríamos Igreja. - A graça, este favor imerecido de Deus, vinda por Jesus Cristo até nós (Jo.1:17), permitiu-nos entrar em comunhão com Deus, apesar de nossos pecados. Não merecíamos o perdão divino, mas Jesus Cristo, morrendo por nós, conquistou este privilégio a cada um de nós, que se obtém pela fé n’Ele. A vida cristã não tem qualquer desenvolvimento se não tivermos sempre em mente que estamos “de favor” na companhia do Senhor pelo sacrifício vicário de Jesus no Calvário. - Além da graça, gozamos da paz com Deus e da paz de Deus em nossos corações. Justificados pela fé, temos paz com Deus (Rm.5:1), ou seja, passamos a ter comunhão com o Senhor, completamo-nos n’Ele, já que removida a parede de separação que havia entre nós e Deus por causa dos pecados (Is.59:2; Ef.2:14-16). Como se isto fosse pouco, nosso encontro pessoal com Cristo, trouxe-nos a Sua paz (Jo.14:27), que nos impede que, apesar das dificuldades imensas em nossa peregrinação terrena, venhamos a perder o equilíbrio, a perdermos a nossa fé e esperança n’Ele. O próprio Paulo demonstrará, ao longo desta carta, a presença desta paz em sua vida. - A segunda lição que aprendemos nesta saudação é a de que o verdadeiro cristão tem uma noção exata de que Jesus é Deus, a Segunda Pessoa da Trindade. O apóstolo, então, como que preanuncia aquilo que seria escrito posteriormente pelo apóstolo João, ou seja, de que o cristão não nega o Filho, pois quem nega o Filho, nega, também, o Pai (I Jo.2:23). - Não é possível pertencer aos “santos em Cristo Jesus” se não se confessa a triunidade divina. A graça e a paz advêm do Pai e do Filho, ambos declarados como Pessoas Divinas. Mas, alguém poderia perguntar, e onde está o Espírito Santo nesta saudação? Ora, a graça e a paz vieram do Pai e do Filho, porquanto são as duas Pessoas Divinas que, na atual dispensação, são provedoras, não companheiras. A graça e a paz advindas do Pai e do Filho estão conosco pela companhia do Espírito Santo, que aqui está implícito, mas também presente, com quem estamos em comunhão (cfr. Fp.2:1). - Após esta saudação inicial, o apóstolo afirmou sua gratidão a Deus pelos filipenses, dizendo ser um assíduo e ininterrupto intercessor por aqueles crentes, em virtude da cooperação que eles tinham para com ele desde o primeiro dia até aquele instante (Fp.1:3-5). - Notamos, portanto, como já se disse supra, que o relacionamento entre Paulo e os crentes de Filipos era um relacionamento firmado no amor. Os filipenses sempre haviam cooperado com o apóstolo, tanto material quanto espiritualmente, de forma contínua, desde o início do trabalho de evangelização naquela cidade, e o apóstolo, grato por esta ajuda, também não se esquecia de orar e de lembrar dos filipenses a todo o instante. - Tem sido este o nosso relacionamento com os homens de Deus que se dedicaram em nos evangelizar e nos ensinar o caminho da salvação? Temos mantido um estreito relacionamento de ajuda efetiva e concreta, bem como de intercessão nas orações por estes homens de Deus? Têm, também, os obreiros orado, com alegria e gratidão, pelos irmãos que os têm sustentado e ajudado ao longo de seu ministério? - Amor não se demonstra apenas com intercessão, mas, também, com “cooperação”, ou seja, com gestos efetivos e concretos de ajuda e de auxílio. Oração não se restringe a súplicas, mas, também, em ação, em atitudes. Temos correspondido a este relacionamento que existia entre Paulo e a igreja de Filipos? Pensemos nisto! - Paulo lembrava-se dos crentes de Filipos e agradecia a Deus por eles, mas, também, orava por eles com alegria. Esta é a primeira vez que aparece a “alegria” nesta carta que, por muitos estudiosos, é chamada de “carta da alegria”, já que esta palavra, e suas variações e derivadas, aparece em Filipenses dez vezes.
- A primeira alegria expressa por Paulo nesta carta é a “alegria da oração”, Como afirma o pastor José Barbosa de Sena Neto, “… A vida de oração é fundamental ao crente; faz parte do seu ministério sacerdotal. Devemos orar por todos os santos, e fazer isso com a maior alegria e satisfação. O segredo de orar com alegria é ‘trazer no coração’ aqueles pelos quais oramos, e ao orarmos por eles pedir para eles profundas e ricas experiências na vida em Cristo (1.9-11).…” (Carta aos filipenses: a epístola da alegria! Disponível em: http://www.cpr.org.br/bn-filipenses.htm Acesso em 14 maio 2013). Temos orado com alegria? Temos alegria quando oramos? - Esta alegria do apóstolo não decorria do fato de ser ele o beneficiário tanto da ajuda material quanto das orações dos crentes de Filipos. Não, não e não! Esta alegria era resultado do reconhecimento de que tudo provinha de Cristo, de que tudo era resultado e consequência do fato de serem tanto o apóstolo quanto a igreja em Filipos alvo do amor de Deus e, por consequência, toda aquela cooperação mútua ser a prova indelével de que todos haviam realmente sido salvos na pessoa de Jesus. - Tanto assim é que o apóstolo não orava para que continuasse a receber ajuda por parte dos crentes de Filipos, mas que isto prosseguisse, independentemente de ser ele o beneficiário ou não, até o dia de Jesus Cristo, pois, certamente, Aquele que havia começado a boa obra, a aperfeiçoaria até o final da dispensação da graça (Fp.1:6). - O amor e a cooperação não podem se dar do primeiro dia até agora (cfr. Fp.1:5), mas deve permanecer até o dia de Jesus Cristo (Fp.1:6). Devemos demonstrar amor a Deus e aos irmãos durante todo o tempo de nossa peregrinação terrena. Não podemos agir por impulso, não podemos servir a Deus apenas em “períodos de campanha”, não podemos apenas nos esforçar esporadicamente, mas nossa cooperação no evangelho deve ser firme e constante, sabendo que o nosso trabalho não é vão no Senhor (I Co.15:58). - Como é triste ouvirmos de muitos irmãos em Cristo grandes relatórios e histórias de como cooperaram na obra do Senhor no passado, de como eram diligentes, de como eram intercessores, de como eram pregadores. Entretanto, tudo o que relatam está no passado, pois o presente é de total inoperância e comodismo. No entanto, não é isto que nos ensina o apóstolo Paulo, que, reconhecendo o quanto foi feito, pede, com alegria, que isto permaneça até o dia de Jesus Cristo. Voltemos às práticas das primeiras obras, amados irmãos! - Os crentes de Filipos eram retidos no coração do apóstolo pois eles não o abandonaram um instante sequer, tendo sido participantes tanto dos momentos de graça do ministério do apóstolo, como também nas suas prisões e defesa e confirmação do evangelho (Fp.1:7). Os crentes de Filipos seguiram à risca aquilo que o próprio apóstolo ensinou aos romanos, ou seja, de que devemos chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram (Rm.12:15). - A tendência do ser humano é somente estar ao lado daqueles que estão em momentos de graça, daqueles que se encontram “por cima”. No instante da tribulação, da dificuldade, todos se afastam. O cristão, porém, não pode agir assim. Seu amor é incondicional, desinteressado e, portanto, não ama as circunstâncias em que alguém se encontra, mas, sim, esta própria pessoa, independentemente do que está a acontecer. O cristão é um imitador de Cristo (I Co.11:11) e, como tal, deve estar ao lado dos seus amigos todos os dias até a consumação dos séculos (Mt.28:20). Temos agido assim? - O apóstolo Paulo sabia que gozava da companhia, do afeto e da amizade dos crentes de Filipos mesmo quando se encontrava encarcerado e distante deles. A distância física não nos impede de exercer o amor cristão. Paulo sentia saudades dos filipenses, queria estar na sua companhia física (Fp.1:8), mas, nem por isso, deixava de sentir a entranhável afeição de Jesus Cristo por aqueles irmãos, mesmo estando longe deles. - Precisamos demonstrar esta entranhável afeição de Jesus Cristo aos irmãos que estão longe de nós realizando a obra missionária. É fundamental que as igrejas locais mostrem a estes irmãos a sua entranhável afeição, pois isto é um fortalecimento para estes homens e mulheres que têm dedicado suas vidas para o anúncio do evangelho de Cristo Jesus.
- Vivemos hoje dias de intenso desenvolvimento das comunicações e isto serve para que nossos missionários não venham a sofrer tanto como o apóstolo Paulo. Se, naquela época, os crentes de Filipos faziam chegar a Paulo a sua “entranhável afeição de Cristo Jesus”, como podemos negligenciar e não aproveitar as maravilhas da tecnologia para manter os missionários perto de nós, sentindo o nosso afeto por eles? Pensemos nisto! - Em sua alegre oração, o apóstolo pedia que o amor dos crentes de Filipos abundasse mais e mais em ciência e em todo o conhecimento, para que aprovassem as coisas excelentes, para que fossem sinceros e sem escândalo algum até ao dia de Cristo, cheios de fruto de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus (Fp.1:9-11). - Em mais uma prova do amor existente entre Paulo e os filipenses, o apóstolo revela àqueles crentes qual era o seu pedido que continuamente fazia ao Senhor por eles. O apóstolo desejava que o amor deles crescesse em ciência e em todo o conhecimento. O desejo do apóstolo era o crescimento espiritual da igreja e isto somente se daria mediante a ciência e o conhecimento das coisas excelentes. - Vemos, portanto, que o apóstolo não estava preocupado com as riquezas materiais dos filipenses. Seu interesse, ao contrário de muitos em nossos dias, não era arrecadatório, nem tampouco voltado para a posse de bens materiais. Paulo queria, isto sim, que aqueles crentes permanecessem na fé em Cristo Jesus até o dia do arrebatamento da Igreja, que eles entrassem no céu. É este o seu desejo, caro obreiro? - Somente pelo crescimento espiritual, pela busca das coisas excelentes (que nada mais são que as “coisas de cima” que o apóstolo menciona em outra epístola da prisão, a saber, a epístola aos colossenses - Cl.3:1,2), é que o amor do crente crescerá. Nos dias em que vivemos, dias de esfriamento do amor de quase todos (Mt.24:12 ARA), necessitamos urgentemente que os ministros tenham esta mesma visão do apóstolo, não só desejando mas efetivamente fazendo com que os crentes venham a crescer em ciência e em todo o conhecimento, mediante a busca das bênçãos espirituais, a fim de que não venham a desfalecer em seu amor. - Queremos ter uma igreja dedicada na obra de Deus, que sinta “entranhável afeição de Jesus Cristo”? Façamos com que esta igreja busque as “coisas de cima”, ou seja, a santificação, o batismo com o Espírito Santo, os dons espirituais, a meditação nas Escrituras, a oração e a consagração. A busca das coisas excelentes fará com que o amor da igreja abunde mais e mais e se desenvolva, de modo crescente, esta “entranhável afeição de Jesus Cristo”. - O crescimento espiritual da igreja promoverá, ainda, três efeitos colaterais. O primeiro é a sinceridade. Crentes que crescem espiritualmente, que buscam as coisas excelentes, são sinceros, servem a Deus de coração, não tem coração dobre, nem tampouco desenvolvem a hipocrisia. São crentes autênticos, genuínos e verdadeiros. - Além da sinceridade, estes crentes também não promoverão escândalo. Com efeito, quando um crente é sincero, desenvolve uma fé não fingida (II Tm.1:5), não existe dissimulação, não há engano e, portanto, não se tem o ambiente propício para o escândalo, que sempre se dá pela revelação de coisas ocultas. - O terceiro efeito colateral do crescimento espiritual é a frutificação da justiça. O apóstolo Paulo foi claríssimo ao dizer que seu pedido era de que os crentes filipenses fossem “cheios de frutos de justiça”. O crescimento espiritual estreita nossa ligação com a “videira” (Jo.15:1) e este estreitamento faz com que sejamos limpos e demos ainda mais fruto (Jo.15:2). - Esta plenitude da frutificação, porém, faz questão o apóstolo de dizer, é resultado da operação de Cristo em nossas vidas. Os frutos são “por Jesus Cristo”, pois, como disse Nosso Senhor, sem Ele nada podemos fazer (Jo.15:5). E, mais do que isto, não são apenas por Jesus Cristo, mas têm como finalidade, a glória e o louvor de Deus (Fp.1:11).
- Temos aqui um importante fator de julgamento de tudo quanto vemos em nossos dias. Muitos estão a alardear uma “frutificação”, a demonstrar um “poder de Deus” em seus ministérios e movimentos, mas, quando bem analisamos, verificamos que estes “frutos” servem apenas para o enriquecimento e glorificação próprios, para obtenção de poder econômico, político e social. - Tais frutos não são por Jesus Cristo ou, se o foram, não são destinados para glória e louvor de Deus e, por isso, seus “produtores” certamente serão lançados fora, secarão, serão colhidos e lançados no fogo para arder eternamente (Jo.15:6). Que Deus nos guarde, amados irmãos! - Que ao final do trimestre, possamos saber o significado de ter o viver como Cristo e, tendo aprendido o que é isto, possamos ser imitadores de Paulo como ele foi de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém!
Colaboração para o Portal Escola Dominical - Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Lição 1 - Paulo e a igreja em Filipos V
INTRODUÇÃO
Neste terceiro trimestre de 2013 estudaremos sobre Filipenses: a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Abordaremos nesta primeira lição, informações sobre Filipos - importante cidade da Macedônia. Veremos também que foi através de Paulo e Silas que o evangelho adentrou a esta cidade, considerada como o portão de entrada da
Europa. Veremos quais os resultados que estes dois bravos missionários obtiveram ao obedecer a direção divina e, por fim, trataremos da epístola endereçada aos filipenses e alguns ensinamentos nela contidos.
I – INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE DE FILIPOS
1.1 Cidade. Lucas nos mostra à cidade de Filipos como a “...primeira cidade desta parte da Macedônia, e é uma colônia...” (At 16.12), o que nos deixa claro que era cidade de grande importância política. Como colônia romana, Filipos
tinha autonomia do governo provincial e os mesmos direitos que tinham as cidades na Itália, incluindo o uso da lei romana, isenção de alguns impostos e cidadania romana para seus habitantes (At 16.21).
1.2 Nome. Originalmente conhecida como Krenides “As pequenas fontes” devido ao grande número de fontes que havia em seus arredores, Filipos“cidade de Filipe” recebeu o seu nome de Filipe II da Macedônia (o pai de Alexandre Grande) em 360 a.C. Atraído pelas minas de ouro que havia no local, Filipe conquistou a região no século IV a.C. No século II a.C., Filipos tornou-se parte da província da Macedônia.
1.3 Localização. Filipos ficava localizada na parte oriental da Macedônia, em uma planície a leste do monte Pangeus, entre os rios Estrimon e Nestos. Ficava perto do Gangites, um riacho de águas turbulentas, cerca de 16km distante do mar, constituindo o portão de entrada da Europa. Isso posto, apesar de não ser um porto marítimo, visto que ficava relativamente perto do mar. Lemos acerca de Paulo e seus companheiros que “...navegamos de Filipos...” (At 20.6).
II – COMO O EVANGELHO CHEGOU EM FILIPOS
A primeira exposição da cidade de Filipos ao evangelho é registrada em (At 16.6-40), quando Paulo, em sua segunda viagem missionária, com Silas e Timóteo chegaram lá (At 15.40). A princípio a intenção do apóstolo era ir para Ásia, e depois para Bitínia, mas foram impedidos pelo Espírito Santo (At 16.6,7). Estando em Trôade, Lucas conta que Paulo teve uma visão, que lhe deu nova rota para sua tarefa missionária (At 16.9). Após esta visão, o apóstolo concluiu que Deus o chamava para ali pregar o evangelho (At 16.10-12). Assim nasceu a igreja cristã no continente europeu.
2.1 Conversões. Após desembarcar no porto da cidade de Neápolis, Paulo dirigiu-se a Filipos e lá anunciou o evangelho (At 16.12). Como era seu costume, primeiro procurava fazer isso nas sinagogas que ali tivessem (At 13.14; At 17.1,2; At 17.10-12). No entanto, Filipos, evidentemente, tinha uma população muito pequena de judeus. Por não haver homens suficientes para uma sinagoga (era exigido dez homens judeus que fossem chefes de família), algumas mulheres devotas se reuniam fora da cidade num lugar de oração, ao longo do rio Gangites (At 16.3). Paulo pregou o evangelho aquelas
mulheres e a primeira das mais notáveis conversões foi a de uma vendedora de púrpura chamada Lídia, da cidade de Tiatira (At 16.14). Ela e toda a sua casa receberam o apóstolo e creram no evangelho por ele pregado. É provável que no seu início, a igreja de Filipos tenha se reunido em sua casa (At 16.13-15).
2.2 Libertação. Após as primeiras conversões, às oposições satânicas surgiram na pessoa de uma escrava jovem que possuía um espírito maligno que a concedia a capacidade de adivinhar (At 16.16). Mas, Paulo não querendo nem mesmo um testemunho favorável de origem maligna, expulsou o demônio dela e a jovem foi liberta (At 16.17,18). Isso despertou grande ira por parte dos senhores que obtinham lucros com às adivinhações daquela escrava jovem. Eles então arrastaram Paulo e Silas perante os pretores da cidade (At 16.19,20) e inflamaram o orgulho cívico dos filipenses, alegando que eles eram uma ameaça para os seus costumes (At 16.20,21). Como consequência, os dois missionários foram açoitados e presos (At 16.22-24).
2.3 Milagres. Açoitados, colocados no cárcere interior e com os pés presos no tronco, Paulo e Silas à meia noite, começaram a orar e cantar hinos a Deus (At 16.25). De repente, aconteceu uma intervenção divina. Os dois pregadores presenciaram um grande terremoto que abalou os alicerces da prisão, abriu as portas e desfazendo as algemas dos
prisioneiros (At 16.26). O carcereiro que guardava os prisioneiros tentou se matar, mas Paulo se interpôs dizendo-lhe que não fizesse nenhum mal a si mesmo, pois todos os prisioneiros ali estavam (At 16.27,28). Em seguida, lhe pregou o evangelho bem como também a toda a sua casa, e todos creram, e foram batizados (At 16.32-34).
III – INFORMAÇÕES SOBRE A CARTA AOS FILIPENSES
3.1 Autoria. A própria epístola reivindica a autoria paulina (Fp 1.1). Pode-se destacar também algumas evidências internas, que comprovam isso, por exemplo: (1) as referências aos aprisionamentos de Paulo concordam com aquilo que sabemos ser verdade, a cerca dos sofrimentos dele (Fp 1.7);(2) o apóstolo também se refere à sua anterior pregação na Macedônia (Fp 4.15); e (3) Bem como ao fato de que os crentes de Filipos lhe tinham enviado dádivas (Fp 4.10), o que não é um elemento que um forjador tivesse querido incluir, visto que normalmente era costume de Paulo viver independentemente das igrejas, quanto ao aspecto financeiro.
3.2 Data e lugar. A questão da data da escrita da carta aos Filipenses não pode ser separada da questão do local em que ela foi escrita. O ponto de vista tradicional é que esta epístola, juntamente com as outras cartas da prisão (Efésios, Colossenses e Filemom), foi redigida durante a primeira prisão de Paulo em Roma, ou seja, entre os anos 60-63 d.C e enviada por Paulo através de Epafrodito (Fp 2.25). As referências a “guarda pretoriana” (Fp 1.13) e aos “santos... os da casa de César” (Fp 4.22) são fortes evidências internas de que Paulo a tenha escrito de Roma, onde o imperador morava.
As semelhanças entre os detalhes sobre a prisão de Paulo dadas em Atos e nas epístolas da prisão também atestam que ele escreveu quando estava em Roma, por exemplo: (1) Paulo era guardado por soldados (At 28.16; Fp 1.13,14); (2) era-lhe permitido receber visitas (At 28.30; Fp 4.18) e (3)teve a oportunidade de pregar o evangelho (At 28.31; Fp 1.12-14).
IV – ENSINAMENTOS PRÁTICOS DA CARTA AOS FILIPENSES
Filipenses se trata de uma carta bastante prática, que contém pouco material histórico (não há citações do Antigo Testamento), porém, contém uma pequena exposição da autobiografia espiritual do apóstolo Paulo, o autor (Fp 3.4-7).
Vejamos ainda alguns assuntos que são abordados nesta preciosa epístola e que estudaremos neste trimestre:
4.1 Alegria apesar dos sofrimentos. Esse tema surge de maneira mais pronunciada nesta missiva do que em qualquer outro dos escritos paulinos. Isso pode nos soar estranho, considerando as circunstâncias adversas sob as quais esta carta foi escrita, pois como já vimos Paulo se encontrava aprisionado, e pairavam sobre ele tão graves ameaças que por certo já pensava num possível martírio (Fp 2.17). Esta carta ficou conhecida como“Epístola da Alegria” pois o termo “alegria” no grego chara ocorre cinco vezes (Fp 1.4,25; 2.2,29; 4.1) enquanto que o verbo “regozijar-se” chairoaparece nove vezes (1.18; 2.17,18,28;3.1;4.4,10) e “regozijem-se com” synchairo duas vezes (2.17,18). Paulo responde com alegria à proclamação bem sucedida do evangelho (Fp 1.18) e incentiva os cristãos filipenses a também se alegrarem (Fp 4.4).
4.2 Imitar o exemplo da humildade de Cristo. Havia ainda a necessidade de exortar os crentes de Filipos à unidade e a humildade. Isso levou Paulo a compor sua mais profunda declaração concernente à humanidade de Cristo; à sua missão humana; à sua humilhação; ao seu triunfo em sua missão terrena e à sua exaltação aos lugares celestiais, que redundará em sua supremacia sobre tudo que há na criação (Fp 2.5-11). Os leitores dessa carta estavam sendo exortados a seguir o modelo de servo na pessoa de Cristo (Fp 2.1-4), o qual o apóstolo procurava também reproduzir (Fp 3.17).
4.3 Viver em comunhão e unidade. Paulo continuamente encorajara os cristãos de Filipos a terem o mesmo pensamento (Fp 2.2,14; 4.2). Esta atitude reflete o desejo divino pela unidade do seu povo (Sl 133). Logo, os filipenses deviam manter a unidade, cuidando de sua salvação com reverência e temor (Fp 2.12). Como a nação de Israel eles também deveriam refletir o caráter de Deus e anunciar as boas novas da salvação a um mundo ainda afastado do Senhor, no meio do qual eles deveriam resplandecer como luzeiros (Fp 2.14-16).
4.4 Aliberalidade como sacrifício agradável a Deus. O trecho de (Fp 4.10-20) torna esta carta uma “carta de agradecimento”. Os crentes de Filipos, em mais de uma ocasião, em contraste com outras igrejas da época apostólica, haviam enviado alguma oferta a Paulo, a fim de ajudá-lo em suas situações financeiras tão precárias (Fp 4.15). Portanto, aqueles crentes haviam dado o exemplo de como a igreja cristã, em qualquer época, deve interessar-se por suprir ativamente e com alegria às necessidades daqueles que “vivem do evangelho” (II Co 11.8; I Tm 5.18). Paulo considerava a oferta dos crentes filipenses como “cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus” (Fp 4.18), a qual não ficaria sem recompensa (Fp 4.19).
CONCLUSÃO
O evangelho de Cristo pregado por meio de Paulo ultrapassou as fronteiras e chegou a Europa. A cidade de Filipos foi impactada pelo poder do evangelho trazendo conversões, libertação e milagres. Neste lugar, uma igreja fora formada e Paulo lhe tinha em grande estima. Os conselhos paulinos contidos na epístola aos filipenses são preciosos ainda hoje para a Igreja, e o principal deles foi exortar os filipenses a imitar a Cristo como o maior exemplo de humildade.
REFERÊNCIAS
· CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
· ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
· MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo. SBB.
Fonte: http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 02 jul. 2013.
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